Nos últimos anos, a felicidade no trabalho tem-se tornado uma questão de extrema importância na gestão das empresas. Temos assistido a uma revolução no mercado de trabalho, onde a evolução tecnológica e a era digital têm sido fatores de grande importância, a preocupação com a saúde e o bem-estar dos trabalhadores, questão que anteriormente era desvalorizada, começou a ganhar maior relevância.
Devido à pandemia, a maioria das empresas foram obrigadas a suspender as suas atividades, o que conduziu a novas formas de entendimento sobre o trabalho por parte dos gestores, nas prioridades inerentes e exigências na relação com o trabalho. Por sua vez, os trabalhadores confinados tiveram a oportunidade de experienciar uma realidade que até à data era desconhecida e passaram a valorizar diferentes aspetos que no passado eram desconhecidos ou não havia consciência dos mesmos. Exemplo disso, são os requisitos das novas contratações que estão mais ligadas aos valores e a visão e não somente a salários e benefícios.
Nos dias de hoje, a visão geral é consistente: as organizações são construídas por pessoas. As mesmas que, independentemente do seu status, vidas, prioridades e exigências distintas que em comum têm a necessidade de trabalhar. Nesse sentido, é importante encontrar formas de criar condições que passem pelo bom ambiente, promovendo a felicidade no trabalho, equilíbrio entre trabalho e vida pessoal – fator mais valorizado atualmente –, harmonia do espaço, acesso a acompanhamento psicológico e o reconhecimento. Este sistema tornou-se imprescindível para as empresas que pretendam obter resultados positivos, colaboradores felizes traduzem-se em produtividade e, por fim, na capacidade de atrair e reter talento, principalmente num momento de crise económica, ambiental, social e de polarização.
O burnout ganhou destaque pela Organização Mundial de Saúde ao ser incluído na sua classificação internacional de doenças, em 2019, o que alertou as organizações para as situações relativas ao stress profissional extremo e as suas consequências. Com a pandemia, o risco de burnout aumentou a um nível geral, e em 2021, Portugal ocupava o primeiro lugar no pódio na lista dos países da União Europeia com maior risco de burnout.
No que respeita diretamente à temática laboral, é clara a relação entre o fenómeno do burnout com salários baixos e cargas horárias mais pesadas. Concluindo que se traduz numa satisfação com a vida e realização profissional muito baixa. Partindo desta base, considero que é prioritário estabelecer ambientes e condições de trabalho que promovam o bem-estar do indivíduo e da organização, tanto a nível mental como físico, permitindo maximizar a sua capacidade ou produtividade, ao mesmo tempo, assegurando a sua saúde mental.
Sabendo que o stress crónico é uma das possíveis consequências que põe em risco a saúde mental dos trabalhadores proponho às organizações, além de tudo mencionado anteriormente, a cuidarem dos seus colaboradores através da atividade física. Está mais que comprovado que o exercício físico tem demonstrado ser um excelente coadjuvante na minimização dos sintomas da doença, porque diminui a ansiedade, a depressão e melhora a autoestima. A saúde mental só tem a ganhar quando se associa a atividade física a outros desafios cognitivos.
Resumindo, pode-se prevenir o burnout. Uma boa cultura organizacional é um dos pontos de partida, que já se começa a verificar nas empresas, e uma boa liderança. A boa comunicação entre pares, uma clara definição das funções de trabalho, uma gestão de tempo e carga de trabalho racionais e ponderadas, e um sentido de justiça no local de trabalho são ferramentas que depois de assumidas se traduzem em maior produtividade e desempenho para as organizações. O foco deve ser nas emoções positivas e em maximizá-las!
Este artigo foi publicado na edição de primavera da revista Líder.
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