A nove dias das eleições legislativas, os portugueses apresentam uma perceção crítica em relação ao atual Governo. A maioria da população mostra-se descontente e exige ações concretas no futuro, bem como uma forte vontade de participar nas próximas eleições, contrariando as altas taxas de abstenção dos últimos anos.
É o que nos diz o inquérito intitulado ‘Legislativas 2025’, que sublinha uma exigência clara: os portugueses esperam mais do próximo Governo. Saúde, habitação, justiça estão entre as maiores exigências, e a mobilização eleitoral deverá ser elevada, com 85,7% a afirmar que tenciona votar.
O estudo intitulado “Legislativas 2025”, conduzido pelo Portal da Queixa, procurou responder a três grandes questões: como avaliam os últimos anos de governação, o que esperam do próximo Governo e que mudanças urgentes consideram necessárias.
O estudo foi conduzido entre 23 de abril e cinco de maio, contando com 2.276 respostas de cidadãos de todo o território nacional. O estudo teve maior representatividade masculina (62,6%) e uma participação significativa da faixa etária acima dos 45 anos (79,6%). A maioria dos participantes reside nos distritos de Lisboa (31,6%) e Porto (18,5%).
Portugueses acreditam num declínio das instituições
Mais de 60% dos inquiridos (61,5%) não reconhece qualquer evolução positiva nas áreas de atuação do Governo de Luís Montenegro. Apenas 15,5% apontam os apoios sociais às famílias e aos jovens como uma melhoria, seguidos por 15,3% que identificam melhorias nos impostos.
Entre as áreas mais deterioradas, a Saúde lidera com 71,8% das respostas, seguida da Habitação (41,2%) e do Custo de Vida (38,5%). Estes resultados indicam uma perceção generalizada de declínio nos serviços públicos e nas condições de vida.
Vozes não ouvidas e prioridades claras
Uma esmagadora maioria dos inquiridos (78,2%) sente que a sua voz não é ouvida pelos decisores políticos.
Quando questionados sobre as prioridades do próximo Governo, os cidadãos são claros: investir no Serviço Nacional de Saúde (69,8%), controlar os preços da habitação (49,6%) e melhorar a justiça (47,9%).
Reclamações: foco na Habitação substitui Saúde e Transportes
Os dados mostram uma ligeira redução no volume total de reclamações (-1,4%) entre o primeiro ano de governo liderado por Luís Montenegro e o último ano do governo de António Costa. A Habitação destaca-se como o setor mais reclamado no atual Executivo (32,74%), ultrapassando áreas como Saúde e Transportes, que lideravam no Executivo anterior.
«Um ano depois da entrada em funções do atual governo, os dados revelam uma realidade que permanece distante das expectativas dos cidadãos. Embora o número total de reclamações ao setor público tenha diminuído ligeiramente (-1,4%), esta variação não reflete uma melhoria sentida no quotidiano das pessoas», analisa Pedro Lourenço, fundador do Portal da Queixa by Consumers Trust.
«Pelo contrário, a habitação passou a ser o principal motivo de queixa — com mais de 32% das reclamações — refletindo a crescente pressão sobre um direito básico, antes menos predominante face a setores como a saúde e os transportes. Paralelamente, 61,5% dos inquiridos afirmam que nenhuma área registou evolução positiva e 78,2% sentem que continuam a não ser ouvidos pelos decisores. Esta perceção generalizada de desilusão e afastamento evidencia uma governação que, até ao momento, falhou em inverter a tendência de degradação dos serviços essenciais e em traduzir promessas em resultados concretos», acrescenta.
Cidadãos sentem-se ignorados, mas com forte intenção de voto
Afastamento entre cidadãos e decisores políticos é um dos sinais de alerta mais evidentes: 78,2% dizem não sentir que a sua voz seja ouvida.
O sentimento predominante em relação ao futuro do país é de desilusão, partilhado por 56,8% dos inquiridos. Ainda assim, a mobilização eleitoral é elevada, com 85,7% dos inquiridos a afirmar que tenciona votar nas Eleições Legislativas de 2025.
Conselhos ao futuro Primeiro-Ministro: integridade, justiça e coesão
Quando convidados a deixar um conselho ao próximo Primeiro-Ministro, os portugueses revelam preocupações com a corrupção e a integridade governativa, os desafios económicos, a gestão da imigração e a necessidade de uma governação justa.
Entre os testemunhos recolhidos nesta questão, 541 expressam sentimentos negativos, 83 são neutros e 563 positivos.
Imagem destaque: Instagram Partido Social Democrata (PSD)