Uma sanção é uma medida de coação cujo objetivo é aplicar punições a recriminar um tipo de comportamento nesfasto. As sanções económicas, tal como avança artigo do World Economic Forum, têm sido usadas como ferramenta de guerra por procuração, também conhecida por “proxy wars”, evitando combate direto.
Nos séculos XVII e XVIII, estas sanções eram implementadas por países em conflito, e iam das proibições ao comércio, ao encerramento de fronteiras e portos. Na atualidade, são ainda uma ferramenta crucial para combater o terrorismo, os conflitos militares bem como crises políticas.
O conflito entre a Ucrânia e a Rússia não é recente. Já no ano de 2014, a 23 de fevereiro, grupos pró-russos apoderam-se de dois aeroportos e outros edifícios importantes da Crimeia, iniciando o que conhecemos como Crise da Crimeia. Já nessa altura, os Estados Unidos impunham sansões à Rússia com o fim de enfraquecer a economia, mas ainda assim não foi o suficiente para impedir o que atualmente constatamos.
O efeito das sanções acaba por ser sentido a longo prazo, e trará consequências devastadoras para a economia. Segundo Jonathan Hackenbroich, Policy Fellow do European Council on Foreign Relations, “Podemos ver precisamente esta preferência por ferramentas económicas para evitar a guerra nuclear nas relações da maioria das grandes potências com a Rússia”, e que esta “guerra económica” incluirá acordos comerciais, restrições às importações, entre outras.
Uma tendência que o Policy Fellow aponta é a de um comércio mundial que se tornará baseado no poder, em vez das regras, e que a Rússia terá de lidar com as futuras dificuldades resultantes da desconexão imposta com o sistema financeiro internacional.
Jonathan Hackenbroich revela ainda que estas sanções conduzem a duas lições que devem ser tomadas em conta: a primeira, a inegável influência e poder que os Estados Unidos da América tem na economia mundial, a segunda, a vulnerabilidade da dependência energética da Europa.
O efeito das sanções é sentido a nível global. Será nos países em desenvolvimento que será mais sentido o impacto, com a subida dos preços dos alimentos e a sua escassez, que irá, por sua vez, impactar diretamente as populações. Os países mais capacitados conseguirão, de melhor forma, substituir as importações. Países em desenvolvimento que beneficiem de uma localização geográfica privilegiada, ou seja, próximos de economias desenvolvidas poderão “beneficiar dos esforços de quase escoamento à medida que a ordem comercial global se torna mais polarizada”.
A médio e longo prazo, empresas e formuladores de políticas precisarão de enriquecer o seu conhecimento geopolítico de forma a poderem tomar decisões de investimento mais consciencializadas, no que será um “desafio particular para as Pequenas e Médias Empresas”, acrescentando que corporações maiores poderão precisar de mais competências políticas, e que verificar-se-á maior necessidade de diálogo geoeconómico entre formuladores de políticas e empresas privadas.
“Em geral, as políticas estatais e as políticas corporativas estarão mais entrelaçadas num mundo em que a geopolítica e o comércio estão muito mais entrelaçados”, revela Hackenbroich ao World Economic Forum, afirmando que estas deverão desenvolver novas e inovadoras formas de se lidarem entre si, num mundo comercial cada vez mais dividido entre poder e regras, democracias e autocracias.