Elizabeth Truss é do Partido Conservador, tem 47 anos, é membro do parlamento há 12 anos, ministra do governo há 8, servindo 3 primeiros-ministros. De momento é secretária de negócios estrangeiros, o que significa que é também a pessoa mais importante no que toca a relações com a União Europeia pós-Brexit.
Um segredo de Lizz Truss? Já foi uma liberal democrata. Na sua juventude, enquanto representante da oposição de centro-esquerda, afirmou que abolir a monarquia não seria uma má ideia.
Com base no perfil partilhado pelo POLITICO, aqui fica um resumo da vida da futura primeira-ministra do Reino Unido.
Vida pessoal
Truss é casada com Hugh O’Leary, um contabilista, com quem tem duas filhas. A futura líder do Reino Unido nasceu em Oxford, e cresceu na Escócia e em Leeds, no norte de Inglaterra. Ainda foi para o Canadá antes de entrar na Universidade de Oxford, onde tirou um curso superior em Filosofia, Política e Economia (PPE).
Carreira política
Coescreveu o livro “Britannia Unchained” em 2012, com parlamentares conservadores recém-eleitos, cujo objetivo era alertar para a baixa produtividade na Grã-Bretanha. Classificou os trabalhadores do Reino Unidos como “entre os piores inativos do mundo”, e criticou a juventude por estar “mais interessada em futebol e música pop”.
Lizz Truss tem provado ser bastante pragmática ao longo da sua carreira, ficando encarregue de gerir vários departamentos governamentais considerados difíceis. Saiu impute do golpe conservador que atingiu Boris Johnson recentemente, recusando-se a criticá-lo abertamente, mas conseguindo evitar ser vista como parte do seu círculo.
As políticas que defende
Truss venceu confortavelmente o debate com Rishi Sunak, ex-chanceler do Tesouro britânico e candidato ao cargo de primeiro-ministro, com a promessa de reduzir os impostos “desde o primeiro dia”, descartar leis ultrapassadas da União Europeia que ainda estão no Livro Britânico de Estatutos, e enfrentar a cultura “woke” no serviço público do Reino Unido.
Um deputado parlamentar, apoiante de Truss, partilhou que a Grã-Bretanha “pode estar a encaminhar-se para um choque cultural do estilo da década de 80” com a nova primeira-ministra. Lizz Truss insistiu que não vai ser um clone de Margaret Thatcher.
Tempos difíceis
A nova primeira-ministra assume o comando num momento atribulado para o Reino Unido, que luta contra o aumento dos preços da energia e que se encontra à beira de uma recessão. O país está ainda a ser dominado por uma onda de greves, afetando todos os serviços.
Na frente política, Truss tem a tarefa de mudar a sorte do partido Conservador que está no poder há 12 anos, mas que tem estado a perder popularidade rapidamente com os escândalos de Boris Johnson.
Parabéns a @trussliz pela sua vitória decisiva. Eu sei que ela tem o plano certo para enfrentar a crise do custo de vida, unir o nosso partido e continuar o grande trabalho de unir e nivelar o nosso país. Agora é a hora de todos os conservadores apoiarem-na a 100%.
Boris Johnson, Ex-primeiro-ministro do Reino Unido no Twitter
O círculo de Lizz Truss
Um novo primeiro-ministro, por norma, traz consigo uma nova equipa de alto nível. Há figuras-chave que estão previstas ficar com cargos governamentais para ajudar com o novo governo, nomeadamente o seu colega, escritor do “Britannia Unchained”, Kwasi Kwarteng, que parece ser o principal candidato a ministro das finanças do próximo governo.
A sua amiga, e colega, Therese Coffey, que detém a pasta do trabalho e pensões, foi apontada para um cargo sénior.
Rees-Mogg, um apoiante ávido do Brexit, é de momento o favorito para se tornar o secretário de negócios e energia.
O rival derrotado Rishi Sunak pode, ou não, receber uma oferta de emprego no governo – mas é pouco provável que quem apelidou de “imoral” o plano económico de Lizz Truss aproveite a oferta, mesmo que lhe seja feita.
Brexit? Sim ou não?
Talvez a alteração mais marcante, que se possa descrever como a jornada pragmática de Truss até ao topo, tenha sido a sua mudança de opinião quanto ao assunto do Brexit: passou de apoiar a permanência do Reino Unido na EU, para defensora do Brexit.
Antes do fatídico referendo da UE no Reino Unido em 2016, Truss, na altura secretária do meio ambiente, defendeu que o país devia permanecer na União, alertando que estar sozinho seria um “passo muito retrógrado” no que toca à proteção ambiental e poderia inaugurar uma “década desperdiçada” para a economia britânica.
Em 2017, Truss mudou de opinião, afirmando que “os grandes problemas económicos” que receava que o Reino Unido iria enfrentar, depois de sair da EU, “não chegaram a acontecer”. É uma posição que defende desde então.
A arte dos acordos
Truss ficou conhecida ao assinar uma série de acordos comerciais pós-Brexit.
Como secretária de comércio internacional, a futura primeira-ministra subiu nas classificações de favorabilidade com os conservadores e conseguiu uma série de acordos comerciais com o objetivo de manter os vínculos pós-Brexit com os principais parceiros comerciais.
Mas a sua abordagem não foi isenta de controvérsia: os deputados parlamentares acusaram-na de estar muito focada na sua própria imagem, com alguns a rotular o seu Departamento de Comércio Internacional de “Departamento para o Instragram da Truss”, com base na sua popularidade nas redes sociais.
O escrutínio sobre os acordos que realmente negociou, como secretária de comércio, só aumentou desde que deixou o cargo, com grupos agrícolas a acusarem-na de ignorar os avisos sobre o custo de abrir as portas para as importações baratas da Austrália e da Nova Zelândia.