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«Somos a favor do negócio, mas queremos padrões elevados»: O otimismo ético de Michael H. Posner

«Somos a favor do negócio, mas queremos padrões elevados»: O otimismo ético de Michael H. Posner

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20 Junho, 2025 | 23 minutos de leitura

As grandes empresas e organizações globais devem ser honestas sobre a forma como estão a ganhar dinheiro. Esta é a tomada de posição, simples e decente aos olhos de todos, de Michael H. Posner, que nos remete para um modelo de responsabilidade partilhada no enfrentamento das causas subjacentes aos riscos e abusos mais graves em matéria de direitos humanos. Num Mundo globalizado, de colossos financeiros a operar em Estados fracos, todos somos responsáveis pela garantia de um papel construtivo na defesa e respeito pelas pessoas, por parte das instituições. A mudança acontece e pode começar agora.

Michael H. Posner é um líder na defesa e apoio à proteção dos direitos humanos em operações comerciais à escala global. Professor de Ética e Finanças na Stern School of Business da NYU (Universidade de Nova Iorque), fundou em 2013 o primeiro Centro de Direitos Humanos numa escola de negócios (Center for Business and Human Rights), organização que dirige e onde ainda trabalha ativamente, aos 74 anos. O seu mais recente livro, Conscience Incorporated – Pursue Profits While Protecting Human Rights, foi o ponto de partida para esta entrevista, cujo mote está em potenciar a integração dos direitos humanos de uma forma central na tomada de decisões empresariais.

Na sua visão, as empresas devem ser competitivas, ter lucro, mas devem fazê-lo de forma responsável. «Somos a favor do negócio, mas queremos padrões elevados», recitando o claim do Centro: Probusiness, high standards. E adverte que as grandes empresas não têm escolha nesta matéria. Três tendências levaram a que chegássemos a este ponto: hoje as grandes empresas têm mais poder do que os governos; as pessoas perderam a fé nos governos para resolver a situação (apesar de terem ainda um papel crucial) e a tecnologia tornou-nos mais alerta para os abusos dos direitos humanos.

Para o autor, as empresas enfrentam uma ameaça crescente que as obriga a agir e a reforçar a importância dos direitos humanos, da democracia e do Estado de direito como um elemento essencial para o seu sucesso. O Mundo globalizado traz ventos de mudança e de prosperidade, mas também polarização, ondas de autoritarismo, medo e ódio, que encara como ‘tendências perigosas’, ameaças reais para o futuro dos negócios e das sociedades. Contudo, «a crítica pública por si só não leva a mudanças significativas». Todos somos responsáveis pela forma como as empresas gigantes ganham dinheiro, e cada um de nós tem um papel a fazer. No final do seu livro, Michael H. Posner escreve: «Esta é, sem dúvida, uma agenda assustadora que exigirá liderança em todos os níveis da nossa sociedade. Mas é uma agenda que não podemos ignorar».

 

Está a decorrer uma mudança de paradigma, da política para o domínio empresarial. No que diz respeito à integração dos direitos humanos nos processos de tomada de decisão, refere: «As empresas são atualmente a única instituição considerada competente e ética para preencher o vazio deixado pelos governos». O que aconteceu e porquê?

Nas últimas décadas, aconteceram várias coisas que alteraram o panorama, uma delas é o facto de vivermos numa Economia globalizada, em que as barreiras entre os Estados foram derrubadas. E, especialmente para as grandes empresas, criaram-se oportunidades para produzir coisas em todo o Mundo, de forma mais barata, mais fácil e mais rápida. Abriram-se os mercados e as empresas estão a operar em locais onde os governos são frequentemente fracos. Por isso, há aquilo a que chamo um fosso de governação entre o que existe, nos Estados da União Europeia ou nos Estados Unidos, onde há instituições que protegem as pessoas, e muitos outros lugares onde os governos não querem, ou não conseguem, proteger as suas pessoas.

