Uma pessoa em Portugal pode viver, em média, até aos 84,3 anos. Em 2022, a idade média da população em Portugal fixou-se nos 46,8 anos, a segunda mais elevada entre os 27 Estados-membros da União Europeia (UE), tendo sido a que mais aumentou nos últimos 10 anos, segundo a Eurostat, gabinete oficial de estatísticas da UE. A população com 80 anos ou mais na UE duplicará de 30 milhões de pessoas em 2019, para 62 milhões de pessoas em 2050.
Significa que temos o potencial de viver 20 anos de vida ativa após a idade da reforma, que importa antecipar e planear com cuidado. É paradoxal prepararmos as cidades apenas para os nómadas digitais, cuja faixa etária representará cada vez mais apenas uma franja da população, negligenciando a maioria.
O conceito de cidades pensadas para aposentados, também conhecidas como comunidades de reformados, está a crescer de popularidade na Europa. São projetadas para fornecer um ambiente confortável, seguro, com envolvência social que atenda às necessidades e preferências exclusivas dos mais velhos. A ideia de idosos isolados, inativos e incomunicáveis, segregados em lares, é social e humanamente incorreta. O novo conceito de comunidade tem de evoluir para atender às necessidades de uma nova geração de aposentados com expectativas e prioridades diferentes e baseia-se em quatro eixos essenciais:
Comunidades Sustentáveis com um foco cada vez maior na sustentabilidade ambiental; este conceito deve incorporar tecnologias e práticas amigas do ambiente, como painéis solares, reciclagem de água pluvial e edifícios com eficiência energética. Essas comunidades não são apenas ecologicamente corretas, mas também ajudam os residentes a economizar nos custos de serviços públicos e reduzir a pegada de carbono.
Comunidades intergeracionais que reúnem pessoas de diferentes idades e origens, oferecendo oportunidades de interação social, aprendizagem e apoio mútuos. Esta organização oferece um senso de propósito para os mais velhos, cuja experiência pode orientar os residentes mais jovens e contribuir para a comunidade de formas significativas e úteis.
Comunidades capacitadas para tecnologia que contribuem para a qualidade de vida de seus residentes. Alguns projetos piloto usam a realidade virtual para criar experiências imersivas e ajudar os mais velhos a manterem-se ligados ao mundo exterior. Ou reduzindo o isolamento social, permitindo criar grupos virtuais com base em afinidades culturais, artísticas ou académicas. Pode ainda incorporar-se a tecnologia de casa inteligente para ajudar os residentes nas tarefas diárias, como controlar as luzes, ajustar o termostato, criar alertas médicos ou fazer pedidos de compras online.
Comunidades nas quais a saúde, segurança e bem-estar são uma prioridade. A mobilidade e autonomia são incorporadas no design de espaços e edifícios que oferecem segurança e conforto adaptados aos mais velhos. Neste conceito, há acesso a uma variedade de serviços de saúde e bem-estar, como aulas de ginástica, aconselhamento nutricional e assistência médica. É dada ênfase à vida saudável e incentivo aos residentes para manterem um estilo de vida ativo e independente, mas seguro.
Este novo conceito de cidade oferece uma variedade de opções para os mais velhos que desejem viver a pós-reforma com conforto, segurança e saúde. E também estilo, claro.
Este artigo faz parte da edição de outono da revista Líder, com o tema Humanity is Calling – Be Silent, Decide with Truth. Subscreva a Líder aqui.