Após dois anos de Pandemia, e enfrentando as mais diversas adversidades, um novo estudo global revela que a população mostrou mais confiança nos governos que aplicaram restrições em prol de um bem maior, um sentimento que se demonstrou generalizado em todos os países. Contudo, em 2021, cerca de 82% das pessoas responderam que o mundo tornou-se um lugar mais perigoso. Hoje, os cidadãos contam com a ajuda tanto por parte do Estado, como por parte de empresas para recuperar a economia. No entanto, vive-se ainda com medo e em risco constante: desde lockdowns, a reaberturas, a passos atrás nas restrições, as pessoas hoje dão mais valor à sua saúde e segurança.
Estes são os dados de um recente estudo da IPSOS, “Two years on: lessons from covid times”, que procurou avaliar o estado global da população, aferindo indicadores como saúde mental, confiança, riscos e receios, sustentabilidade, adaptação, declínio da população entre outros.
Levantadas as restrições após dois anos de Pandemia de Covid-19, parece que se está cada vez mais a voltar ao que era o normal. Dados da Organização Mundial de Saúde fizeram um balanço de aproximadamente 14,9 milhões de mortes em excesso (a diferença entre o número de mortes que aconteceram com a Pandemia e o número de mortes expectáveis sem a Pandemia). Este número inclui as mortes diretas por Covid-19, mas também as mortes que foram afetadas indiretamente pelo vírus, como por falta de acesso a cuidados de saúde vitais que outrora teriam.
Não só a mortalidade aumentou mais do que seria esperado, como também a natalidade baixou. Em dois anos de incertezas e imprevisibilidades, a vontade de ter filhos foi menor, especialmente por medo da Pandemia, e, mais recentemente, dos acontecimentos geopolíticos e da inflação, reporta o relatório.
Por outro lado, problemas que não eram tão evidentes, apesar de presentes, tornaram-se impossíveis de não notar: o aumento das desigualdades foi exponencial, visto que em fases de crise estas evidenciam-se mais que nunca, desde desigualdades de género a etnias e geografia.
A saúde mental importa agora mais que nunca. Se anteriormente sintomas de depressão, burnout e stress eram postos de parte e desvalorizados, com a pandemia tornaram-se difíceis de ignorar. Deixou-se de socializar presencialmente para nos isolarmos para prevenir o contágio, com receio de prejudicar a saúde física, mas a saúde mental piorou, refere o mesmo relatório. Isto levou a que se passasse a dar prioridade ao bem-estar pessoal, sendo que 79% das pessoas afirmam agora que a sua saúde mental é tão importante como a física.
Estes dois anos de Pandemia revelaram que as pessoas ganharam mais interesse sobre o tema da Sustentabilidade e o impacto das ações que se tomam no dia-a-dia sobre o meio-ambiente. Perante uma mudança tão dramática no estilo de vida que se experienciou, porque não mudar para melhor em certos aspetos? O relatório evidenciou que 83% das pessoas consideram que um desastre ambiental está iminente. Nesse sentido, abordagens sustentáveis de negócios a longo prazo estão a ser cada vez mais consideradas, e presta-se mais atenção ao impacto que podem ter no meio ambiente.