Coisas que aconteceram este abril:
- Constatação do óbvio: desde que Trump assumiu a presidência, cada dia é um susto.
- Como bem assinalou Manuel S. Fonseca nas suas sempre certeiras crónicas no CM, o batalhão do wokismo serviu de varredor para o trumpismo. Os extremos a tocar-se.
- Neste nosso estranho mundo vale a pena revisitar Simon Sebag Montefiore: “Será assim tão difícil? Apoiar e solidarizar-se com os palestinianos … reconhecendo ao mesmo tempo o horror indiscutível dos crimes do Hamas?” (Courrier Internacional, Dezembro de 2023). Na Palestina houve protestos contra o Hamas. Abafados com violência.
- Perante as tarifas de Trump, Espanha vai apoiar as empresas com 14,1 mil milhões de euros. Por cá algumas forças políticas continuam a achar que a força das empresas é uma chaga social.
- Sem a iniciativa privada o país seria muito pior. Por exemplo, uma das minhas coleções favoritas é a Os livros NÃO se Rendem da Guerra e Paz, uma editora independente liderada, cá está, por Manuel Fonseca (declaração: tenho projetos editoriais com a Guerra e Paz). Li recentemente e apreciei Como é que é ser um morcego, de Thomas Nagel, e A literatura, o bem que paga!, de Antoine Compagnon. Trata-se de temas de nicho (o problema da consciência, a importância da literatura), para um público de nicho, que apenas os heróis da iniciativa privada, capitalista ou mesmo anticapitalista (como a Antígona), conseguem proporcionar. Bem hajam.
- O FT publicou a lista FT1000, as mil empresas da Europa com crescimento mais rápido. Se contei bem, a lista inclui três-empresas-portuguesas-três (em mil). O capitalismo é visto em Portugal como um problema. Concordo: era preciso mais e melhor capitalismo. Aos três outliers, parabéns e felicidades: Globalis Viagens e Eventos (163), LGG Advisors (215), Meivcore (965). Número 1: Menlo Electric, da Polónia. Isto ajuda a explicar porque é que a Polónia vai ser um país muito mais rico que Portugal.
- O sociólogo das epistemologias do Sul, Boaventura Sousa Santos, deu uma entrevista a explicar que (1) atirou uns piropos quando era jovem por causa da má influência do patriarcado; (2) foi acusado de assédio sexual por acusa do neoliberalismo; e (3) o processo de que tem sido alvo, com outros colegas do CES, têm uma dimensão racista. Bingo.
- Grande livro deste mês: Guerra ou Paz, de Mikhail Shishkin (Relógio d’Água), uma esclarecedora viagem pela mentalidade russa.
- Excelente novo álbum dos Destroyer.
- Faleceram Mario Vargas Llosa, Aurélio Pereira e o Papa Francisco. Que descansem em paz.