Após 80 anos do Holocausto, na Segunda Guerra Mundial, o Antissemitismo parece ainda hoje estar presente, em Portugal e no mundo.
Para assinalar as comemorações do Dia Internacional contra o Fascismo e o Antissemitismo, a Associação Lusa Portugueses por Israel (ALPI) organizou na Universidade Lusófona, em Lisboa, uma sessão de esclarecimento sobre o estado do antissemitismo, da comunidade judaica, e para debater o fim do racismo.
O embaixador de Israel em Portugal, Dor Shapira, enfatizou que o Holocausto não pode cair no esquecimento da população, e que para isso acontecer é necessário que haja uma educação em casa, e na escola: “Uma tragédia pode voltar a acontecer outra vez se continuarmos em silêncio, se nada for feito.”
O esquecimento é o pior inimigo da História
Manuel Curado, Filósofo e professor na Universidade do Minho, refletiu sobre intelectuais portugueses que, em tempos, condenaram a comunidade judaica, como Luís António Verney, ou Mário Saa.
O primeiro, argumentava que “as pessoas que se declarem judeus em Portugal se devem esconder no reino, mesmo que as suas propriedades não se confisquem, dando «tempo ao arrependimento», acreditando ele que essas pessoas voltariam à fé cristã”, explicou o filósofo.
Já no século XIX, Mário Saa, um escritor português, “procurou branquear a Inquisição, vendo nela um sistema útil que tentava controlar a invasão de uma raça diferente.”
Termina a sua intervenção com um desabafo: “Uma das coisas que mais surpreende o estudioso da rica história dos judeus portugueses é a verificação de que há toda uma cultura oficial de costas voltadas para o assunto. Não compreendo que, em tantas centenas de cursos universitários em Portugal, não haja disciplinas que falem disso, a começar pelas disciplinas de história das ciências, em que o contributo dos judeus portugueses foi extraordinário.”
“Há apenas 500 anos, Portugal era dos países com um maior nível de comportamentos antissemitas”
Porém, hoje Portugal é dos países europeus em que esse tipo de racismo é menos evidente, comentou o embaixador. No entanto, há ainda um longo caminho a percorrer, já que uma nova vaga ódio se tem vindo a levantar, sobretudo com a emergência das redes sociais, e dos extremos políticos.
“As redes sociais tornaram-se ferramentas para espalhar ódio e conspirações. E as fake news são hoje a ferramenta de eleição para divulgar o antissemitismo. É da responsabilidade de cada um reportar esses comportamentos”, acrescenta Shapira.
Será também necessário que a legislação mude para não haja qualquer tipo de tolerância com o racismo, e para isso a colaboração do Estado será fundamental, argumenta o embaixador.
Nas palavras de Madalena Barata, Vice-presidente da ALPI:
“A efeméride, Noite dos Cristais, marca o princípio do quase fim do Povo Judaico. Hoje estamos aqui juntos para dizer Nunca Mais. Houve alguém que o fez melhor, e antes de nós, e tem uma Praça com seu nome em Jerusalém, desde ontem: Aristides de Sousa Mendes. Como VP da ALPI peço ao Sr. Deputado Pedro Delgado Alves que ajude a que o Parlamento português inclua na legislação portuguesa, a definição de IHRA de antissemitismo. Este instrumento jurídico diminuiria o sempre disfarçado antissemitismo em anti Sionismo que deslegitima o Estado de Israel, atribuindo sempre superioridade moral à chamada causa palestiniana.”
Por Denise Calado