O mercado imobiliário europeu, em 2025, apresenta um cenário contrastante entre países, refletindo o impacto das altas taxas de juro e a adaptação das economias ao ambiente pós-pandemia. Embora o mercado tenha mostrado sinais de recuperação em várias regiões, a atividade e os preços variam significativamente conforme o contexto local.
Esta análise parte de um relatório da AVIV.
Recuperação dos preços de habitação na Europa
Em 2025, as variações no mercado de preços de habitação são visíveis, com um crescimento modesto em países como França e Bélgica, que começam a recuperar as perdas acumuladas durante o pico da pandemia. Os preços em França e na Bélgica tiveram um aumento moderado, indicando um regresso à estabilidade, embora ainda estejam distantes dos valores de 2021.
No caso da Alemanha, o crescimento de preços foi mais robusto, com um aumento de 3,7%, refletindo uma recuperação mais acentuada do mercado. No entanto, essa recuperação é desigual, e em muitos outros países, o aumento dos preços foi limitado ou até nulo.
Em Lisboa, por exemplo, o preço médio por metro quadrado situava-se em 4.211 euros em março deste ano, representando um aumento de 1,1% em relação a fevereiro.
Para mitigar a crise habitacional, o governo português aprovou medidas que permitem a reclassificação de terrenos rurais para uso urbano, com o objetivo de aumentar a oferta de habitação acessível.
Contudo, apesar das medidas implementadas, os preços das habitações em Portugal deverão continuar a subir em 2025, embora a um ritmo mais moderado, devido à persistente discrepância entre a oferta e a procura no mercado imobiliário.
Produção de crédito e taxas de juro
As taxas de juro, embora ainda altas, estão a começar a mostrar sinais de estabilização, com um impacto direto sobre a produção de crédito no mercado imobiliário. Desde 2022, as taxas permaneceram elevadas, especialmente em comparação com os níveis extremamente baixos de 2021, o que tem continuado a afetar o acesso ao crédito em muitos mercados.
Em França, o volume de crédito tem mostrado uma recuperação após a queda significativa registada nos dois anos anteriores. O aumento da atividade de crédito foi notável, com a produção de crédito habitacional a aumentar significativamente, embora ainda esteja abaixo dos níveis observados em 2022.
Em Portugal, o mercado experimentou um crescimento semelhante, com o crédito habitacional a recuperar progressivamente, embora em níveis ainda inferiores ao que era esperado inicialmente.
Assumindo que as taxas de juro se mantenham próximas dos níveis atuais, as previsões para o segundo trimestre apontam para a continuação de uma recuperação generalizada do mercado:
Bélgica, França e Itália preparam-se para uma primavera especialmente dinâmica. Espera-se que a procura ultrapasse os níveis do ano passado, impulsionada por uma melhoria na acessibilidade à habitação e por condições de crédito favoráveis. Mesmo que persistam pressões internacionais, é pouco provável que as taxas de juro dos empréstimos se agravem de forma significativa num futuro próximo, permitindo que o dinamismo da primavera se mantenha antes de surgirem possíveis ventos contrários.
Espanha e Portugal poderão registar um ritmo mais estável, em linha com as tendências anteriores. Apesar de a acessibilidade estar a atingir um ponto crítico, devido à pressão contínua dos preços, a procura deverá manter-se sólida, em níveis comparáveis aos de 2024. Os compradores estrangeiros continuam a ter um papel de apoio em ambos os países.
Desafios persistentes e expectativas para os próximos anos
Embora a recuperação seja visível nalgumas áreas, o mercado imobiliário europeu continua a enfrentar desafios, principalmente devido à incerteza económica global e à alta inflação. As taxas de juro ainda estão a níveis elevados em muitos países, dificultando o acesso a financiamentos, especialmente para aqueles que não têm uma situação financeira sólida.
A expectativa para os próximos anos é que o mercado continue a ajustar-se à realidade de taxas de juro mais altas, e que a produção de crédito, embora em recuperação, se mantenha abaixo dos níveis pré-pandemia. Países como França, Alemanha, e Bélgica devem liderar essa recuperação, enquanto Portugal e outros mercados periféricos podem demorar mais tempo a alcançar a estabilidade desejada.
Conclusão
O mercado imobiliário europeu em 2025 revela uma recuperação desigual, onde o impacto das taxas de juro e as flutuações de preços variam conforme o país. Embora o crédito esteja a ser mais acessível nalgumas regiões, as incertezas económicas e a adaptação dos mercados às novas condições financeiras serão fatores cruciais para determinar o ritmo da recuperação a longo prazo.