No âmbito do Dia Nacional da Sustentabilidade, que se assinala hoje, o Mercado do Bolhão, no Porto, será palco de uma experiência que cruza arte, sustentabilidade e inovação. De 24 a 28 de setembro, o workshop “Tudo se Transforma” vai reunir estudantes e arquitetos para criar estruturas temporárias a partir de resíduos plásticos da indústria têxtil e de papel.
De resto, a escolha permite transferir uma maior relevância para o tema da redução do desperdício e da reutilização, dada a funcionalidade primordial do espaço, onde os produtos frescos e locais são promovidos. O que possibilitará sensibilizar os cidadãos sobre como todos podemos contribuir para um futuro mais sustentável no contexto de um ambiente urbano, no uso consciente de materiais rejeitados.
Durante quatro dias, os participantes vão explorar os limites da inovação e da sustentabilidade na prática arquitetónica, testando soluções com impacto positivo na redução do desperdício.
A iniciativa assinala os 120 anos da Antiga Casa Pompeu, empresa pioneira na valorização de resíduos e hoje um operador de referência na sua gestão global. O workshop é uma coorganização daquela instituição, da Faculdade de Arquitetura da Universidade do Porto (FAUP) e do gabinete de arquitetura hori-zonte, entidades que partilham o compromisso de promover novas abordagens para a circularidade, a regeneração urbana e a valorização de materiais descartados.
O Bolhão como palco de tradição para novas ideias
O resultado será apresentado a partir de 29 de setembro, no próprio Mercado do Bolhão, através de uma instalação composta por uma pérgula suspensa e fardos de papel reinterpretados, que permanecerá no mercado para fruição dos visitantes.
Como sublinha Manuela Silva, CEO da Antiga Casa Pompeu, «este projeto é uma extensão natural da missão da Antiga Casa Pompeu: transformar resíduos em recursos, promovendo uma cultura de circularidade que atravessa gerações».
Símbolo cultural da cidade, o Mercado do Bolhão foi escolhido por ser um espaço que promove tradição, encontro e comunidade, funcionando como palco privilegiado para sensibilizar cidadãos sobre a importância da reutilização de materiais rejeitados no contexto urbano.
Como sublinha Diogo Lopes Teixeira, especialista em arquitetura sustentável e cofundador do gabinete hori-zonte, «o Bolhão, enquanto símbolo da tradição e da vitalidade económica local, é o cenário ideal para dialogar com o passado e o futuro da cidade. Acreditamos que a arquitetura pode ser um veículo poderoso de mudança. Este workshop cria espaço para a inovação e para a troca de ideias entre profissionais e estudantes, num momento em que a arquitetura precisa de repensar os seus próprios limites face à urgência climática, permitindo testar ideias, partilhar conhecimento e inspirar práticas mais sustentáveis.»
A iniciativa inclui ainda um workshop paralelo para crianças, onde, de forma lúdica e interativa, serão explorados os conceitos de circularidade, reaproveitamento de materiais e impacto ambiental.
Em 2024, a Antiga Casa Pompeu fez a gestão de 40.000 toneladas de resíduos, realizou mais de 7.500 serviços de reciclagem (+2,9%) e opera com recurso a 100% de energia proveniente de fontes renováveis. A empresa possui ainda 200 equipamentos instalados em parceiros, ativos cujo valor ultrapassa os dois milhões de euros.