No mundo empresarial, a necessidade de adaptação e renovação constante é crucial para o sucesso e a prosperidade das organizações. A capacidade de integrar diferentes perspetivas, origens e realidades é um dos principais desafios enfrentados pelas empresas.
O debate “Rebirth – Fazer Renascer as Organizações” trouxe a questão da Diversidade e Inclusão nos locais de trabalho para o palco do Leading People, International HR Conference, e contou com a participação de André Ribeiro Pires, COO da Multipessoal, Sofia Calheiros, Pioneira do coaching em Portugal, Pedro Ramos, CEO da Keeptalent Portugal e Presidente da APG, numa conversa moderada por Cláudio França, Jornalista da SIC.
André Ribeiro Pires destaca a importância da inclusão como “um foco essencial da discussão sobre diversidade”. Ressalta que a “adaptação cultural é fundamental para o desenvolvimento das organizações, especialmente quando se trata de integrar pessoas de diferentes raças, géneros e capacidades”.
Segundo o COO da Multipessoal, o desafio não está apenas em disponibilizar postos de trabalho para pessoas com incapacidades, mas também em garantir que os ambientes de trabalho estejam adaptados, e que as lideranças estejam preparadas para lidar naturalmente com as diferenças.

Quotas: um problema, ou uma oportunidade?
Pedro Ramos argumenta que as empresas precisam valorizar a diversidade de pensamento e perspetivas. Para o presidente da APG, é essencial encontrar novas soluções para os desafios atuais e futuros, o que tal só é possível quando as equipas são compostas por pessoas com origens, contextos culturais, religiões e sexos diferentes.
No que toca à questão das quotas, Pedro Ramos é “tendencialmente contra” a medida, contando a sua experiência enquanto membro do comité empresarial do CONARQ. “Quando damos um foco muito grande à inclusão, estamos a criar uma geração dos coitadinhos”, reforça; “As pessoas têm todas de ser integradas nas organizações”.

“As organizações têm de pensar o que têm dentro delas, precisamente para ter novas soluções, pessoas que pensam de forma diversa”
Já Sofia Calheiros, confessa que “quando as quotas apareceram, fui super convidada para exercer vários cargos; senti uma humilhação enorme. Recusei tudo, porque estava zangada”. No entanto, agora reconhece que “as quotas têm de existir, e não nos podemos distrair, porque a coisa não está feita, e não vai ficar feita tão cedo”.
“E tem de existir para obrigar pessoas que estão à frente a escolher pessoas diferentes, porque senão a tendência natural do ser humano é escolher pessoas iguais a ele”
Para a pioneira do coaching em Portugal, a inclusão vem complementar “a magia das quotas”. “Haver quotas e depois estarem minorias dentro das organizações, em qualquer que seja o nível organizacional, a ter de exercer a sua diversidade é quase impossível porque a assimetria vai ser enorme”, conclui.

“Eu também sou contra as quotas, mas considero que é um mal necessário”, comenta Armindo Monteiro, “O que é necessário é ajudar as próprias associações a promoverem e fazerem ascender as mulheres”.
“As empresas têm de ser uma orquestra; se não tivermos este sentido de orquestra, e só quisermos ter instrumentos de corda ou de percussão, não vai funcionar.”
Reinventar organizações, para o País progredir
Armindo Monteiro, presidente da CIP, confirma que a diversidade e inclusão é um tema “absolutamente fundamental para termos uma sociedade mais próspera”.
Reforça que Portugal se encontra em 5º lugar no ranking dos países mais pobres da Europa, e que acredita ser “uma questão cultural”. “Cultural em termos de cidadania e organizacionais.”
Em Portugal, refere Monteiro, os níveis das organizações são ainda muito baixos, “ainda sobrevive aquela ideia fenícia que nós temos na Europa; somos um tecido empresarial mercantilista: produzimos poucos, criamos pouco, e sobretudo dedicamo-nos ao comércio”.
Comenta que a internacionalização de Portugal é ainda muito recente, já que a exportação para as ex-colónias era “uma experiência hegemónica”.

“A internacionalização começou a ser feita depois, onde competimos com os melhores, a uma escala global, onde a inovação, o desenvolvimento, o marketing e o design contam.”, diz o presidente da CIP.
Só com uma cultura com menos patrões e mais empresários e líderes se muda o paradigma, “só que esta cultura do patrão está ainda muito presente em determinados setores de atividade.”, menciona.
“Nesta situação, é preciso reinventar tudo isto; é preciso juntar valor, e um valor inclusivo. É um perfeito disparate que hoje continuemos a falar de testosterona, e não falemos em sensibilidade, inteligência emocional, em tato, e todas essas perceções que normalmente não fazem parte do universo masculino, mas que também podemos e devemos aprender se realmente quisermos singrar hoje”, conclui.
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