O setor de bens de consumo duradouros tem uma elevada exposição a riscos geopolíticos e económicos, como a queda dos mercados acionistas e a volatilidade dos preços das matérias-primas. Estes fatores estão a atrasar o seu crescimento e a principal razão é o protecionismo e as tarifas comerciais.
Um relatório recente da Crédito y Caución prevê que o crescimento das vendas globais será de apenas 1,8% em 2025 e 1,3% em 2026. É de recordar que o setor registou uma recuperação de 5,8% em 2024, pelo que a desaceleração estimada para este ano é significativa.
No caso da Europa, a estimativa de crescimento situa-se em 3,8% em 2025 e apenas 0,1% em 2026. Os mercados com os níveis mais elevados de risco de crédito são a Áustria, a Suécia e a França.
Neste último caso, o aumento do desemprego registado em França está a aumentar a relutância dos agregados familiares em reforçar o seu consumo devido à falta de confiança no futuro. Os stocks estão bastante elevados devido aos baixos níveis de procura.
As tarifas comerciais agravam a pressão sobre o setor
As tarifas comerciais e o protecionismo são as principais ameaças para este setor. Potenciais perturbações nas cadeias de abastecimento e o aumento da volatilidade nos preços das commodities, energia e transportes poderão aumentar os preços dos equipamentos domésticos no retalho e, de um modo geral, afetar as decisões de compra dos consumidores.
Se os custos operacionais aumentarem substancialmente, alguns retalhistas poderão ser obrigados a modificar as suas políticas de fornecimento e a procurar novos parceiros para contornar aumentos tarifários. Muitos tentarão transferir os custos para os clientes, aumentando os preços para proteger margens já apertadas.
Concorrência crescente e maior risco de insolvências
Os operadores de menor dimensão em mercados avançados enfrentam riscos mais elevados de insolvência. Ao mesmo tempo, os retalhistas online estão a aumentar a sua quota de mercado, pressionando os operadores tradicionais.
Neste contexto, para se manterem competitivos, os operadores tradicionais e os pequenos retalhistas terão de oferecer serviços adicionais, expandir o seu negócio online e melhorar as suas capacidades digitais. No entanto, isto exige um investimento elevado num cenário de margens de lucro apertadas, especialmente no caso dos pequenos retalhistas.



