Os laureados deste ano foram quem estabeleceu a maneira como os economistas hoje pensam acerca do papel dos bancos, de como torná-los mais resilientes a crises e de como eles desempenham um papel central nas crises financeiras.
Por um lado, Ben Bernanke, que, mostrou como a crise de 1929 nos EUA começou com uma pequena recessão e que por causa do pânico que se instalou, desencadeou uma crise financeira que levou aquilo que hoje conhecemos como a Grande Depressão. Nem a propósito, foi durante o seu mandato como presidente da reserva federal, que os EUA se viram novamente a braços com uma crise financeira que só teve paralelo precisamente com a grande depressão.
John Hassler, membro do comité do prémio para as ciências económicas em memória de Alfred Nobel, referiu que o prémio não é uma avaliação do seu mandato enquanto presidente da reserva federal, mas não deixou de dizer que foi precisamente o seu trabalho sobre as crises financeiras que serviu de base às políticas que levou a cabo. Hoje a leitura consensual que se faz da crise de 2008 é que houve um contributo semelhante ao da crise de 1929 no que diz respeito ao pânico que se instalou no sistema devido à opacidade de instrumentos financeiros que inundavam o sistema à data.
Bernanke marcou uma viragem relativamente à tendência de desregulação do sistema financeiro que se observou até 2008 e que terá contribuído para que, apesar de estarmos a passar por uma das maiores crises económicas da história, o sistema financeiro mostrar uma resiliência ímpar na história.
Douglas Diamond e Philip Dybvig, co-autores, são também laureados por terem produzido um conjunto de trabalhos académicos que são hoje usados como base para o estudo do sistema financeiro. Mostraram como o papel dos bancos e da regulação é fundamental para oferecer a uma solução a uma fragilidade fundamental de qualquer sistema financeiro: a tensão entre quem empresta – depositantes que têm uma preferência por liquidez no curto prazo – e quem pede emprestado – empresas que usam esses fundos para investir e que precisam de prazos mais alargados para recuperar os investimentos e pagar os seus empréstimos.
Regulação essa que visa evitar o pânico que foi observado quer durante a Grande Depressão, quer durante a crise financeira de 2008, e cujo trabalho serviu de base para que hoje tenhamos um sistema financeiro muito mais resiliente.