O mundo vive a um ritmo de mudança que exige adaptação constante. Prever essa mudança é um dos papéis da WTW (Willis Towers Watson). Nuno Arruda é o CEO da empresa global em consultoria, corretagem e soluções empresariais, que juntamente com Elsa Carvalho, Head of Business Development, receberam a imprensa para um pequeno-almoço, em Lisboa, onde apresentaram os planos para 2023 e partilharam as principais conclusões da análise “2022 in review: 8 leadership lessons”.
A apresentação foi também uma oportunidade para divulgar a expansão do atual Hub de Lisboa, que prevê contratar 300 novas funções ao longo dos próximos dois anos, com um investimento estimado em 15 milhões de dólares.
A visão do risco mudou nos últimos três anos
“Os mapas de risco que desenvolvemos hoje têm de ser mais dinâmicos do que já foram”, declara Nuno Arruda, acrescentando “os riscos estão interligados, já não estão em silos e é difícil dissociá-los”.
COVID e confinamento trouxeram impacto no trabalho. Para a retenção, “as empresas mais do que nunca têm a necessidade de olhar para o seu mapa de risco, rever e pensar de uma forma sistematizada” e reforça, “ou há uma abordagem contínua sobre o risco, ou as empresas podem estar perante problemas de sobrevivência”.
Uma das grandes tendências e temas de discussão nas organizações é comprovada pelo facto de existirem mais Chief Risk Officers do que há 4 anos.
Oito lições de liderança
O documento “2022 in review: 8 leadership lessons”, partilha oito tendências/ lições a considerar nas organizações: Risco e performance; Experiência do colaborador e cultura; Great Resignation e escassez talento; Quiet quitting; Inflação; Modelos de trabalho; ESG e Wellbeing.
Elsa Carvalho partilhou a sua visão sobre os desafios das lideranças organizacionais. “A experiência do colaborador e a cultura, mais do que nunca, devem estar presentes e são importantíssimas de ser trabalhadas”. Flexibilidade, diversidade e inclusão serão os grandes desafios para as empresas no que respeita à Gestão de Pessoas a nível global.
O fenómeno Great Resignation que nasceu nos EUA e chegou também a Portugal, é transversal. “As pessoas procuram um significado para o que fazem, se as empresas onde trabalham, estão alinhadas com o significado das suas vidas, há um matching cultural. Se existe um desalinhamento, o mercado acaba por ser dinâmico e as pessoas procuram outras alternativas”.
Como é que se lida com este fenómeno que afinal não é utópico? “Fala-se também no Quite Quitting, algo que sempre aconteceu, mas apresenta-se de certa forma exacerbado. Como é o caso do presentismo, em que as pessoas estão nos seus trabalhos, mas não estão alinhadas com os objetivos da empresa e com aquilo que fazem”.
Inflação
À importância do papel dos líderes e dos gestores, acresce agora o contexto da pandemia, da situação económica, do isolamento do trabalho remoto.
O tema que mais preocupa e “tira o sono” de qualquer gestor, é a inflação. Segundo Nuno Arruda, “as necessidades das empresas muitas vezes não são coincidentes com as dos colaboradores. Não estamos com outlook positivo, não sabemos se os clientes vão dar continuidade às relações comerciais, as condições de financiamento não são as mesmas”.
O CEO dá ainda conta que a maior parte das empresas não fizeram o trabalho de atualizar os seus capitais seguros a nível de património. “A implicação de tudo isto no momento de um sinistro pode ter um impacto brutal na resiliência das famílias, mas também das empresas. Há um risco silencioso que a inflação vem trazer e para o qual as famílias não estão atentas”.
Wellbeing e Sustentabilidade
Para Elsa Carvalho, outra das grandes discussões para 2023 são os modelos de trabalho. “Contacto com muitas empresas e muitas ainda estão a decidir que modelos vão adotar até porque é possível trabalhar remotamente, mas nem sempre é desejável. E chega a ser um desafio de atração e da própria retenção”.
No que diz respeito à ESG [Environmental, Social and Corporate Governance], esta sigla veio para ficar. “As empresas devem ter um papel mais ativo na sociedade e não exclusivamente gerar lucros. A verdade é que as empresas começam a fazer um pushback ao ESG, porque não sabem como fazer e porque fazer”, declara Nuno Arruda.
Criar equipas de Sustentabilidade, de Governance de ESG e segmentar as áreas de forma a criar políticas mensuráveis a curto e médio prazo, deve ser uma prioridade. “Três quartos das empresas tem indicadores de ESG como KPIs de medida de remuneração dos seus boards. Este é o grande passo para o futuro”, afirma.
Outro aspeto que torna um local de trabalho mais atrativo é o wellbeing. “Há três funções críticas nas empresas e com uma importância acrescida: Risco, People e Sustentabilidade. Nos próximos três anos, 75% das empresas estão a pensar rever e customizar os seus processos de wellbeing para atrair talento. Saúde e bem-estar são componentes fundamentais para serem trabalhadas nas empresas. E, aqui, não estamos só a falar da saúde física, falamos da saúde mental e da saúde financeira”, reforça Elsa Carvalho.
Nuno Arruda remata especificando o caminho que a WTW quer trilhar: “Queremos ter um papel importante na vida das empresas e da sociedade. O nosso propósito é integrar o mundo do Risco e das Pessoas, enquanto alavanca de crescimento para as empresas e pessoas”.