Muitos eram os comerciantes que receavam a digitalização, por acreditarem que se trataria de uma transição complexa e que acabaria por ditar o fim das lojas físicas, da experiência presencial e do contacto humano. Contudo, ainda não atingimos o consumo totalmente automatizado e, na verdade, até começa a ser cada vez mais evidente que não é necessário chegar a esse patamar.
O presente e o futuro do comércio não exigem uma escolha entre o físico e o digital, mas sim o equilíbrio e a colaboração entre os dois modelos. O desaparecimento das fronteiras tem dado origem ao comércio híbrido, o “phygital”, que une o phyical (físico) e o digital. Aqui, a conveniência e a velocidade do e-commerce juntam-se à experiência sensorial e emocional das lojas físicas, aproveitando o “melhor dos dois mundos”.
A transição para este novo paradigma já se reflete nos relatórios. De acordo com o Barómetro CTT E-Commerce 2025, 73,3% das empresas registaram um crescimento nas vendas online no primeiro semestre de 2025, face ao período homólogo de 2024. Por outro lado, o Retail Report 2025 da Adyen revela que 50% dos consumidores portugueses continuam a preferir as lojas físicas, sobretudo pela possibilidade de tocar e experimentar os produtos, antes de os adquirir no imediato, outra vantagem considerada. Assim, mais do que se substituírem, os dois modelos de compra presencial e online têm vindo a convergir, oferecendo uma maior flexibilidade.
Por isso, as empresas que conseguirem integrar os dois canais de forma harmoniosa serão as que melhor responderão às exigências do consumidor moderno. Ter uma gestão integrada e automatizada é fundamental para garantir uma experiência única e completa, com informações atualizadas instantaneamente, como se de apenas um canal se tratasse. Por exemplo, as vendas feitas na loja física devem automaticamente ser atualizadas no stock online e vice-versa, funcionando a partir de um só sistema.
A Inteligência Artificial (IA) e a tecnologia de um modo geral são, naturalmente, imprescindíveis, devendo executar as tarefas mais repetitivas e monótonas. Desta forma, o fator humano pode ser aproveitado para as atividades em que realmente acrescenta valor, como a relação com o cliente e a garantia de que este sai da loja física satisfeito.
A digitalização deve, no entanto, ser acessível a todos os negócios, independentemente da sua dimensão ou do seu volume de faturação. As Pequenas e Médias Empresas (PME) devem igualmente ter a possibilidade de se integrar nos marketplaces e no universo do e-commerce, para impulsionar as suas vendas e otimizar recursos.
O comércio do futuro já chegou ao presente e resulta do equilíbrio entre o modelo presencial e o mundo digital. Os negócios que se focarem em desenvolver o sistema que melhor combine as duas vertentes serão os mais bem-sucedidos, por acompanharem as tendências e manterem a competitividade no mercado atual. É crucial encarar a digitalização, não como um fator que afasta as pessoas, mas sim como o que as aproxima do crescimento e da evolução.

