No cenário corporativo global, o Glass Ceiling é uma realidade persistente que continua a afetar desproporcionalmente as mulheres em busca de posições de liderança. Em mais uma edição da Gil Talks, a discussão envolveu Ana Galvão da Radio Renascença, Ana Pinheiro, Partner na Deloitte, Inês Veloso, Global Head Content & SEO na Randstad, e Sara Samssudin, Country Lead Manager da Igualdade, Diversidade e Inclusão da IKEA. A Gil Talks decorreu na Casa do Jardim, um espaço para eventos corporativos e particulares, com o objetivo de gerar mais receitas para garantir a sustentabilidade financeira dos projetos desenvolvidos pela Fundação do Gil.
A Realidade Persistente do Glass Ceiling
Ana Pinheiro trouxe à tona a realidade persistente do Glass Ceiling. Enfatizou que, embora haja uma conscientização crescente sobre a importância da igualdade de género, as estatísticas ainda revelam desigualdades significativas em cargos de liderança em empresas de todo o mundo. Na Deloitte, Ana Pinheiro mencionou que estão a ser implementados programas específicos para apoiar e inspirar as mulheres nas suas carreiras. O Human Advisory Group da empresa oferece um fórum aberto para discutir questões relacionadas às mulheres e tentar superar a falta de representatividade feminina. Além disso, a Deloitte possui programas próprios para promover a igualdade de género, incluindo o recente programa de mentorship no qual os membros do Conselho de Administração e da Comissão Executiva atuam como mentores, independentemente do género, ajudando as mulheres na sua evolução profissional.
Ana Pinheiro também destacou a importância de reconhecer que as mulheres não são todas iguais, e programas como estes são essenciais para apoiar e incentivar mulheres com diversas características e ambições. Ressaltou que a igualdade de género é uma preocupação real, especialmente quando apenas cerca de 13% das posições de liderança são ocupadas por mulheres. O caminho em direção à igualdade de género é um foco central para a Deloitte, tanto em Portugal quanto globalmente. No fim, relembrou a importância de permanecer autêntico ao buscar posições de liderança, argumentando que as mulheres não devem mudar quem são para se encaixar nas expectativas sociais ou para alcançar posições de destaque. Partilhou a sua crença de que é essencial ser fiel a si mesmo e manter a sua autenticidade, mesmo ao aspirar a cargos de liderança.
Além da Diversidade de Género
Sara Samssudin trouxe uma perspetiva mais ampla para o debate sobre igualdade no local de trabalho. Enquanto a igualdade de género é importante, Sara argumentou que a diversidade vai além do género. Ela enfatizou que a diversidade geracional, cultural, étnica e outras formas de diversidade também são cruciais. A IKEA, como empresa, abraça a diversidade, equidade e inclusão como valores fundamentais. A diversidade não se limita apenas à representação de género, mas também se estende ao respeito pelas diferentes origens, experiências e perspetivas. Sara enfatizou que o objetivo é criar um ambiente de trabalho que seja verdadeiramente inclusivo e que permita que todos os funcionários prosperem, independentemente de sua identidade de género, idade ou origem cultural.
O Impacto do trabalho híbrido
Inês Veloso abordou a influência do trabalho híbrido no mundo corporativo, um tópico que se tornou mais relevante devido à pandemia. Foi comparado o período de transição causado pela pandemia a um momento de grande mudança, referindo-se ao antes e depois do “Covid”. O trabalho híbrido é uma mudança radical que não voltará ao que era antes. A pandemia transformou a maneira como as empresas encaram o trabalho, desafiando a necessidade de reestruturar lideranças, comunicação, produtividade e eficiência. Também enfatizou que o trabalho híbrido não é uma solução simples, pois exige políticas de igualdade mais complexas. Garantir que todos os funcionários tenham acesso à mesma informação e experiência é uma tarefa desafiadora, especialmente considerando as diferentes situações em que as pessoas se encontram, incluindo em diferentes países e circunstâncias pessoais. Além disso, também mencionou o impacto da inteligência artificial no recrutamento. Ela citou um caso em que um algoritmo favoreceu homens brancos, destacando a importância de abordar com cautela a implementação de tecnologia no processo de seleção.