A segunda coisa que aconteceu é que houve uma mudança radical na forma como a informação é transmitida. Com a internet, os telemóveis, a Inteligência Artificial (IA) e tudo o resto, vivemos numa aldeia global, e se formos uma grande empresa, o que estamos a fazer numa parte remota do Mundo já não está escondido, toda a gente vê o que se passa.  E a terceira coisa é que à medida que as empresas se tornaram mais poderosas, neste ambiente globalizado, tornou-se mais óbvio que não vão fazer tudo o que é necessário para atuar de forma responsável. Por isso, os governos, especialmente na Europa, estão a assumir uma maior responsabilidade ao dizer: «Temos de regular, temos de responsabilizar estas empresas». Assim, foram introduzidas uma série de leis em toda a União Europeia que estão a criar o início de uma estrutura de governação para estas empresas globais.

 

No capítulo Quando os diretores executivos devem defender a democracia, afirma que é uma «falácia manter a política fora dos negócios». Pode explicar aos nossos leitores por que razão as empresas devem ser responsáveis, no que diz respeito aos direitos humanos?

As empresas sempre estiveram envolvidas na política, quer seja para limitar as regulamentações governamentais ou para lidar com a política fiscal ou comercial. O que eu digo no livro é que as empresas e os líderes corporativos precisam de ser cuidadosos no que respeita a envolverem-se em todas as questões. Mas faço uma distinção entre os esforços para minar a democracia e os direitos humanos. E certamente aqui, nos Estados Unidos, estamos a enfrentar a administração Trump, que está a desafiar os conceitos fundamentais da democracia. Está a esvaziar o governo, a reduzir o poder dos tribunais, a atacar os meios de comunicação social e as universidades. Chamo a isto uma crise democrática que vejo também em algumas partes da Europa, e noutros locais. E quando se está numa crise democrática, quando a estabilidade do Estado de direito está a ser posta em causa por governos com tendências autoritárias, as empresas e os líderes têm de se manifestar e dizer: «Isto afeta-nos a todos. É mau para a nossa empresa e para a sociedade em geral».

Por isso, apelo a que mais empresas se levantem e defendam as normas democráticas fundamentais.

 

Muitos gestores consideram, segundo a teoria de Milton Friedman que cita, que os direitos humanos são do domínio dos governos e das instituições internacionais.  Se assim for, porque terão de mergulhar nas águas complexas da política?              

A grande maioria das pessoas vive em países onde os seus governos locais não cumprem a função básica de proteger os seus direitos. Ou não querem, ou não podem, não têm os recursos, ou não estão interessados em fazê-lo. E assim, isto cria aquilo a que chamo uma lacuna de governação. E podemos fingir que isso não existe e que as Nações Unidas vão intervir e proporcionar esse tipo de governação global, mas não é essa a realidade em que nos encontramos atualmente. Se uma empresa gigante opera num Estado fraco, é inevitável que as pessoas olhem e questionem: «Porque não está a desempenhar um papel construtivo para garantir que as pessoas são respeitadas?». Se a Inditex ou a Walmart estão num país como o Bangladesh ou o Camboja, onde os governos são fracos, onde produzem a um preço muito barato, onde os trabalhadores são explorados, essas empresas globais têm de assumir alguma responsabilidade. Não podem fingir que não é da sua conta a forma como estão a ganhar dinheiro.

Temos estado no Congo (África), onde as empresas automóveis compram cobalto para o fabrico de baterias, onde há 25 mil crianças a trabalhar nessas minas. Quem dirige uma grande empresa automóvel pode dizer «não é da minha responsabilidade»? O mesmo acontece numa empresa petrolífera ou mineira. A lista é interminável. As empresas de redes sociais que operam em todo o Mundo dizem que não é sua responsabilidade o que acontece em Myanmar ou em África – mas a responsabilidade é delas, pois estão a ganhar dinheiro, operando nesses Estados fracos.

As empresas devem ser competitivas, ter lucro, mas devem fazê-lo de forma responsável.

Somos a favor do negócio, mas queremos padrões elevados. Quero que as empresas reconheçam como estão a ganhar dinheiro, quais são os riscos para os direitos humanos associados à forma como ganham dinheiro e como estão a lidar com isso em tempo real.

