Não é novidade que a Geração Z tem uma visão distinta sobre carreira e liderança face às gerações anteriores. De facto, quase metade (45%) dos jovens portugueses com formação superior e experiência profissional evitam ativamente as funções de chefia intermédia.
Segundo um estudo da consultora de recrutamento Robert Walters, a Geração Z portuguesa valoriza, acima de tudo, flexibilidade no trabalho, autonomia e um bom work-life balance, mostrando desinteresse por cargos de liderança tradicionais. Este percurso pode estar associado à perceção das desvantagens da chefia intermédia: níveis elevados de stress, responsabilidades desproporcionais e limitações de tempo pessoal.
«Para a Geração Z, a chefia intermédia, muitas vezes, não representa uma ambição de carreira, mas antes uma carga administrativa com pouca recompensa,» afirma David Ferreira, Country Head da Robert Walters.
«Este grupo de profissionais prefere um percurso de carreira mais autónomo, focado no desenvolvimento de competências e no seu crescimento pessoal, ao invés de gerirem equipas e estarem sujeitos às pressões associadas à gestão», acrescenta.
Geração Z rejeita hierarquias profissionais tradicionais
Os dados mostram que, enquanto 30% dos profissionais da Geração Z consideram a possibilidade de assumir cargos de chefia intermédia no futuro, 15% rejeitam completamente essa possibilidade.
Os principais motivos incluem a ausência de autonomia, burocracia excessiva e desequilíbrio entre vida pessoal e trabalho. 55% dos inquiridos consideram os cargos de chefia intermédia demasiado stressantes e sem retorno proporcional e apontam a escassa autonomia e poder de decisão como entraves.
Apesar da rejeição do modelo de liderança tradicional por parte da Geração Z, a pesquisa indica que, para 85% das empresas em Portugal, a chefia intermédia continua a ser vista como um elemento essencial na estrutura organizacional.
No entanto, para que os cargos de gestão sejam atrativos para as novas gerações, é necessário reconfigurar os cargos de chefia para atrair talento jovem, oferecendo mais autonomia, melhores oportunidades de desenvolvimento pessoal e ambientes de trabalho mais colaborativos.
«As empresas precisam de evoluir as suas estruturas de gestão, passando de modelos hierárquicos tradicionais para modelos mais horizontais e colaborativos, que se alinhem com os valores e as expectativas da Geração Z,» explica David Ferreira. «As organizações que conseguirem adaptar-se a estas novas exigências terão vantagens claras na atração e retenção de talento jovem, tornando-se mais ágeis e competitivas.»
O impacto da mentalidade empreendedora dos jovens
A pesquisa também confirma o aumento do espírito empreendedor entre os jovens profissionais. Muitos preferem trabalhar de forma autónoma, projetos próprios e funções criativas, em vez da liderança tradicional. A Geração Z está a redefinir a forma como o trabalho é encarado e como as empresas devem organizar as suas estruturas para atrair este novo perfil.
«A Geração Z procura mais do que uma simples estabilidade profissional; eles querem fazer a diferença, trabalhar de forma mais flexível e com maior propósito,» conclui o Country Head. «Este é um desafio e uma oportunidade para as empresas repensarem a forma como gerem o talento e as suas estruturas hierárquicas».