Ajudar as empresas portuguesas a entrar e vender na Amazon e a tirar partido da inteligência artificial (IA) para gerar leads de negócio é o objetivo da Growth Ignition, o novo projeto de Miguel Pina Martins (Chairman) e do ex-Google Portugal, Nuno Pimenta (CEO). Mas a conversa rapidamente se desviou do planeamento estratégico para a percepção de que o futuro já está a acontecer, e não espera por ninguém.
The Future of Sales – Powered by AI, encontro que os juntou, foi exatamente isso: uma olhar direto para a nova era do comércio moldada pela inteligência artificial, onde a distribuição deixa de ser mapa para se tornar força tectónica.
A sessão decorreu ontem, na Casa de Praia, no espaço do WYgroup, em Santo Amaro de Oeiras, durante o Encontro de Conselheiros da revista Líder. Juntaram-se profissionais e líderes interessados na aceleração tecnológica que está a virar do avesso a forma como se vende, se procura clientes e se constrói estratégia comercial.
Fazer crescer empresas num mundo que já não espera
Pina Martins foi breve, mas certeiro: entrar na Amazon é ciência e é guerra e a Science4You, fundada pelo próprio, tornou-se a empresa nacional que mais vende na plataforma. «Quisemos dar esta oportunidade a outras empresas», explicou. O segredo? Otimizar o algoritmo, usar o LinkedIn como base de dados nuclear, e articular ferramentas de cold calling que, reconhece, «têm alguma complexidade». Mas é precisamente aí que entra a Growth Ignition: «Acreditamos que uma parte do sucesso vai passar por esta parceria.»
Depois, a sala encaminhou-se para as mãos de Nuno Pimenta e foi aí que a conversa ganhou velocidade. A Growth Ignition, disse, assenta em três pilares: e-commerce (ajudar empresas com produtos físicos a crescer na Amazon), Lead Gen & CRM (automatizar todo o processo pré-reunião) e AI Solutions. «O objectivo é simples: que as equipas só tenham de ir às reuniões. Tudo o que antecede já lá está.»
O gestor enquadrou a mudança numa linha histórica. As grandes revoluções tecnológicas surgem numa cadência quase perfeita. Vejamos: computadores nos anos 80, internet nos 90, iPhone em 2005, IA e machine learning em 2015. «O intrigante é o ritmo. A evolução parece exponencial. Os modelos melhoram a uma velocidade fascinante.», concluiu. Mas há algo que, no meio de tantas rupturas, persiste e resiste em moldes a serem reavaliados: a distribuição.
Onde se cria valor e onde se perde
No B2B, explicou Nuno Pimenta, o valor acrescentado vai além da procura, e insere-se vinculativamente no encontro: «Um comercial só acrescenta quando reúne com o cliente.» Tudo o resto — pesquisa, filtragem, abordagem inicial — é custo mascarado de rotina. E é exatamente esse esqueleto burocrático que as novas ferramentas já conseguem eliminar. A Growth Ignition está a criar infraestruturas de email, bases de dados B2B enriquecidas, workflows de IA e mensagens inteligentes. «Existem limites de pedidos de conexão. Por isso temos de ser cirúrgicos.»
O destino? «Local heroes to global leaders. Dos supermercados às Amazons.» Assim, o controlo deixa de ser geográfico e passa a ser sobre quem detém a relação mais estreita com o consumidor.
A distribuição digital mudou. Durante anos, o e-commerce dividia-se entre vendas diretas via Google e vendas third-party.
«70% a 80% das vendas diretas vêm da pesquisa», lembrou o CEO.
Mas isso vai mudar de forma dramática. Com a entrada dos grandes modelos de linguagem, será o ChatGPT (e outros) a assumir uma parte da recomendação comercial. Nasce assim uma nova disciplina: AI SEO.
«Vamos ter de produzir conteúdos para máquinas. Quem é que lê o nosso site? Que LLM o interpreta? Como o convencemos?» Já se produzem ficheiros como llm.txt, estruturas pensadas para modelos de IA. Um território novo, volátil, exigente, mas inevitável.
Vender já não é vender: é antecipar
No encerramento, ficou a ideia-chave que atravessou toda a sessão: a IA está transformar ferramentas e a redesenhar o valor.
Automatiza o que pesa, acelera o que bloqueia e deixa às equipas aquilo que nenhuma máquina domina: a relação humana, o encontro, o instante em que alguém decide confiar.
O futuro das vendas não é um destino. É um processo em curso e, ontem, ficou claro que já começou.
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