 

Em Portugal, mais de 90% do tecido empresarial é constituído por pequenas e médias empresas. São elas também importantes nesta postura?

Todas as empresas têm responsabilidade, as maiores dão o mote. É mais difícil para uma empresa média ou pequena, mas coletivamente, todas têm de estar conscientes onde os seus produtos são produzidos, onde são vendidos e têm de trabalhar em conjunto. Muitas das grandes empresas começaram como pequenas e médias, e é melhor estabelecer boas práticas e criar uma cultura que trate os direitos humanos como importantes quando se está a começar, para que, quando cresça, isso faça parte da forma como se opera.

 

Que organizações podem servir de referência para começar a aprender sobre direitos humanos?

Um exemplo é a Fair Labor Association, uma organização a que presido e na qual trabalho há mais de 20 anos, que envolve sobretudo empresas de vestuário dos EUA e da Europa, bem como empresas agrícolas, organizações não governamentais, sindicatos e universidades. Juntámo-nos no final dos anos 90 para criar um conjunto de normas sobre a forma como as empresas devem produzir os seus produtos, com métricas e uma forma independente de avaliar o seu comportamento. Grandes empresas como a Adidas, Nike, Lululemon, L’Oreal ou a Nespresso, decidiram ser do seu interesse juntar-se com os seus concorrentes. Há um valor real na união das organizações, não ser competitivas em matéria de direitos humanos, mas sim colaborar e adotar normas substantivas. A questão é a seguinte: quer se trate de trabalho infantil ou de trabalho forçado, salários ou honorários, é preciso juntarmo-nos e ter uma norma, uma avaliação e meios de responsabilização.

Tenho alguns exemplos no livro, tanto positivos como negativos. Lidei com o caso da Coca-Cola, na década de 1990, quando dois líderes sindicais foram baleados e mortos numa fábrica de engarrafamento na Colômbia. A empresa começou por dizer que o problema não era seu, por não serem os donos da fábrica. Eu reagi contra isso – a verdadeira questão é quem tem o nome na garrafa. As fábricas de engarrafamento produzem para um cliente que é a Coca-Cola. Apesar de não serem donos da fábrica, não podem fingir que não têm responsabilidade. Demorou algum tempo, mas a empresa assumiu.

 

Conforme diz, o Mundo está a mudar. De que forma a geopolítica irá afetar estas empresas?

O Mundo está a mudar de uma forma que tem tanto de bom como de mau. Já descrevi anteriormente o facto de termos agora uma Economia globalizada e melhores comunicações. Uma das maiores conquistas dos últimos 50 anos é o facto de dois mil milhões de pessoas terem sido retiradas da pobreza, a maioria na Ásia, algumas em África. Estes são desenvolvimentos positivos para os direitos humanos, mas também assistimos a uma polarização crescente. Mais autoritarismo – os Órbans, os Erdogans, os Trumps do Mundo, que estão a jogar com a raiva e o medo das pessoas para dividir as sociedades e tomar o controlo e o poder. São personagens perigosas e é uma tendência perigosa. E, mais uma vez, este é um desafio para as sociedades em geral, e é uma ameaça real para as empresas estáveis. Quem gere uma grande empresa quer operar num país onde os investimentos são seguros, onde os tribunais funcionam, onde as coisas são previsíveis, onde existam meios de comunicação social livres, onde os governos não sejam transacionais e onde o líder do país não esteja a enriquecer à custa das pessoas. As empresas enfrentam atualmente uma ameaça crescente que as obriga a agir e a reforçar a importância dos direitos humanos, da democracia e do Estado de direito como um elemento essencial para o seu sucesso.

 

Em que medida é que a política do Presidente Trump contraria as suas recomendações sobre a Rússia?

