O maior estudo realizado a nível mundial sobre as preferências de recrutamento dos candidatos, mostra que em Portugal o salário continua a ser o principal motivo para a mudança de emprego.
“What Job Seekers Wish Employers Knew” é o nome da análise elaborada pela consultora BCG e The Network, uma aliança global de websites de recrutamento representada em Portugal pelo Alerta Emprego, que considerou mais de 90 mil pessoas de 160 países.
Dos candidatos a nível nacional, que não estão ativamente à procura de emprego, cerca de 75% mudaria de trabalho por melhor salário e benefícios, 36% pelo equilíbrio entre vida pessoal e profissional e mais de 31% pelas oportunidades de progressão na carreira.
Perfil do candidato português
A maioria dos candidatos em Portugal e a nível global está consciente da sua atratividade para os empregadores, já que 66% e 74% dos profissionais, respetivamente, são abordados várias vezes por ano sobre novas oportunidades de emprego, e 33% e 39%, respetivamente, são abordados todos os meses.
Além disso, 52% dos candidatos portugueses sente-se numa posição de negociação forte quando procura um emprego, um número elevado, mas que mostra menos confiança do que a média global (68%). A nível global, apenas 14% sente que os empregadores detêm as rédeas das negociações das ofertas de emprego, um valor abaixo do sentido em Portugal (23%).
Em Portugal, mais de metade dos inquiridos (64%) recusaria uma oferta de emprego atrativa se tivesse uma forte experiência negativa durante o processo de recrutamento – acima dos 52% da média global –, através de, por exemplo, perguntas discriminatórias, ou má “química” com entrevistadores.
Para os portugueses, a transparência e a clareza no processo de recrutamento são fundamentais: 41% quer ver desde logo o salário (ou banda salarial) no anúncio de emprego, assim como uma descrição clara das tarefas e uma informação transparente do processo
A maioria (70%) dos portugueses releva que a honestidade e a descrição justa e moderada, sem exageros, da própria empresa é uma forma de a empresa se destacar positivamente.
O que os candidatos querem
Cerca de 47% dos trabalhadores portugueses que participaram no estudo afirma estar ativamente à procura de emprego noutra empresa, em especial pela insatisfação com o seu salário e benefícios atuais (28%), pela falta de oportunidades de progressão (24%) e pelo desafio de uma nova posição ou de maior senioridade (22%).
Ao desenharem a sua vida profissional ideal e a longo prazo, os trabalhadores portugueses e mundiais estão alinhados: 70% e 69%, respetivamente, deseja acima de tudo um emprego estável com um bom equilíbrio entre trabalho e vida pessoal. Segue-se o progresso na carreira numa boa empresa (40% e 41%, respetivamente).
Em terceiro lugar, os portugueses optam por valorizar as oportunidades em diferentes áreas ao longo da carreira (29%), através do reskilling, enquanto a média global aponta para uma preferência por trabalhar em produtos, tópicos e tecnologias entusiasmantes (27%).
O trabalho híbrido ainda é popular em Portugal e a nível global, com mais de 50% dos inquiridos a favorecer este modelo. Este resultado representa um declínio em relação ao questionário BCG do outono de 2020, no qual 65% dos inquiridos afirmou querer um modelo híbrido que incluísse dois a quatro dias de trabalho remoto por semana.
O que os empregadores podem fazer
Na experiência dos autores, os empregadores podem tomar uma série de medidas eficazes para maximizar a sua atratividade. O estudo aponta para seis ações-chave a considerar aquando do recrutamento:
- Segmentar a sua abordagem para apelar a diferentes pessoas-alvo
- Reimaginar o recrutamento como uma viagem individual
- Ultrapassar os seus vieses para aumentar a sua pool de talento
- Recorrer às ferramentas digitais de forma impactante, mas seletiva
- Garantir as bases de cultura organizativa certas
- (Re)recrutar o talento interno.
Escolher um emprego é uma das decisões pessoais mais importantes que se pode tomar, com pesadas implicações na vida das pessoas. Por conseguinte, os empregadores não podem encarar o recrutamento como apenas mais um processo empresarial. Este processo deve ser uma experiência positiva e inspiradora, e estabelecer uma ligação humana genuína com o candidato
Carmen Marquez Castro, gerente de negócios e operações internacionais da The Network e coautora do estudo.