Reborn from Chaos: The Path for a New Renaissance é o grande tema da revista Líder n.º 23. A edição já está disponível nas bancas (incluindo livrarias, Fnac e Bertrand) e em formato digital.
Muitos foram os caminhos e hipóteses que explorámos até encontrar a capa desta edição da Líder. Podemos dizer que abrimos muitas caixas e enfrentámos momentos de caos. Mas a de Pandora revelou-se a mais certa. A capa, com assinatura da FCB Lisboa, retrata o mito da Caixa de Pandora, uma narrativa que, acredite, relaciona-se muito com a complexidade do papel de liderança e as características necessárias para enfrentar desafios.
Na entrevista de abertura, estamos frente a frente, via Zoom, com Caroline Farberger. Cinco anos depois do seu coming out e temos o privilégio de conhecer uma mulher trans feliz, desassombrada, que tomou uma decisão difícil, sem nunca perder a bravura. É a primeira CEO, pelo menos da Europa, a assumir publicamente a transição de género; ninguém o tinha feito antes a um nível executivo. Esta é uma das histórias mais transformadoras, verdadeiramente inspiradora e reveladora da importância de se ser genuíno. Afinal, estamos apenas a falar de coragem, empatia e amor, elementos basilares a uma boa liderança.
Nos Líderes em Destaque, João Vieira de Almeida (Senior Partner/ Chairman da VdA) e Marta Rebelo (Consultora na a.normal) deixam o seu testemunho sobre o tema da saúde mental.
No tema de capa decidimos iniciar uma expedição no sentido de desvendar os caminhos fundamentais para reerguer o Mundo. Apercebemo-nos de que seria uma viagem possivelmente sinuosa e que, tal como na Ilíada de Homero, teríamos de convocar a rota e as pessoas certas e zarpar sem demoras. Não tivemos descidas do Olimpo, a morada eterna dos Deuses, nem fizemos uso de Oráculos, nem de ilustres adivinhos, como o Calcas, mas adentrámo-nos em questões incómodas e fomos ao outro lado do Mundo para obtermos a melhor versão deste (novo) Mundo. Nesta edição concentrámo-nos em explorar três áreas. O ângulo Humanista: As grandes questões da Vida e o Humor; Política e Geopolítica: Relações Internacionais e Macroeconomia; e Ciência, Tecnologia e Digital. Ponto por ponto, analisado por estudiosos nacionais e internacionais.
No primeiro ponto do tema de capa vamos poder compreender melhor as grandes questões da vida e também o que pode o humor fazer no sentido de termos melhor líderes. Entrevistámos Sabine Hossenfelder, hoje um fenómeno de Youtube, que tem dedicado a vida aos fundamentos da Física, em especial à sobreposição entre a Física e a Filosofia. Uma conversa à volta das grandes questões da vida. «É o momento mais incrível para a computação quântica, a descoberta de exoplanetas e a astronomia de ondas gravitacionais. É uma época miserável para ser um físico de partículas», explica à Líder. Neste mesmo ângulo abarcámos e embarcámos pelo Humor, como algo salvífico da Humanidade. Se formos um pouco atrás, Umberto Eco mostrou-nos em O Nome da Rosa como o humor e o riso eram excomungados no sistema fechado da teologia medieval. Por seu lado, o Iluminismo veio garantir que o humor é uma legítima necessidade humana e uma força, um exercício daquilo que Northrop Frye, crítico literário, chamou “mito de liberdade”. E mais, defende-se que existe um humor ténue nos deuses nas obras clássicas. Não fosse também a Comédia de Dante Divina. Recentemente, faz sentido salientar as palavras de Charles Chaplin: “Creio no riso e nas lágrimas como antídotos contra o ódio e o terror.” Já o filósofo francês Gilles Lipovetsky destaca-se como um crítico da sociedade hipermoderna, termo este que ele mesmo cunhou para se referir à sociedade contemporânea, e é também um autor que nos ajuda a compreender o quanto o humor está impregnado em diversas áreas da sociedade. Neste capítulo, Emilia Bunea, CEO e cofundadora da Ed.movie, vem defender a centralidade do humor no exercício da liderança.
No segundo ângulo, Chris Miller vem abrir o capítulo “Política e Geopolítica: Relações Internacionais e Macroeconomia”. Em entrevista, o Professor de História Internacional na Tufts University’s Fletcher School e autor de A Guerra dos Chips (Dom Quixote), desvenda como estamos a passar da Era Atómica para a Era do Silício. «A Guerra dos Chips está apenas na sua fase inicial», partilha, e a razão é simples: o Mundo não consegue funcionar sem estes chips. Bruno Ferreira Costa, Politólogo e Docente na Universidade da Beira Interior, no texto “Do Caos e da Esperança: A Incerteza dos Tempos Modernos” escreve sobre quatro grandes desafios associados ao projeto europeu e os impactos na política nacional. E responde a uma questão central na construção do futuro: Que Europa pretendemos edificar? Em “A Mitologia em Socorro da Europa”, Miguel Morgado, Professor do Instituto de Estudos Políticos da Universidade Católica, faz uso da mitologia grega e de como esta proporciona pelo menos três alternativas de abordagem às crises. “Chamemos-lhes a abordagem de Proteu, a abordagem de Orfeu e a abordagem de Hércules. Foram três figuras cuja caracterização mitológica consiste sobretudo em lidar com as forças da desordem”. “Do Caos para a Penumbra”, de Luís Campos e Cunha, Professor da Nova SBE, é um texto que toca na ferida e pretende despertar o leitor de uma possível morrinha. Em “Os Efeitos no Emprego e na Produtividade de Choques Transitórios da Procura”, Martim Leitão, aluno de Doutoramento em Economia na University of Maryland, College Park, EUA, escreve sobre como as crises se propagam numa economia. Esta linha de investigação pode ainda contribuir para um melhor desenho de políticas públicas e é uma compilação da sua Tese, de 2022, distinguida como a melhor no nosso País no âmbito da Economia Portuguesa, atribuída pelo Banco de Portugal. E José Félix Ribeiro, Consultor da Fundação Calouste Gulbenkian e doutorado em Relações Internacionais, com numerosos estudos e artigos sobre Economia Internacional e Geopolítica, serve-se do “Tabuleiro Mundial” para trazer ao de cima o que entende que serão as Rivalidades e Cooperações no Horizonte 2050.