O Presidente Trump a tornar os Estados Unidos um país menos seguro, menos estável e menos democrático. E parte disso, de uma forma que considero difícil de compreender, é a sua aparente simpatia por Vladimir Putin que parece invejar por ter tanto poder, e com isso afastou-se dos ucranianos que foram atacados. A Ucrânia não atacou a Rússia. A Rússia atacou a Ucrânia. Não faz sentido estarmos a pressionar os ucranianos para que aceitem a noção de acordo de Vladimir Putin. Não percebo. Donald Trump faz parte do Partido Republicano, o partido de Ronald Reagan, o partido tradicional, dos anti-comunistas, lutadores pela liberdade, que basicamente durante décadas enfrentaram os russos. Quero dizer, os russos portaram-se mal, mas Donald Trump parece ter quase mudado de lado e decidido que a sua lealdade está mais com Putin do que com Zelensky. E acho que aqui muitas pessoas estão perplexas com a forma como chegou a essa posição. Mas vamos ter de lutar para ultrapassar isso.

Aborda no livro o problema da “falência da informação” promovida pelos meios de comunicação social. Qual é o papel das comunidades empresariais face a esta realidade?

Esta é uma questão importante e com a qual tenho vindo a lidar desde que estive no governo dos EUA, na administração Obama. Entre 2010 e 2012 vimos o poder da internet na Primavera Árabe, em locais do Mundo onde as pessoas puderam comunicar de uma forma como nunca tinham podido fazer antes. No Egito, as pessoas saíram à rua porque estavam organizadas por grupos do Facebook e vídeos do YouTube. Reconheço o poder da internet como aquilo a que chamamos a ‘praça global’, a praça da cidade do século XXI. Mas, cada vez mais, temos visto que os governos, as plataformas de redes sociais e outros, utilizam-na de forma incorreta para promover a desinformação, o extremismo, o bullying e muitas outras coisas negativas. E que as maiores empresas, como a Meta, a Google, o TikTok e o X, abandonaram a sua responsabilidade porque estão a ganhar muito dinheiro com a desinformação. Basicamente, o modelo que prevalece atualmente é que as empresas vendem publicidade, ganham centenas de milhares de milhões de dólares por ano, e fazem-no em parte porque muitas pessoas estão online. Há 3 mil milhões de pessoas no Facebook, há dois mil milhões e meio de pessoas no YouTube. Fazemo-lo, todos nós, porque estamos emocionalmente ligados, e a estratégia de envolvimento, que é a estratégia de negócio destas empresas, baseia-se na noção de que as pessoas estão online por causa das emoções e as emoções negativas são as mais poderosas, como o ódio e o medo.

Por isso os algoritmos continuam a insistir no ódio e no medo, porque isso significa que mais pessoas estão online e podem vender mais publicidade. Este pode ser um bom modelo de negócio, mas não é um bom modelo para as nossas sociedades, pois está a contribuir para a polarização e para a desinformação. Passei muito tempo a falar com estas empresas que continuam a dizer: «Não precisamos de ser regulados, somos muito inteligentes, estamos a tentar resolver o problema». Cheguei à conclusão, com relutância, de que, na verdade, não estão a tentar perceber. Mais uma vez, o modelo de envolvimento é contrário aos melhores interesses da sociedade. E isso significa que os governos precisam de encontrar uma forma de regular, de pressionar estas empresas a comportarem-se de forma mais responsável. Elas vão resistir. Atualmente, existem algumas leis nos serviços digitais, na Lei da IA (AI Act), e nos mercados digitais há uma série de leis em diferentes partes do mundo. As grandes empresas detestam isso e dizem «podemos fazê-lo sozinhos», mas a falta de regulamentação é parte do problema.

Última observação, não acredito que os governos devam regular conteúdos específicos. Fico nervoso com o facto de os governos dizerem ‘isto está bem e isto não está’. Mas penso que há muito que podem fazer para criar maior transparência, para que possamos ver o que se passa, e para regular e pressionar as empresas a conceber os algoritmos de forma diferente, para que nos deem mais escolha, enquanto utilizadores. E para supervisionar a forma como as empresas estão a moderar os conteúdos neste momento – que o fazem, mas não consideram uma prioridade comercial.

 

«Considero as questões da desigualdade racial (e de género) como desafios essenciais para as empresas de hoje». Que fatores devem os líderes empresariais considerar?

