Face aos desafios das alterações climáticas, perda de biodiversidade e aumento da procura global de alimentos, a tecnologia e inovação têm servido a ciência na busca de soluções sustentáveis. Ainda assim, uma das maiores perguntas do século tem-se intensificado: como alimentar a população mundial de forma eficiente?
A gestão eficaz dos sistemas alimentares e hídricos exige dados mais holísticos e integrados para impulsionar intervenções sustentáveis. A coordenação do uso de dados, potenciada pela inteligência artificial (IA) pode esconder a resposta.
Durante dois anos, o Conselho do Futuro Global do Fórum Económico Mundial analisou esta questão e desenvolveu um modelo com o objetivo de criar estratégias mais informadas e eficientes nestas questões. Estas são algumas conclusões.
Dados, inovação e sustentabilidade devem estar interligados
Os aglomerados de dados integram diversos conjuntos de dados numa única plataforma, tirando partido da IA para melhorar a tomada de decisões em setores como os dos alimentos e da água, onde é necessária uma maior integração. Estas ‘pilhas’ ajudam os decisores políticos, as empresas e as indústrias a fazer escolhas mais sustentáveis.
No entanto, as tecnologias de IA consomem uma quantidade significativa de água, energia e matérias-primas, o que suscita preocupações de sustentabilidade. Para maximizar os benefícios, a IA, esta deve ser concebida com um impacto ambiental mínimo.
O Global Futures Council on Food and Water Security defende a criação de quadros de governação sólidos para mitigar os riscos desta tecnologia e garantir a sua utilização responsável na resolução dos problemas da água e dos alimentos.
Uma gestão inteligente dos alimentos e da água
O Global Futures Council reconhece o potencial da IA generativa e das tecnologias emergentes para apoiar os decisores em toda a cadeia de valor dos alimentos e da água.
Para implementar e dimensionar eficazmente este conjunto de dados, o Conselho propõe quatro princípios fundamentais: (1) Cocriação de infraestruturas de dados de acesso livre com os utilizadores finais para garantir a aplicabilidade local e o envolvimento a longo prazo; (2) Alavancar os mercados naturais e o financiamento inovador para sustentar o sistema e integrar os alimentos e a água nas estratégias de financiamento do clima; (3) Estabelecer uma coordenação entre as várias partes interessadas para alinhar as políticas nacionais, otimizar a atribuição de água e promover a colaboração entre setores; (4) Preparar o sistema para o futuro, tendo em conta os impactos das alterações climáticas, as tecnologias emergentes e as inovações na produção alimentar sustentável.
Levar esta tecnologia e conhecimento a todos os países do mundo requer um apoio e financiamento dos países mais desenvolvidos, de forma que todos tenham acesso a esta tecnologia.
O caminho para decisões mais precisas e sustentáveis
O acesso crescente a dados de alta qualidade permitirá o desenvolvimento de modelos de IA mais precisos e eficazes, facilitando a tomada de decisões de forma acessível e estratégica.
No entanto, a simples disponibilidade de dados não garante ação, como se vê na transição lenta para a eliminação dos combustíveis fósseis, por exemplo. Para que a IA contribua de forma impactante na gestão agrícola e ambiental, é essencial adotar uma abordagem cautelosa, garantindo sua ampla utilização sem comprometer a sustentabilidade.
Ao priorizar a integração de dados e investir em soluções inovadoras, líderes e empresas podem enfrentar os desafios da segurança alimentar e hídrica, ao mesmo tempo que fortalecem a resiliência contra mudanças climáticas e avanços tecnológicos.