Contágio emocional e empatia é algo que hoje faz parte da pesquisa científica, estando em voga nos estudos do comportamento humano. As emoções espalham-se através de uma rede sem fios, a que se ligam pequenas partes do cérebro e que nos levam a experimentar empatia e entender o que o outro está a sentir. Numa simples demonstração do fenómeno, quando alguém boceja ou sorri, certos neurónios no nosso cérebro são ativados e fazem-nos imitar o gesto. Mas o que se tem vindo a revelar, é que o mesmo acontece quando alguém “emite” emoções negativas.
Num mundo profissional altamente conectado, em que se está “hiper exposto” a outras pessoas, as emoções negativas e o stress circulam em banda larga – um condutor na fila a buzinar e reclamar, as notícias e comentários negativos nas redes sociais, a exposição a uma linguagem corporal tensa no ambiente de trabalho.
Observar alguém que está stressado – um colega de trabalho, um cônjuge ou outro membro da família – pode ter um efeito imediato sobre o sistema nervoso. Estudos demonstram que pelo simples facto de ver alguém tenso ou preocupado, os níveis de cortisol aumentam em cerca de 26% das pessoas. Caso seja um cônjuge/ companheiro, a taxa de contágio é 40% mais elevada, quando em comparação com um estranho. Mas também saiba que basta ver pelo ecrã um momento de tensão, para que 24% das pessoas mostrem uma resposta ao stress – não lhe vai, por isso, parecer estranho que sinta dificuldade em adormecer depois de ver um episódio mais emocionante da sua série preferida.
Mais pesquisas revelam que na verdade não é preciso ver ou ouvir alguém para se sentir afetado pelo seu stress – ele também se cheira! As famosas feromonas, substâncias químicas que ao serem disseminadas para fora do corpo, promovem determinadas reações nos outros, têm aqui um papel principal. O nosso cérebro é capaz de as detetar caso tenham sido “emitidas” por alguém próximo de nós, e apenas pelo sentido do olfato. Assim, a negatividade e o stress podem literalmente invadir o seu espaço, qual difusor de substâncias tóxicas ao seu bem-estar.
Parece quase evidente que ao vivermos num ambiente onde circulam energias negativas, exista um impacto nos negócios, nos percursos académicos e até, mais recentemente, mostrou-se o impacto a nível celular, contribuindo para que se vivam menos anos. O stress é contagioso e hoje fala-se do “stress em segunda mão” (second-hand stress) que se “herda” e se vai replicando.
Sabendo de antemão que é impossível controlar todas as variáveis e fatores externos aos quais estamos expostos, o ideal é reforçar o nosso sistema imunitário emocional. Num artigo publicado pela Harvard Business Review, deixam-se quatro pistas:
- Mude o seu mindset
Uma mente onde os pensamentos positivos são mais prevalentes, terá à partida mais defesas. Se começarmos por ter uma atitude mais positiva acerca do stress, evitando estar a combatê-lo, tal irá resultar numa queda de 23% dos seus efeitos negativos. Sentimentos como a ansiedade ou preocupação ajudam a uma maior resistência mental e consciência, a ter novas perspetivas e uma maior valorização pela vida. Quando vemos o stress como uma ameaça, os seus efeitos “intensificadores” desvanecem. Em vez de se irritar com o emissor das emoções negativas, aproveite isso como uma oportunidade para sentir empatia por essa pessoa ou ajudá-la a tornar-se mais positiva.
- Crie anticorpos positivos
Perante uma pessoa em stress, encontre estratégias para neutralizar os seus efeitos negativos. Neste caso evite a máxima “comportamento gera comportamento” – ou seja, em vez de retribuir com má cara, à má cara da outra pessoa, responda com um sorriso ou um aceno de compreensão. Deixa-se uma outra dica: ao atender o telefone, não comece logo por dizer que está muito ocupado ou cheio de trabalho, em vez disso respire fundo e fale calmamente, dizendo que é um prazer estar ao telefone com aquela pessoa.
- Fortaleça a imunidade natural
Ter uma boa autoestima é um dos maiores “amortecedores” ao stress alheio. Quanto mais elevada for a sua autoestima, mais se sentirá capaz de conseguir lidar com qualquer situação que enfrente. O exercício físico é uma das melhores formas de fortalecer a autoestima, pois através da produção de endorfinas, as “hormonas da felicidade”, o cérebro vai registando momentos positivos, como a sensação de vitória, e com isso aumentar o bem-estar.
- Inocule-se
Antes de ir para o trabalho ou ambientes onde os níveis de stress são mais elevados, previna-se e tome as devidas precauções. Ainda não existe uma vacina anti-stress, mas há comportamentos que o podem ajudar a estar à altura dos acontecimentos mais tensos e preocupantes. A primeira coisa que deve fazer antes de começar o seu dia é pensar em três coisas pelas quais está grato. Experimente adotar os cinco hábitos da psicologia positiva que ajudam o cérebro a proteger-se contra as mentes negativas: 1) escrever um e-mail de 2 minutos a elogiar uma pessoa conhecida; 2) escrever três coisas pelas quais é grato; 3) registar num diário uma experiência positiva; 4) fazer exercício cardiovascular durante 30 minutos; ou 5) meditar durante apenas dois minutos.