Parto do princípio de que ter uma força de trabalho, universidades e governos que reflitam as sociedades é uma coisa saudável. Dar a todos a oportunidade de competir e de se destacar é uma coisa boa para a sociedade, e é sempre um desafio quando isso significa uma rutura ou uma mudança da velha ordem. Na maior parte dos países, incluindo os Estados Unidos e Portugal, historicamente, as empresas foram e têm sido dirigidas, e muitas vezes ainda são, por homens brancos. Por isso, quando pensamos em alternativas, é inevitável que procuremos oportunidades para as mulheres, para as minorias sub-representadas. Significa que se está a perturbar a velha ordem e isso deixa as pessoas nervosas. Mas é a coisa certa a fazer. Não acredito que se faça isso com quotas ou nomeando pessoas que não são qualificadas, penso que é mais uma questão de dar uma oportunidade às pessoas para competir e serem bem sucedidas e dar-lhes a orientação e o apoio de que necessitam.

Nos Estados Unidos, 98% das empresas que gerem um volume de quase 100 triliões de dólares de investimentos em ativos, são lideradas na sua maioria por homens brancos, as mulheres e as minorias sub-representadas representam menos de 2%. Isto em 2025. É uma loucura! É óbvio que as mulheres são tão capazes como os homens de ser bem sucedidas, mas há um historial que, inconscientemente, ‘infere’ que os homens se ajudam uns aos outros, sem sequer pensarem que há algumas mulheres que poderiam ser uma mais-valia para a empresa, pelo que se prejudicam a si próprios por não estarem abertos a isso. O que eu afirmo o é que precisamos de ser inteligentes quando falamos de diversidade, inclusão ou equidade, porque nem todos os que tentaram fazê-lo o fizeram da forma correta.

Outra parte da agenda da administração Trump é dizer às empresas que não estamos autorizados a falar sobre isto. A palavra diversidade passou a ser proibida e estão a dizer às empresas para retirarem qualquer referência à diversidade nos seus sites. Estive em França há pouco tempo, reuni-me com um grupo de líderes empresariais franceses, e todos tinham recebido nesse dia uma nota da Embaixada dos EUA em Paris a dizer para retirarem o DEI dos seus websites – isto é uma loucura para mim. No fim de contas, devemos ser claros quanto ao facto de a diversidade ser uma coisa boa. Portanto, vamos reconhecer o objetivo. Ao mesmo tempo, sejamos honestos quanto à complexidade e ao desafio de o conseguir. Cada empresa, cada governo, cada instituição precisa de descobrir como o fazer dentro da sua própria cultura. Mas precisam de ser deliberados e conscientes de que isto faz parte do futuro e que devem estar abertos à ideia de que o podem fazer melhor.

 

Refere precisamente as mulheres e as gerações jovens (Gen Z e Millennials) como os futuros agentes de integração de uma agenda de Direitos Humanos. Que papel devem assumir os sistemas Académico e Educativo?

Parte da razão pela qual escrevi o meu livro foi para refletir sobre o que fiz aqui na NYU Stern, nos últimos 12 anos. Criámos o primeiro Centro de Direitos Humanos para a escola de gestão e tornou-se evidente para mim que os educadores empresariais e as escolas de gestão não estão a avançar tão rapidamente como a sociedade. Há uma forma um pouco antiquada de fazer as coisas. Ensina-se o que sempre se ensinou e muitas escolas de gestão consideram questões como os Direitos Humanos e até o Ambiente, como aquilo a que os economistas chamam ‘externalidades’. É bom tê-las, mas não é essencial.

E penso que hoje vivemos num Mundo em que essas externalidades são essenciais. Não se pode pensar em negócios no século XXI sem pensar nas alterações climáticas, no trabalho forçado e no trabalho infantil, sem pensar na diversidade.  Por isso, falo com professores e alunos de escolas de gestão para encorajar a considerar estas questões como uma prioridade para o futuro. Criámos uma rede de cerca de 70 escolas, em 35 países, onde pelo menos uma pessoa no corpo docente está a dar um curso, ou a fazer investigação relacionada com os Direitos Humanos.

