A taxa de desemprego continua a aumentar no primeiro trimestre do ano, sendo a maior dos últimos dois anos. Apesar do aumento, os resultados do Inquérito ao Emprego do INE, têm-se caracterizado por um lento aumento do número de empregados (21.800 pessoas) face ao trimestre anterior, confirmando uma desaceleração no mercado de trabalho português.
O número de empregados passou para as 4.924.700 pessoas (85,1% trabalhadores por conta de outrem). O aumento simultâneo do emprego e do desemprego deve-se ao incremento da população ativa, que cresceu, durante o primeiro trimestre, e alcançou um total de 5.305.000 pessoas ativas.
Análise Randstad
A análise aos resultados do Inquérito ao Emprego do Instituto Nacional de Estatística (INE) no primeiro trimestre de 2023, elaborada pela Randstad, revela um aumento do desemprego trimestral de 37.600 pessoas, com a taxa de desemprego a situar-se nos 7,2%. O aumento do desemprego de trimestre para trimestre faz com que esta seja a taxa mais elevada dos últimos 2 anos. Apesar deste aumento do desemprego, o aumento da população ativa faz com que o emprego também registe um aumento de 21.800 profissionais, face ao trimestre anterior.
Este crescimento trimestral lento do número de empregados em cerca de 0,4%, se traduz numa desaceleração no mercado de trabalho português.
Segundo a análise, verifica-se um crescimento, não só trimestral, mas também interanual do emprego (+23.800 pessoas) e do desemprego (+71. 900 pessoas) em simultâneo, explicado pelo aumento da população ativa, em 95.700 pessoas face ao 1º trimestre de 2022.
O estudo revela que o aumento trimestral do emprego se registou no grupo dos assalariados (por conta de outrem) e é mencionado ainda que neste grupo, o primeiro trimestre do ano tem sido caracterizado pela diminuição dos contratos com termo (-1,4%) e pelo aumento dos contratos sem termo (+0,3%). No entanto, em termos homólogos, a situação é diferente, com um aumento registado nos contratos com termo (+7,2%). Ainda no primeiro trimestre do ano, a taxa de trabalho temporário situou-se nos 17,18%
O ligeiro aumento do emprego no primeiro trimestre registou-se em todos os grupos etários, exceto a faixa dos 35 aos 44 anos. Em termos homólogos, apesar do aumento registado, verifica-se uma forte queda nesta faixa etária.
Face ao quarto trimestre de 2022, o emprego cresceu em todos os setores, registando-se um maior crescimento no setor da agricultura com um aumento de 7,6% e as maiores quedas, subsetoriais, verificaram-se dentro do setor dos serviços. O emprego no setor industrial e na agricultura, em termos interanuais, cresceu 3,2% e 13,2%, respetivamente.
Em termos homólogos, o aumento trimestral do desemprego registou-se em todas as faixas etárias, sobretudo no grupo dos 45 aos 54 anos, onde se verificou um aumento de 10.600 pessoas desempregadas.
Segundo os dados do INE, do primeiro trimestre de 2023, num total de 4.924.700 profissionais empregados em Portugal, só 19% indica ter a possibilidade de trabalhar a partir de casa, ou seja, 937.000 pessoas, nas diferentes modalidades de teletrabalho. É na Área Metropolitana de Lisboa que se regista a maior percentagem de teletrabalho, em 30,1%.
O desemprego registou um aumento trimestral de 37.600 pessoas (9,9%, face ao 4º trimestre 2022). A taxa de desemprego cresceu, trimestralmente, 0,7 p.p e em 1,3 p.p. face ao 1º trimestre de 2022 (interanualmente), situando-se nos 7,2%. Em termos interanuais (homólogos), o emprego teve um aumento de 23.800 profissionais (+0,5%) face ao primeiro trimestre de 2022. A população ativa teve um aumento de 95.700 pessoas e o desemprego cresceu em 71.900 pessoas face ao primeiro trimestre de 2022 (18,9% de crescimento interanual), estimando-se em 380.300 o número de pessoas desempregadas em Portugal.
Evolução da população empregada, variação absoluta trimestral em milhares e variação homologa em %
1T 2017 – 1T2023
Evolução da taxa de desemprego em %
1T 2017 – 1T 2023
Apesar de um ligeiro aumento no emprego, os últimos dados revelam um cenário desafiante do mercado de trabalho português. A taxa de desemprego aumentou tanto em termos trimestrais como homólogos em quase todas as regiões do país, com exceção da Região Autónoma da Madeira, com uma leve diminuição. Os primeiros sinais de abrandamento, com aumentos cada vez menores do emprego surgiram em 2022. No entanto, há ainda algumas variáveis com bom desempenho e, por exemplo, a população considerada desempregada de longa duração diminuiu em 5.100 pessoas e a taxa de desemprego dos mais jovens diminuiu ligeiramente face ao trimestre anterior
Isabel Roseiro, diretora de marketing da Randstad