As novas gerações no trabalho, ESG, diversidade, gestão de pessoas e talento. Estes foram os temas em foco na conferência ‘Contra Tendências’, uma iniciativa da Header, que trouxe desafios para as empresas: desconstruir certezas, desafiar o status quo e olhar o futuro organizacional com pensamento crítico, coragem e propósito.
O evento aconteceu na NOVA SBE, no dia nove de outubro, e reuniu uma audiência de C-Level Executives, Diretores e Profissionais de Recursos Humanos.
Escutar mais, falar menos: a comunicação que transforma
Carla Rocha, especialista em comunicação, abriu a sessão, trazendo a importância da forma como comunicamos. «A comunicação nas empresas é muito hermética», declarou. Num mundo orientado por resultados e metas, muito fica para trás no processo de comunicação. O segredo, defende, está no silêncio e em escutar mais.
Seguiu-se um painel de debate, ‘Performance q.b.: e se o talento não fosse tão especial?’, que contou com a presença de Rita Távora, Country Talent Development Manager da IKEA, e Anabela Silva, People Advisory Services Tax Leader, Portuguese Cluster, da EY, moderado por Elsa Dinis, HR Learning & Development, Jerónimo Martins.

Para Anabela Silva, todo o talento tem valor, uma vez que «nem todo o talento é excecional e um dos desafios que surge são as gerações que querem reconhecimento imediato». Com a Inteligência Artificial, há tarefas e trabalhos que quem acaba de entrar numa empresa já não vai fazer. Muitas lições e competências ficam por adquirir, outro desafio dos novos tempos.
Rita Távora garante: «Não precisamos apenas de pessoas que cresçam nas funções de liderança, mas também que se adaptem às mudanças». Por sua vez, Elsa Dinis relembra que a gratificação pode retirar resiliência e motivação.
Não podemos ter equipas excecionais sem diversidade.
A geração que quer – ou não – estar aqui e o papel da diversidade
Após o coffee break, a audiência regressou para o painel ‘A Geração “Antiwork”: Como liderar quem não quer estar aqui?’, com Filipe Varjão, Engenheiro de Software na 2600Hz na Ooma Company, e Maria Amaral, Senior Manager da Accenture, com moderação de Inês Carneiro e Sousa, Professora Assistente do ISCTE e Investigadora.

De seguida, o debate ‘Diversidade e Inclusão: A Bolha Está a Rebentar?’ trouxe uma reflexão sobre o caminho que tem sido feito em matéria de D&I. Como tal, André Cruz Alves, People Relations Director, NOS, Conceição Zagalo, Presidente do Conselho de Administração e Executivo da Fundação LIGA, e Isabel Viegas, Chief People Officer na Semapa e Vice-Presidente da dNovo, subiram ao palco. A moderação ficou a cargo de Nélia Câmara, Diretora da Escola Executiva da NOVA FCT.

A verdade é que o caminho da inclusão não está a avançar à velocidade esperada. «Temos de ser muito realistas e perceber como podemos criar as soluções certas», refere Isabel Viegas. Estes valores devem ir para além dos números e estudos sobre este tema, quebrar «estigmas e teias de aranha».
Conceição Zagalo vê a conexão humana como essencial no trabalho e a verdadeira inclusão assenta fortemente nesta premissa. «Não sejamos pessoas estigmáticas!», convida. André Cruz Alves garante que as competências de D&I vão além de quotas e compromissos, têm mesmo um impacto financeiro. «Hoje em dia, o que não falta são evidências de que a diversidade dá riqueza», conclui.
Para onde nos leva o ESG?
Da parte da tarde, o painel ‘O ESG Perdeu o Brilho: As Empresas Devem Parar de Tentar Salvar o Mundo?’ trouxe a audiência de volta para o Grande Auditório Jerónimo Martins. Catarina Barreiros, CEO da Do Zero, Cláudia Simões, Coordenadora Desenvolvimento Sustentável da Luís Simões, e João Mestre, Head of Sustainability da Fidelidade, foram os oradores desta conversa. A moderação ficou a cargo de Joana Garoupa, Diretora Geral da Garoupa Inc.

Para João Mestre, é bom que a sustentabilidade tenha «perdido algum brilho», na medida em que é importante rentabilizar esta questão nas empresas, de forma a torná-la sustentável na sua atividade. Cláudia Simões desafia as empresas e consumidores a medir a eficiência e medidas de sustentabilidade no dia a dia, o real impacto que cada atitude pode ter.
A dificuldade semântica da sustentabilidade é também algo que poderia melhorar, segundo Catarina Barreiros. Apesar de tudo, esta questão já deveria ser prioritária na vida de todos. «Ser sustentável é mais barato. Precisamos de consumir com responsabilidade e as empresas podem ser nossas aliadas», garante.
Liderar como um maestro
A conversa ‘Liderança Tóxica ou Cultura Frágil? E os Resultados?’ contou com José Eduardo Gomes, Maestro da Escola Superior de Música de Lisboa e Pedro Raposo, Diretor de RH do Banco de Portugal.
O foco da conversa foi a gestão de pessoas, mas a música foi o veículo, e uma orquestra é o exemplo perfeito de uma equipa de trabalho. «Eu tenho de convencer de forma positiva os músicos a ir pelo meu caminho», explicou. «Enquanto gestores, o nosso papel não é fazer, é ajudar a construir!», reforçou Pedro Raposo.

O dia terminou com mais um debate, ‘Do Hype à Realidade: O Trabalho Flexível é um Erro?’, com Miguel Balboa de Sousa, CEO da CINCA, e Paulo Fradinho, Head Business Development da Coverflex, com moderação de Rita Duarte, Header, e com uma talk, ‘Temos pessoas a mais nas nossas organizações’, de Nadim Habib, Faculty Member da Nova SBE.




