Face às rápidas mudanças que o mundo está a atravessar, a procura de serviços via satélite enfrenta a perspetiva de um crescimento em alta e há empresas a beneficiar dessa tendência.
O poder das imagens da Terra por satélite, dão às empresas privadas e agências governamentais uma ferramenta poderosa que pode tornar o progresso humano mais sustentável e seguro através da mitigação de riscos e da colaboração com a tecnologia Internet das Coisas (IoT), sistemas de deteção remota, computação em nuvem, robótica e o papel crescente da inteligência artificial (IA).
Segundo um novo relatório elaborado por analistas da corretora XTB, são três os setores chave onde esta tecnologia pode ser uma das soluções para as emergentes crises globais.
Alterações climáticas
A última década tem sido a mais quente da Terra em mais de 125.000 anos e a humanidade está a lutar com as ameaças climáticas. As notícias sobre a secagem de rios que podem ter impacto nas cadeias de abastecimento e indústrias mundiais (Rio Reno) e secas que reduzem os rendimentos das culturas, tornam-se mais comuns.
O impacto da atividade humana sobre o ambiente continua a ser objeto de investigação, que numa fase avançada de desenvolvimento requer imagens e dados de satélite.
É provável que cada vez mais empresas que constroem negócios em indústrias expostas ao risco das alterações climáticas estejam dispostas a pagar por plataformas de satélite que reduzam o risco através de alertas precoces e forneçam informações fundamentais sobre os desenvolvimentos.
Geopolítica
A guerra na Ucrânia provou ser um cubo de dominó e as relações diplomáticas entre Washington e Pequim estão a deteriorar-se no meio do conflito sobre o Estreito de Taiwan.
A agressão da Rússia foi identificada pelo CEO do maior fundo mundial de gestão de ativos, Laurence Fink of BlackRock, como “o crepúsculo da era da globalização”. Tensões extraordinárias entre as superpotências estão a criar uma necessidade sem precedentes de controlar os movimentos das tropas, equipamento e instalações logísticas. Imagens de satélite e dados permitem a espionagem ‘não invasiva’ e identificam as capacidades e atividades das economias concorrentes.
Cadeias de abastecimento
A complicação da situação de segurança global com todos os seus riscos “suaves” (bloqueios comerciais, embargos) cria uma procura de monitorização contínua e gestão precisa da frota comercial, a fim de otimizar e encurtar os prazos de entrega apertados.
O impacto de lockdowns pandémicos pode revelar-se um substituto para uma situação hipotética em que a China bloqueia a via de navegação mais movimentada do mundo. Entidades governamentais, bem como fabricantes e fornecedores, não podem permitir uma exposição tão grande ao risco, e estão assim a tentar mitigá-lo. Isto cria uma enorme oportunidade para a Internet das Coisas (IoT) e imagens de satélite, que são vistas como ferramentas modernas chave para otimizar a gestão da cadeia de abastecimento.
De acordo com as previsões dos analistas, o mercado espacial acabará por se tornar um lugar dominado pelos serviços comerciais, embora ainda hoje vejamos que os maiores empreiteiros de fabricantes de satélites e prestadores de serviços continuam a ser empresas de defesa, agências governamentais, agências de inteligência e militares. Vale a pena notar que o valor projetado de uma dada indústria muda com a evolução da procura e do desenvolvimento tecnológico.
Que empresas se tornarão beneficiárias da tendência?
De um grupo restrito de empresas presentes no mercado da imagem da Terra, a XTB selecionou três: Maxar Technologies, BlackSky e Planet Labs. Um dos indicadores chave para a seleção foi um Rácio de Dívida para Equidade favorável, que poderia revelar-se crucial para as empresas numa indústria jovem e em rápido crescimento.
As três empresas, em 25 de Maio de 2022, receberam contratos de mil milhões de dólares e 10 anos do Gabinete de Reconhecimento Nacional dos EUA para fornecer imagens e dados ao Departamento de Defesa, agências de inteligência e agências civis federais nos EUA, o que confirma as suas capacidades tecnológicas e qualidade de serviço.
O maior desafio das empresas será diversificar as suas receitas através da aquisição de contratos com empresas privadas, o que poderá potencialmente saltar as margens e a dimensão dos seus negócios.