Vivemos tempos de exceção, de uma “tempestade perfeita”, entre a guerra na Europa, a pressão económica, uma crise sanitária que persiste e a fúria da natureza sempre sábia. Mas também vivemos dias extraordinários, em que a tecnologia se uniu ao Homem, a ciência e a medicina trouxeram esperança e as novas gerações levantam vozes e colocam o dedo nas feridas da discriminação e do estigma.
Neste início de 2023, colocámos o desafio a vários líderes: Que mundo queremos ter? Qual o caminho para um novo renascimento? Que lideranças precisamos? Como nos reerguemos do caos?
Ricardo Parreira, CEO da PHC Software Portugal, responde.
Que mundo queremos ter?
Queremos um mundo onde a produtividade seja uma prioridade. Acredito que esse é o caminho para melhorar a vida das mais de quatro milhões de pessoas em Portugal que vivem com rendimentos próprios abaixo do linear da pobreza – conforme os dados publicados pela Pordata, no final do ano passado. Além disso, queremos um mundo onde as empresas possam crescer e desenvolver-se de forma sustentável, beneficiando todos e contribuindo para a melhoria das condições de vida das pessoas. Isso poderá ser alcançado através de uma boa gestão das empresas e da criação de oportunidades para todos, dos jovens aos mais seniores, para poderem ter salários dignos e uma vida mais próspera em Portugal.
Qual o caminho para um novo renascimento?
O caminho para um novo renascimento passa por melhorarmos a gestão e mudarmos alguns condicionamentos culturais próprios do nosso país. Os valores de produtividade em Portugal são um exemplo do que necessitamos de alterar. Temos valores de produtividade mais baixos do que a média europeia, mas quando os portugueses trabalham fora do seu país são conhecidos por serem altamente produtivos. O que se passa? O problema não está no nosso potencial, mas sim como somos geridos e na atitude que condiciona as nossas escolhas. Precisamos de ter um país com mais ambição e que não se contente apenas com o satisfatório – seja na gestão das empresas ou na de nós mesmos. O país precisa de se focar em sair do impasse atual e isso será apenas possível com uma nova mentalidade, e uma gestão mais eficaz dos nossos recursos.
Que lideranças precisamos?
Precisamos de líderes que queiram ir mais longe. Mas que saibam que não farão o caminho sozinho. Têm de ser líderes ambiciosos e com um grande espírito humano, que estejam sempre a procurar formas de fazer crescer o negócio e de dar a melhor experiência de trabalho às suas equipas. É fundamental que sejam líderes dispostos a investir nas pessoas, oferecendo as melhores condições possíveis para que estas estejam no seu melhor. Além disso, precisamos de líderes com sede de aprendizagem, a procurar novas formas de fazer as coisas, utilizando tecnologias como a inteligência artificial, para automatizar tarefas repetitivas e deixar mais tempo para que as pessoas se concentrarem no que traz maior valor às organizações. É a combinação destes fatores que nos permitirá ter líderes capazes de guiar o país rumo a um novo renascimento.
Como nos reerguemos do caos?
Não estou certo de que estejamos no caos, mas estamos longe de viver tempos de prosperidade. E, para nos reerguermos, precisamos de ter uma visão de que país queremos ter no longo prazo, e que possibilite a criação de condições para que as empresas possam crescer e prosperar. Isso inclui uma gestão mais eficiente, um ambiente de negócios mais favorável e o incentivo ao empreendedorismo e à inovação. Também precisamos de investir na educação e na formação das nossas pessoas, para desenvolverem as suas competências e contribuírem para o crescimento e desenvolvimento do nosso país. É importante que todos trabalhemos juntos, empresários, governo e sociedade, pois só assim conseguiremos encontrar soluções que permitam superar os desafios do presente e alcançar um futuro mais próspero para todos.