Laércio Albuquerque, vice-presidente da Cisco Latin America, vítima de burnout, deixa um conselho para todos os líderes: “Tentar ser perfecionista em tudo só leva a um nível de stress exagerado. Assuma a imperfeição: perdoar o passado é o melhor caminho para deixar o futuro vencer.” E acrescenta: “A tecnologia que salva é a mesma que cega”.
“Lideranças Vulneráveis: Mito, Moda ou Realidade?” foi o debate que levantou a problemática sobre ser um super-herói ou simplesmente ser humano, no evento Leading People – International HR Conference. Moderado por Magda Faria, Head of Workspace & Business Flow da Axians Portugal, a temática foi ainda discutida entre Rita Redshoes, cantora e compositora e a atleta Vanessa Fernandes.
Numa sociedade que tem intrinsecamente enraizada a crença de que o sucesso é ganhar e de que devemos estar sempre bem e felizes para o outro, o executivo, partilhou a sua experiência com o burnout e o detoxdigital: “Foi muito duro aceitar que estava a acontecer algo dentro de mim que abalou por completo a minha estrutura”.
Apesar de ser um apaixonado por tecnologia, o vice-presidente da Cisco Latin America sentiu que estava ser controlado por ela, e não o oposto. Depois de muitos anos em que tirava férias e continuava a trabalhar num registo de 24 horas por dia, 7 dias por semana, Laércio Albuquerque foi internado num hospital com arritmias muito fortes, em estado de burnout. A vergonha invadiu a sua mente, com receio de admitir aos seus pais, colegas de trabalho e pessoas que o rodeavam que, afinal, ele é um ser humano, com todas as suas vulnerabilidades.
Após as inúmeras idas ao hospital, fez um Detox Digital de 5 semanas, avisando atempadamente e delegando o trabalho à sua equipa. Teve de fazer uma pausa, algo que já nem existia no seu vocabulário: “Foi muito difícil, mas foi libertador. Percebi que estava doente. Os primeiros dias foram desesperantes, tremia muito, acordava de madrugada a pensar que precisavam de mim. Depois, aprendi a estar em controlo da tecnologia e não o oposto. Vejo as mensagens quando eu quero, não quando o telemóvel avisa.”
Mesmo quando se ama aquilo que se faz, fazer pausas é algo essencial, e hoje o executivo reconhece-o e recomenda: “Queremos fazer tudo ao mesmo tempo, mas mesmo fazendo as coisas que se ama, precisa de pausas.” Só assim, afirma, um líder consegue ter sucesso – ao permitir-se descansar, conhecer-se melhor e respeitar-se. “Sou um líder apaixonado pela tecnologia, mas muito mais apaixonado pelas pessoas. Quanto mais eu aprendo sobre as pessoas e da sua importância na nossa vida, mais valorizo”, acrescenta.
“Toda a gente fala de ser um líder vulnerável. Mas isso é importante para primeiro ser feliz, para assumir a sua imperfeição e ser feliz com ela. Assim torna-se um melhor líder. Quando tiramos os olhos de nós e pomos o ego de lado e colocamo-los noutras pessoas, acontece magia”, conclui o líder que despiu a capa de super-herói, e assumiu-se como um ser humano, tomando de novo controlo da sua vida e da felicidade.
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Por Denise Calado