Temos uma nova equipa à frente do Governo de Portugal. Numa época em que tanto se fala de políticas de Diversidade e Inclusão, foi de bom grado que acolhemos um Governo paritário. É, sem dúvida, uma boa mensagem enviada às organizações e à comunidade no geral – uma liderança que parece criar contextos com novas perspetivas. A verdade é que o seu impacto será posteriormente medido pela forma como a aprendizagem coletiva entendeu se esta paridade se trata de Inserção (pessoa inserida no grupo deve adaptar-se às regras e padrões existentes) ou Inclusão (pessoa incluída tem expressão nas regras e padrões a instituir em conjunto) do género feminino.
Numa liderança dinâmica, aquela que está atenta aos eventos e contextos, e procura uma adaptação rápida a necessidades presentes e futuras, a aprendizagem surge como uma das componentes a não descurar, uma vez que o processo de reflexão coletiva conduzirá a novas estratégias e formas de atuar.
Quando uma equipa e a sua liderança está na zona de aprendizagem, coexistirão, de forma natural, elevada segurança psicológica, motivação e responsabilidade. Cada membro sentir-se-á mais empenhado e compreenderá como a interdependência com outros elementos da equipa fará a diferença perante eventos e situações de incerteza que surjam. Estão em autêntica parceria e essa atitude é espelhada para o sistema.
De uma liderança que pretende criar contextos com novas perspetivas e numa abordagem de coaching, espera-se que:
- Esteja focada nas necessidades e capacidades da equipa, e a sua principal preocupação seja criar visibilidade aos seus resultados (versus mostrar realizações individuais);
- Enquadre o trabalho como uma situação de aprendizagem, e não como um problema de execução;
- A equipa crie oportunidade de melhorar o desempenho, abrindo o espaço conjunto de descoberta, reflexão, e aprendizagem de cada situação em que se envolve;
- Exista feedback regular, transparente e honesto;
- O conflito possa existir como quebra-cabeça para que diferentes perspetivas apareçam, sendo rapidamente resolvido, reduzindo, consequentemente, as disputas relacionais e de gestão do tempo;
- E sobretudo, que a equipa tenha um espaço seguro para explorar a diversidade.
De facto, não basta afirmar-se como uma equipa com diversidade de género. É fundamental que a diversidade se traduza em verdadeira inclusão. Inclusão de perspetivas, inclusão de posicionamentos, inclusão de vozes, interna e externamente, com reflexo num processo de aprendizagem coletiva, para mais que uma mensagem, as mulheres sejam não apenas Inseridas, mas comecem também a ser Incluídas na criação de novos contextos. Aprendizagem, essa, que promoverá definitivamente o alinhamento na equipa e na comunidade devido ao conhecimento partilhado que gera.
No atual Governo português, podemos validar a componente Diversidade. Quanto à componente Inclusão teremos de esperar para ver.