O verão é a época alta do turismo, mas também um bom termómetro das mudanças mais profundas no setor. Já não se constroem hotéis apenas para dormir: constroem-se para viver. A função continua a ser a mesma – acolher –, mas o que se espera de um edifício hoteleiro mudou. E mudou de forma estrutural.
A GesConsult, empresa especializada em gestão e fiscalização de obras, está envolvida em mais de 18.000 m² de construção hoteleira ativa em Portugal – de norte a sul –, e tem acompanhado de perto esta mudança de paradigma.
«Hoje construímos mais do que edifícios: construímos experiências. A autenticidade local, a sustentabilidade e o conforto andam de mãos dadas. O nosso papel é garantir que tudo isso se concretiza com rigor», afirma Nuno Garcia, diretor-geral da GesConsult.
Cinco tendências estão a redesenhar o setor – e nenhuma é meramente estética. A nova hotelaria exige arquitetura pensada ao detalhe, com soluções versáteis, tecnologia invisível e uma ligação profunda ao território. Eis o que está a mudar.
1. Autenticidade como marca
O luxo contemporâneo é o da identidade. Os novos hóspedes procuram sentir o bairro, a cidade, a cultura. Um hotel, hoje, não pode ser neutro: precisa de contar uma história, integrar materiais locais, respeitar o lugar onde se insere. É um regresso à ideia de pertença – mesmo para quem está só de passagem.
2. Formatos híbridos para novas formas de viajar
Famílias em movimento, nómadas digitais, casais em estadias prolongadas – todos exigem mais flexibilidade. A resposta está em unidades com kitchenettes, zonas de estar integradas e quartos adaptáveis, combinadas com os serviços clássicos: limpeza, room service, segurança. Uma espécie de hotel-apartamento sem perder o toque de conforto hoteleiro.
3. Sustentabilidade como exigência, não como extra
Eficiência energética, materiais de baixo impacto ambiental, climatização inteligente. Já não é só uma tendência – é o novo standard. Os edifícios que não forem energeticamente responsáveis deixam de ser competitivos, quer em termos de operação, quer em termos de financiamento.
4. Reabilitar sem apagar a história
De Alfama ao Porto histórico, muitos hotéis nascem hoje em edifícios com valor patrimonial. O desafio é técnico e simbólico: preservar o passado sem sacrificar o presente. A integração de tecnologia deve ser discreta, sem ferir a estética. Reabilitar não é apagar – é fazer coexistir.
5. Espaços multifunções: dormir, trabalhar, conviver
O hotel do futuro é um espaço vivo. Recebe hóspedes, mas também nómadas digitais, eventos, reuniões, jantares de bairro. A construção deve responder a essa multiplicidade: bom isolamento acústico, redes tecnológicas, zonas de convívio, luz natural e ambientes que favoreçam tanto o descanso como a interação.
A hotelaria é, hoje, uma plataforma de inovação – e a construção, o palco onde essa mudança se materializa.