Os primeiros meses de 2025 foram marcados por uma nova vaga de despedimentos coletivos em Portugal, refletindo o impacto de um contexto macroeconómico instável sobre o tecido empresarial. Os dados mais recentes da Direção Geral do Emprego e das Relações de Trabalho (DGERT) mostram que o número de trabalhadores abrangidos por estes processos aumentou 22% face ao ano anterior, atingindo o valor mais elevado desde 2014.
Neste contexto, a consultora portuguesa ERA Group identifica quatro estratégias que podem ajudar as empresas a reduzir despesas e, ao mesmo tempo, salvaguardar os postos de trabalho dos seus colaboradores.
João Costa, country manager da ERA Group, destaca que «num contexto de crescente volatilidade, marcado pelo regresso de políticas protecionistas e por uma maior instabilidade nos preços e no acesso a matérias-primas, é crucial que as empresas se adaptem a esta nova realidade, garantindo um crescimento sustentado e que todos os seus colaboradores remam em uníssono. Por isso, a par da inovação, devem continuar a investir também na qualificação e na gestão eficaz do capital humano – um ativo determinante para a vitalidade do negócio– de forma a promover um ambiente onde a experiência e conhecimento são valorizados».
1. Otimizar e monitorizar processos
Otimizar processos é essencial para reduzir custos e reforçar a competitividade. Ao identificar e corrigir falhas internas, as empresas tornam-se mais ágeis e eficientes, adaptando-se com maior facilidade aos desafios do mercado.
Além disso, promover uma cultura interna de melhoria contínua estimula a inovação e a resiliência empresarial. Ao envolver toda a equipa neste processo, reforça-se o compromisso com a mudança, criando condições para um crescimento sólido e equilibrado em toda a organização. Antecipar diferentes cenários não só contribui para um negócio fortalecido e mais eficaz no imediato, como também estabelece bases sólidas para um crescimento sustentado a longo prazo.
2. Investir na cultura e numa aprendizagem contínua
Num contexto de escassez de mão-de-obra qualificada e fuga de talento, promover uma cultura de aprendizagem contínua deixou de ser apenas desejável para se tornar essencial. Por outro lado, a crescente valorização do equilíbrio entre a vida pessoal e profissional passou a exigir das empresas uma atitude mais proativa. Por este motivo, apostar no bem-estar físico e psicológico das equipas é um passo crucial — seja através de programas de formação contínua, oportunidades de crescimento, modelos de trabalho flexível ou dinâmicas regulares de feedback.
Líderes que investem nos seus colaboradores também colhem benefícios desta aposta, pois permite reforçar competências e talentos, incorporar tendências emergentes e assegurar uma maior capacidade de inovação e transição digital. Além disso, ao fortalecerem o compromisso com o desenvolvimento interno, constroem equipas mais motivadas, produtivas e satisfeitas, fortalecendo simultaneamente a sustentabilidade e a competitividade do negócio.
3. Apostar na transformação digital
Para que a transformação digital se efetue, é necessário não apenas investimento financeiro, mas também uma cultura organizacional orientada para a colaboração, inovação e aprendizagem contínua e, acima de tudo, a adoção de tecnologias emergentes, tais como a Inteligência Artificial (IA), blockchain, e Internet of Things (IoT).
As organizações que se preparam desde cedo para essa transformação beneficiam de uma maior otimização de processos, de experiências de consumo mais personalizadas e individualizadas e reforçam a sua agilidade num mercado em constante mudança. Esta transição deve abranger todo o modelo de negócio, incluindo a área financeira, garantindo ganhos de eficiência, melhor capacidade de resposta e uma posição competitiva mais sólida.
4. Diversificar a oferta para aumentar receitas
As empresas que dependem exclusivamente de um único serviço ou produto estão particularmente expostas a períodos de instabilidade prolongados diante de disrupções no mercado. Por isso, identificar atividades complementares à oferta principal pode ser uma forma eficaz de gerar novas fontes de receita sem aumentar substancialmente a estrutura de custos.
Esta abordagem permite uma melhor resposta às necessidades de um mercado em constante evolução, reforçando a proposta de valor do negócio e reduzindo a dependência de um único fluxo de rendimento. Ao aproveitar os recursos e competências já disponíveis, os líderes conseguem expandir os seus negócios para novas soluções com um investimento controlado. A diversificação torna as organizações mais resilientes face à volatilidade do mercado e contribui para um crescimento mais robusto e sustentável.