Entre o passado, o presente e o futuro, José Luís Simões acredita que o mundo se regenera sempre pelo princípio da dificuldade e da superação. É no embate com os obstáculos que se forja a realização pessoal e coletiva. Essa visão atravessa o percurso de uma vida dedicada a transformar um atrevimento inicial num grupo empresarial que hoje é referência em logística e transportes.
É nesse espírito que se insere o mais recente episódio do podcast Entre Gerações, conduzido por Telma Delgado, Business Director da Header, que recebeu José Luís Simões, Presidente do Conselho de Administração da Luís Simões. Todos os episódios estão disponíveis na Líder TV.
Um homem do meio rural que atravessou fronteiras
Antes da memória se tornar empresa, havia apenas o gesto simples de dois jovens, um homem e uma mulher, que acordavam cedo e punham o corpo ao serviço do dia. Os pais de José Luís Simões. Havia a terra, a horta, o peso das mãos que carregavam legumes, e havia também a ousadia de acreditar que dali podia nascer algo maior. A carroça puxada pela esperança foi o primeiro veículo de um caminho ainda sem nome, mas já cheio de destino.
«Creio que a carroça da família tenha sido o primeiro meio de transporte que usámos, para trazer legumes e comercializar, sobretudo, no mercado da Figueira, mas ainda não havia o conceito de empresa. Eram dois jovens, os meus pais. Depois adquiriram uma camioneta. Não era bem um investimento, mas um atrevimento», recorda.
A história começa na aldeia de Moninhos, em Loures, num meio marcadamente rural e agrícola. Foi aí que nasceram as bases do negócio familiar. «De manhã, fizesse chuva ou sol, a minha mãe estava na horta, a tratar dela. Ela estava sempre presente. Disponível. Foi tudo naquela aldeia. Médica, parteira. Tudo.» Mas não ficaram por aí. A educação que prepararam para os filhos foi fulcral para se crescerem sem empecilhos. «Deram-nos também muitas responsabilidades. Eu não sabia como resolver certas coisas e eles diziam-me: tu consegues. Tu resolves. O que somos hoje veio muito disso. De uma responsabilização precoce», assume José.
Essa proximidade com a comunidade foi também a base da cultura empresarial que se foi consolidando. Da mulher com quem José divide quarto e amor, aos funcionários que se sentavam à mesa com os patrões. «O meu pai sempre esteve muito próximo de todos e a minha mãe fazia a comida para nós e para os empregados. Depois, quando casámos, as nossas mulheres também. As nossas mulheres foram determinantes para dar corpo àquela empresa. Além disso, sempre quisemos criar valor nas pessoas para que tivessem atitude e trabalhassem em cima da solução e não do problema.»
Um caminho que atravessou fronteiras e gerações
O caminho, no entanto, não foi linear. «A expansão começou por correr muito mal. Mas renegociámos a dívida com os bancos e inovámos com as entregas. O balanço não aguentava e alguém nos disse que não percebíamos nada daquilo. Então fui tirar um curso na área, aproveitámos o reboque da entrada na Comunidade Europeia e hoje a tesouraria tem de estar sempre equilibrada.»
Nos anos 80, a empresa deu o salto para Espanha. Uma aposta arriscada. «Vender o que seja lá é muito difícil. São outros mercados. Havia congestionamento industrial em Portugal, em que os camiões eram licenciados de acordo com outros setores.»
Ao longo da conversa, José Luís Simões reforça que o espírito de liderança assenta numa visão clara e em valores inegociáveis. «É importante ter atitude, transparência e ética e, acima de tudo, criar soluções. Aparecem pressões de muito lado, alguém tem de ser capaz de dizer que o caminho é por ali.»
E conclui com a convicção que atravessa toda a sua narrativa: «É no superar das dificuldades que está a realização pessoal.»
Assista ao episódio, dividido em duas partes, na Líder TV:
ENTRE GERAÇÕES – Negócios que perduram – Episódio 3 – Parte 1
ENTRE GERAÇÕES – Negócios que perduram – Episódio 3 – Parte 2
Acompanhe aqui a série:
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