No último ângulo sobre “Ciência, Tecnologia e Digital”, sentimos o coração cada vez mais agitado de curiosidade. É nestas áreas que o conhecimento evolui de forma exponencial, pode mesmo dizer-se que o que é neste momento verdade amanhã pode ser obsoleto. «Temos um conhecimento muito mais profundo e um controlo muito maior sobre o nosso habitat, o controlo cada vez mais completo de que dispomos sobre as forças da Natureza traz consigo também riscos significativos. Entre a nossa maior capacidade para controlar os riscos existenciais e o risco que nós mesmos criamos ao dominar forças cada vez mais poderosas existem muitas e importantes questões», lembra Arlindo Oliveira. O Professor do IST e presidente do Instituto de Engenharia de Sistemas e Computadores (INESC) deixa-nos várias reflexões sobre “O Futuro da Humanidade”, integradas no livro Ciência, Tecnologia e Sociedade (Guerra & Paz). “As Máquinas Podem ser Conscientes?”. Ficamos a saber neste artigo que Sebastian Sunday Grève (Chinese Institute of Foreign Philosophy and Peking University) e Yu Xiaoyue (Universidade de Pequim) encontraram uma forma inesperada de responder “sim”. Estes filósofos sedeados em Pequim estão a trabalhar nas bases cognitivas das relações entre humanos e máquinas, em estreita colaboração com colegas de outras disciplinas. No artigo “A Ciência pode resgatar o Humanismo?”, a neurocientista Luísa V. Lopes dá-nos a resposta completa e deixa-nos com muito para refletir. A Filosofia e a Tecnologia, acreditem ou não, dançam uma valsa complexa e interligada. “Explorando os Limites do Conhecimento”, um ensaio de Hélder Vieira Costa, CEO da Contactus, examina a relação entre Wittgenstein e a Inteligência Artificial. Não há como negar o otimismo latente do tema de capa, ainda assim a intenção foi trazer uma visão abrangente da Humanidade. Vivemos numa Era em que temos muitas opções à nossa frente, dominada pela curiosidade, a sabedoria, onde cresce o perigo, mas onde permanece também o que nos salva; esperemos que o lado do Bem vença sempre. E tal como na Ilíada, temos também águas misteriosas, mares pouco navegados e terras ainda por desbravar. O futuro, esse trará algumas tormentas e náufragos, mas sabemos que virá carregado de muita beleza e da incessante procura de sentido. O ideal é prepararmo-nos, estarmos atentos ao outro e informados para velejar da melhor forma neste Mundo inquieto e com tanto por descobrir. E tal como num texto épico, a vida tem tanto de complexo como prazeroso.
Lançámos o repto: “Afinal, que Mundo queremos nós?”. Uma ideia para um Mundo ideal mais humano. Neste exercício de pensamento, reunimos alguns agentes da mudança, vozes da sociedade nas suas diferentes áreas para nos darem uma ideia para refazermos o Mundo. A saber: Ana Aresta (Presidente cessante da Direção da Associação ILGA Portugal); Ana Sofia Fernandes (Presidente da Plataforma Portuguesa para os Direitos das Mulheres); António Pedro Vasconcelos (Realizador); Manuel S. Fonseca (Editor Guerra & Paz); Marco Paiva (Diretor artístico da Terra Amarela, ator e encenador); Maria Vlachou (Diretora Executiva da Acesso Cultura); Miguel Real (Escritor e Professor); Monica Rey (Produtora Executiva da Lisboa Criola); Onésimo Teotónio Almeida (Professor e Ensaísta na Brown University (EUA)); Ricardo Costa (CEO do Grupo Bernardo da Costa); Sara Barradas (People & Happiness Director do Grupo Capricciosa); Selma Uamusse (Música e Artivista); Sofia Simões de Almeida (Senior Manager na Talabat (grupo Delivery Hero), Dubai); Susana Coerver (Head of Marketing da Kindology); e Chat GPT 3.5. Ideias, todas elas, muito entusiasmantes.
A fechar a edição da Líder três dossiers especiais. O primeiro, Leading Tech sobre O desafio de Regulamentar a utilização da Inteligência Artificial”. No Leading Politics falamos sobre a origem do termo woke e os novos ativismos. E Leading People faz o retrato dos seguintes temas: “O Compromisso Social das Organizações”; “Diversidade e Inclusão”; Retiros e Formações Inspiracionais”; e “Coaching”.
Líder é a revista da Tema Central. É uma publicação, com quatro edições por ano, de ensaio, crítica, investigação e reflexão, que aborda todas as áreas da liderança.
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