O setor das Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC) em Portugal tem registado um crescimento robusto e contínuo, posicionando o país como um dos principais polos tecnológicos da Europa.
Segundo uma análise da Eurofirms – People First, o número de profissionais neste setor cresceu mais de 60% por cento desde 2019, atingindo os 220.000 trabalhadores no final de 2024. A tendência aponta para um aumento adicional entre 8% e 12% até ao final deste ano.
O relatório agora lançado pela organização destaca a valorização salarial no setor: o salário médio anual bruto atingiu os 46 mil euros, com picos de 50 mil euros registados na região de Lisboa. Esta subida representa um aumento entre 35% a 40% desde 2019, tendo estabilizado após 2022, acompanhando as tendências da inflação económica. Note-se, contudo, que apesar dos números promissores, o setor continua a ser presentado maioritariamente por homens. Dos 220.00 profissionais das TIC em 2024, apenas 32% são mulheres, refletindo uma presença feminina ainda minoritária.
Entre as conclusões, o estudo destaca quatro tendências estruturais para as Tecnologias e Informação e Comunicação: o crescimento sustentado do setor, a atratividade salarial, a valorização de perfis versáteis e qualificados, e o reforço do posicionamento de Portugal como uma referência internacional em tecnologia e inovação. Atualmente, estima-se que o setor represente entre 6% e 8% do Produto Interno Bruto nacional (PIB).
Setor começa a estender-se para regiões como Braga, Aveiro e Coimbra
Também de acordo com a análise, foi possível identificar que os perfis mais procurados se dividem entre funções técnicas e cargos de gestão. Entre os primeiros, destacam-se as funções de Full-Stack Developers, Data Scientists, UX/UI Designers e especialistas em linguagens como SQL, Python e JavaScript.
Já nas funções de liderança, sobressaem cargos como Project Manager, Team Leader e Head of IT. Esta procura reflete a necessidade de profissionais com competências técnicas aliadas a soft skills de liderança e gestão de equipas.
Embora Lisboa e Porto continuem a concentrar a maioria das oportunidades de emprego, o crescimento do setor tem vindo a estender-se a outras regiões do país, nomeadamente Braga, Aveiro e Coimbra. Esta descentralização está intimamente ligada à presença de instituições de ensino superior de referência nestas zonas, como a Universidade do Minho ou a Universidade de Coimbra.
Uma área rica em potencial
O relatório sublinha ainda o papel dos fundos europeus na aceleração da digitalização em Portugal, com mais de três mil milhões de euros investidos em iniciativas tecnológicas. De acordo com João Francisco, InCompany Leader da Eurofirms em Portugal, «estes recursos têm sido determinantes para atrair investimento estrangeiro, promover a inovação e impulsionar a instalação de centros de competências em território nacional».
O responsável pelo mercado português sublinha que «este relatório confirma que Portugal não só tem talento como tem vindo a criar condições estruturais para liderar no digital, potenciando assim a criação de emprego qualificado e bem remunerado».
João Francisco alerta ainda para a necessidade de aumentar a representação feminina neste setor, ainda dominado por homens: «é necessário que a academia continue a incentivar e captar as mulheres para a formação nestas áreas. Estamos a falar dos ‘empregos do futuro’ e é importante garantir, desde já, uma maior equidade no setor, aspirando assim a um equilíbrio mais saudável no mercado de trabalho».