 

Alguma nota especial em relação à IA, uma vez que a maioria das empresas, mesmo que não estejam envolvidas em locais problemáticos, estão a utilizar a tecnologia?

A IA é simultaneamente uma grande bênção e uma maldição. É uma grande oportunidade, tornará a vida mais eficiente, irá melhorar a investigação médica e científica, facilitar a nossa vida em termos de recolha de dados e de eficiência na forma como trabalhamos. E também vai mudar radicalmente a força de trabalho, o que vai significar que muitos milhões de empregos deixarão de ser considerados necessários. Ainda não sabemos bem o que fazer com todas essas pessoas, temos de descobrir quais são as consequências humanas disso.

Mas também vem exacerbar os problemas da desinformação e da polarização porque, no fim de contas, isto é apenas tecnologia avançada. Será mais fácil ter um vídeo falso ou algo que obtenha muitas visualizações. Isso não significa que, a menos que haja uma forma de regular e controlar esses conteúdos, venhamos a assistir a muitos conteúdos nocivos. Uma das coisas que eu diria às empresas que estão a liderar este processo é que têm de abrandar. Têm de estar conscientes das consequências negativas e tentar descobrir como lidar com elas. As plataformas de IA estão a produzir informação incorreta, a que chamam ‘alucinações’. E perguntamos: porque é que isso está a acontecer? Eles não sabem. E, para mim, se uma empresa está a produzir um produto que tem consequências negativas e não sabe porque isso está a acontecer, ou o que fazer, espero que volte ao laboratório e descubra antes de o lançar para o Mundo. Por isso, estou nervoso com a rapidez com que as coisas estão a avançar.

Há tanto dinheiro a ganhar com a IA que penso que as maiores empresas estão a avançar demasiado depressa.

É o velho modelo move fast and break things (avança depressa e parte tudo) de que Mark Zuckerberg falava há uma década. Estamos a ver isso na IA e penso que este é um momento perigoso se não arranjarmos uma forma de a regular.

 

Termina o seu livro com a frase de Martin Luther King: «Estamos presos numa rede inescapável de mutualidade, amarrados numa única veste do destino. O que quer que afete um diretamente, afeta todos indiretamente.» (Carta de uma cadeia de Birmingham). O que podemos fazer enquanto cidadãos e consumidores individuais?

É muito importante que cada um de nós, nas suas próprias vidas, descubra quais são as coisas grandes e pequenas que podemos fazer. Somos cidadãos, podemos escolher o nosso governo, somos consumidores, fazemos escolhas sobre o que compramos e as empresas a quem somos fiéis, alguns de nós são investidores, podemos fazer escolhas sobre as empresas onde investimos. Somos empregados, trabalhamos para empresas compostas por muitas pessoas e há oportunidades dentro de uma organização para influenciar a partir de dentro. As empresas preocupam-se com a retenção de trabalhadores, com a moral. E penso que há muito espaço dentro de uma empresa para as pessoas afirmarem os seus valores. Alguns de nós são líderes de empresas, obviamente, esses são lugares onde se pode fazer uma grande diferença. Mas penso que todos nós, cada um de nós tem a oportunidade, como cidadão, como consumidor, como investidor, como empregado, como líder, de descobrir onde podemos fazer a diferença. Mais uma vez, nem tudo vai acontecer de um dia para o outro. A mudança ocorre gradualmente, ocorre porque há uma mudança na cultura que não acontece porque uma pessoa age num dia. Acontece porque muitas pessoas fazem muitas coisas ao longo de vários dias ou anos, que começam a mudar a forma como as instituições funcionam. E essa é, penso eu, a oportunidade para todos nós.

 

Conscience Incorporated – Pursue Profits While Protecting Human Rights, NYU Press, dezembro 2024

 

Fotos: Nathan Bajar

 

Este artigo foi publicado na edição nº 30 da revista Líder, cujo tema é ‘Enfrentar’. Subscreva a Revista Líder aqui.

Rita Rugeroni Saldanha,
Diretora de Conteúdos

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