É em Cascais que arranca o programa-piloto da Food Made Good, uma das certificações internacionais mais respeitadas no mundo da sustentabilidade alimentar. Fruto de uma parceria entre o Westmont Institute of Tourism & Hospitality da Nova SBE e a britânica Sustainable Restaurant Association (SRA), com o apoio da Associação Turismo de Cascais, o programa chega ao país com uma ambição clara: transformar, de forma prática e gratuita, a forma como restaurantes e hotéis operam, compram, cozinham e gerem recursos.
A primeira edição arranca com um núcleo duro: empresas líderes do setor — que somam mais de 100 unidades em território nacional e mais de mil a nível global —, além de entidades públicas e parceiros estratégicos.
Mas o plano vai mais longe. Para as próximas edições, está previsto um alargamento do programa, com acesso gratuito a ferramentas técnicas, acompanhamento personalizado e um pré-diagnóstico de maturidade para a certificação. O objetivo é claro: ajudar cada restaurante ou unidade hoteleira a identificar prioridades e iniciar um caminho sustentável — desde a origem dos produtos ao combate ao desperdício, passando por energia, água e sazonalidade.
Em Portugal, apenas um restaurante detém atualmente esta certificação. A meta é mudar isso.
Num contexto global em que quase um terço dos alimentos produzidos é desperdiçado e o sistema alimentar representa cerca de 30% das emissões de gases com efeito de estufa, o setor da restauração está sob pressão. Mas também tem nas mãos uma oportunidade única: liderar a mudança com impacto ambiental real e benefícios diretos para a resiliência e competitividade dos negócios.
Sete pilares do programa
O programa assenta em sete pilares: celebrar a proveniência, apoiar produtores locais e práticas justas, promover menus equilibrados e éticos, proteger os oceanos, reduzir a pegada carbónica, combater o desperdício e aplicar soluções circulares em toda a cadeia. Sustentabilidade, aqui, não é discurso. É prática diária.
«O que oferecemos é um mapa de ação. Uma abordagem holística e mensurável à sustentabilidade, com resultados desde o primeiro módulo. O objetivo não é a certificação em si, mas a transformação do processo. E é por isso que repetimos o programa todos os anos — para acompanhar a comunidade que se forma e garantir que este não é um ponto de chegada, mas o início de um percurso real», diz Daniela Afonso, diretora executiva do Nova SBE Westmont Institute of Tourism & Hospitality.
Para Bernardo Corrêa de Barros, presidente da Associação Turismo de Cascais, o impacto vai além da técnica: «Está em causa uma mudança de mentalidade. Excelência não é abundância, é curadoria. Não é excesso, é autenticidade. Cascais acredita que menos é mais: menos desperdício, mais significado. Esta iniciativa reforça o compromisso contínuo do concelho com a sustentabilidade, reconhecido internacionalmente com o selo Green Destinations – Platina, e agora reforçado pela plataforma Cascais For Tomorrow.»
O programa é gratuito e está aberto a todas as unidades, independentemente da sua dimensão ou localização: do restaurante de bairro ao resort cinco estrelas, passando por hotéis rurais ou espaços independentes. A ideia é simples: transformar, sem excluir. E mostrar que sustentabilidade também é hospitalidade.