Bernardo Ribeiro da Cunha, é Chief Operating Officer (COO) e Partner da Avenidas, uma start-up portuguesa do setor da mobilidade e turismo. Neste setor, o ano de 2023 foi o melhor de sempre, em todos os indicadores: dormidas, hóspedes e receitas. Este crescimento exigiu adaptações e esforços das empresas portuguesas de vários setores, que «navegaram a onda» das mudanças.
«Parece um elástico, foi puxado para trás e quando largou, veio com força! Desafiou-nos, mas abriu muitas oportunidades», diz Bernardo Ribeiro da Cunha, referindo-se ao turismo pós-pandemia, numa conversa com a Líder onde partilhou algumas perceções do setor em Portugal e como tem sido a adaptação às constantes mudanças.
Para o COO, todas as áreas se podem relacionar com estas evolução, uma vez que existe «uma sinergia clara entre o turismo e as outras áreas». «O turismo acaba por trazer possibilidades de redes e serviços de infinitas indústrias», explica, acrescentando que o melhor exemplo de catalisação é o turismo da saúde.
«Em Portugal temos uma oferta médica excelente, apesar da sobrecarga do Sistema Nacional de Saúde. Uma pessoa que precise de cuidados médicos pode aliar-se ao turismo para conhecer o país, empregando vários serviços conexos, como alojamento, transporte e restauração», esclareceu o Diretor Operacional.
Da mesma forma há vários setores que subsistem à base do turismo, tais como a restauração, onde a população portuguesa não chega, sendo necessário o “empurrão” do turismo. «O turismo é um alicerce da nossa economia e serve de catalisador a outras indústrias», afirmou.
Um meio mais tecnológico, mas (cada vez) menos português
Os turistas internacionais constituem a maioria do público da Avenidas, especialmente norte-americanos. Os clientes estrangeiros também têm aumentado bastante no serviço de transporte, o que «está em concordância com a alta taxa de emigração que Portugal tem verificado.»
As tecnologias vieram tornar o turismo ainda mais competitivo, mas também torná-lo mais disperso, o que «acaba por ser bom para o consumidor». «Estas tecnologias permitem libertar as forças do mercado e isso tem efeitos positivos no preço», referiu Bernardo Ribeiro da Cunha.
O Diretor Operacional afirma que todas estas alterações tiveram um «papel determinante no crescimento» mais recente da Avenidas. «Adaptámo-nos à pandemia, depois o turismo voltou em força e nós temo-nos moldado a estas ondas com algum sucesso. O turismo foi um fenómeno nacional que nos ajudou imenso, uma oportunidade de crescer e capacitar os colaboradores», acrescenta.
A nível de «navegar essas ondas», há várias estruturas de incentivo que foram sendo utilizadas, quer para angariar pessoas, quer para motivar quem já estava na Avenidas. «A palavra liderança não deve ser tabu, é bom liderar! Puxa o melhor que há em nós», defende Bernardo Ribeiro da Cunha.
Como tornar o turismo mais sustentável?
Fundada em 2016, a Avenidas foca-se em mobilidade, distribuição, logística, operações de crescimento e viagens / turismo e 2023 foi um ano «positivo e de consolidação». «Nos dois anos anteriores crescemos muito rapidamente e passámos por muitas dores de crescimento. O final do ano passado ficou marcado pelo rebranding da Avenidas, que dividimos em quatro áreas operacionais», conta o Diretor.
Recentemente, o Turismo de Portugal lançou a campanha Futourism, que pretende sensibilizar os turistas nacionais e internacionais a sentirem Portugal como seu e cuidá-lo. A sustentabilidade é algo que, na opinião de Bernardo Ribeiro da Cunha, deve ser «olhado de forma holística». Em conformidade com esta iniciativa do Turismo de Portugal, a Avenidas procura «explorar zonas menos conhecidas do país e que têm imenso valor.»
«É um desafio chegar ao cliente que vem com um template de querer ver Sintra e Lisboa, talvez Évora. Nós tentamos dar a conhecer pequenas “tascas”, pequenas atrações ou vistas e mostrar o país, que é muito bonito e tem muita coisa para ver. Tudo isto ajuda a tornar o negócio sustentável. Levar todos os turistas ao mesmo sítio em Sintra é algo que não vai durar para sempre, tem um limite», disse o COO.
Quanto à ecologia, a Avenidas fez «o compromisso de não adquirir mais carros a combustão. «70% da nossa frota é composta por carros elétricos. Em 2023, 63% dos quilómetros realizados pela Avenidas formam feitos com carros 100% elétricos», explicou Bernardo Ribeiro da Cunha.