Muito se tem debatido a capacidade de atrair investimento para Portugal e como melhorar esta faceta. Certo é que continua a ser um país atrativo para a atividade económica, sendo a disponibilidade de mão-de-obra qualificada (80%), a fiabilidade das infraestruturas (70,7%), os custos competitivos (64%) e o elevado nível educacional da população (49,3%) os fatores em destaque para os investidores. Já a política fiscal é o fator menos atrativo (2,7%).
Adicionalmente, a eficiência empresarial em Portugal desceu da 39.ª para a 42.ª posição num estudo mundial, apresentando um desempenho misto. A produtividade e eficiência caíram ligeiramente (47.º vs 45.º lugar em 2024), as finanças recuaram um lugar (45.º) e o mercado de trabalho melhorou duas posições (43.º). As práticas de gestão mantiveram-se estáveis (46.º) e as atitudes e valores desceram ligeiramente (28.º).
Destacam-se positivamente a cultura nacional (3.º), a participação feminina na força de trabalho (8.º), além da flexibilidade e adaptabilidade (11.º). Entre as fragilidades estão o fraco desempenho dos mercados bolsistas (62.º), a insuficiente formação de trabalhadores nas empresas (61.º) e a elevada fuga de talentos (61.º).
Estas são algumas conclusões do ‘Ranking de Competitividade Mundial do IMD 2025’, que avalia 69 economias, lideradas pela Suíça, que regressa ao primeiro lugar, seguida por Singapura e Hong Kong. Dinamarca deixa o pódio tendo passado para a 4.ª posição (3.ª em 2024). Estes países destacam-se pela sua estabilidade institucional, capacidade de inovação e dinamismo económico.
Os resultados, divulgados em Portugal em parceria exclusiva com a Porto Business School (PBS), revelam, contudo, que o país desceu uma posição para 37.º no ranking do IMD, refletindo ainda assim uma base competitiva estável num contexto global adverso.
Infraestruturas e eficiência governativa acima de Espanha e Itália
Portugal subiu mesmo para a 25.ª posição em termos de ‘infraestruturas’ – o seu melhor desempenho entre os quatro fatores analisados num estudo recente. Para tal, contribuiu a manutenção dos bons resultados na educação (21.º), beneficiando da otimização nas infraestruturas básicas (16.º vs 33.º em 2024) e científicas (26.º). O país continua a superar países como Espanha (39.º) ou Itália (43.º), destacando-se pelas suas infraestruturas e eficiência governativa, apesar dos desafios empresariais e económicos.
Neste campo, o país destaca-se, ainda, pelo crescimento populacional e pela taxa de escolarização no ensino secundário (ambos 2.º lugar). Entre as fraquezas surgem o desperdício alimentar (61.º) e o rácio de dependência (56.º).
No fator ‘eficiência governativa’, Portugal sobe seis posições (35.º), assinalando-se os progressos nas finanças públicas (36.º vs 37.º), política fiscal (56.º vs 58.º), quadro institucional (30.º vs 42.º) e legislação empresarial (24.º vs 25.º), enquanto o quadro social mantém-se estável no 25.º lugar. O país destaca-se pela confiança dos investidores estrangeiros e por ter um governo livremente eleito (ambos 1.º lugar do ranking). Como fragilidades, persistem a carga elevada de impostos reais sobre as pessoas (66.º) e o sistema de justiça (59.º).
Relativamente ao ‘desempenho económico’, Portugal regista uma queda para a 42.ª posição (39.º em 2024), refletindo desafios internos. A economia doméstica desceu do 44.º para o 54.º lugar, enquanto o comércio internacional subiu do 25.º para o 22.º posto, demostrando maior dinamismo externo. O investimento internacional recuou ligeiramente (33.º vs 29.º em 2024), o emprego manteve-se estável (39.º) e os preços desvalorizaram dois lugares na tabela (36.º). Destacam-se positivamente a concentração das exportações (3.º) e as receitas do turismo (7.º), enquanto persistem fragilidades no PIB real per capita (62.º) e no desemprego jovem (58.º).
Que desafios se avizinham para Portugal?
O IMD e a PBS destacam, no caso português, cinco desafios estratégicos para os próximos anos. Entre eles, a necessidade de diversificar a economia, reduzindo a dependência do turismo e a exposição a choques externos; bem como o reforço da educação e da qualificação em áreas críticas como gestão, tecnologias digitais e transição verde. A reforma dos serviços públicos – particularmente na saúde, justiça e educação -, poderia contribuir para melhorar a eficácia e sustentabilidade.
Além disso, seria fundamental inverter a tendência demográfica através de políticas de natalidade e de uma imigração integradora. Por fim, a revisão das leis de falência e reestruturação empresarial fortaleceria a competitividade do tecido empresarial português.