O cerco da crise climática está a apertar e, enquanto a Humanidade se rodeia de um otimismo assente na utopia de que tudo pode melhorar, as soluções e respostas escasseiam. Para Rupert Read, Filósofo Ambiental, tudo se resume a mudar o nosso ponto de vista, olhar para a realidade distópica e para os factos, substituindo esta esperança por uma Thrutopia.
O autor pisou o palco da Leadership Summit Portugal, no dia 25 de setembro, para trazer uma visão realista – ainda que primeiramente pessimista – sobre as questões climáticas. Na sua talk, “From Dystopia to Thrutopia”, pede à Humanidade que aja com urgência por antever um futuro catastrófico.
A negatividade destas previsões deve-se a um conhecimento do caminho que o Mundo está a tomar, que vai além da ciência. «Os cientistas só colocam nos seus artigos o que podem provar. O que eles realmente pensam, suspeitam e temem é sempre pior», explicou. O Filósofo acredita que as coisas vão piorar antes de começarem a melhorar e essa é precisamente a ordem natural do progresso.
O «ajuste de contas» é o ponto de partida para a Thrutopia
«Quão mau se pode tornar?» Esta é a questão que pauta o pensamento de Read referente à crise climática e que deve ser o motor para a ação. Se nos sentimos incómodos, assustados e revoltados com esta realidade, significa que nos importamos e estamos no caminho certo para agir.
O aumento da temperatura global de mais de 1,5º C representa uma saída da «zona segura», meta que já foi ultrapassada este ano. O que é considerado por muitos como uma crise gradual tem piorado exponencialmente, tendo-se agravado cerca de quatro vezes nos últimos 20 anos. «Estamos profundamente na zona perigo, na era das consequências. Não vai correr tudo bem», preconiza.
Read diz que não devemos confiar em quem nos apresenta a solução definitiva para a crise climática, afirmando que tudo vai ficar bem. A realidade é assustadora, os números não mentem e o tempo está a passar. «Devemos preparar-nos. Temos de enfrentar o ajuste de contas que se aproxima», diz.
A única maneira de passar por isto é ir mais a fundo e ficar perto do problema. Se enfrentarmos a realidade e estivermos dispostos a passar por ela, então podemos chegar a algum lado. É esse o significado de Thrutopia.
Para encetar este caminho, é necessário um reconhecimento, esforço e participação conjunta da sociedade, de forma a construir esta realidade thrutópica. Para tal, e apesar de este ser um futuro totalmente desconhecido, Rupert Read explica que devemos começar por tornar tudo mais local, à medida que a tendência da globalização chega ao fim.
As restantes características devem ser criadas por cada um de nós, uma vez que a Thrutopia apenas pode ser conseguida se recusarmos ser espectadores. E este é um caminho que se revela sinuoso e difícil. «As coisas podem melhorar à medida que ficam piores. A Humanidade vai melhorando à medida que as coisas pioram», concluiu.
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Assista a todos os momentos a partir de dia 27 de setembro, disponíveis on demand na Líder TV em www.lidertv.pt, na posição 165 do MEO e 560 da NOS.
