O progresso não nasce da discussão ad eternum. Vemo-lo, sim, quando alguém decide agir com clareza e sentido de propósito.
“Portugal mede reuniões, enquanto os países que avançam medem entregas.”
Na União Europeia, apenas cerca de 5 % das empresas tecnológicas criadas na última década atingiram escala significativa, enquanto quase 60 % das scaleups globais se encontram fora do continente. Estes números revelam um problema de execução, mais do que de talento. A Europa investe na criação de ideias, programas e relatórios, mas falha em converter essa energia em sistemas de crescimento contínuo. E o mesmo padrão repete-se em Portugal, onde o tempo entre planeamento e entrega continua a ser o maior obstáculo ao progresso económico.
A liderança moderna esgotou-se num exercício de diplomacia interna. O tempo é gasto a gerir sensibilidades, a prolongar decisões e a justificar atrasos. As empresas e as instituições confundem diálogo com progresso e cometem o pecado mortal de acreditar que consenso é sinónimo de eficácia. Erro crasso. A realidade é outra. Cada reunião sem decisão é um custo escondido. Cada plano que fica por executar é um atraso coletivo.
A liderança pragmática nasce da urgência. O líder que a pratica compreende que o tempo é o ativo mais escasso da economia moderna. Sabemos que cada dia perdido em indecisão compromete o impacto do trabalho de uma equipa inteira. A sua função é garantir movimento ao definir prioridades. Essa clareza gera confiança e transforma a execução num hábito e ritmo impostos.
Governar exige uma combinação rara de frieza e empatia. A frieza serve para decidir sob pressão; a empatia garante que a decisão é compreendida. Um líder que domina estas duas dimensões cria uma cultura de ação. O progresso depende de ritmo, e o ritmo nasce da capacidade de decidir mesmo quando o cenário é incerto.
“Decidir é o ato mais solitário da liderança. E também o mais produtivo.”
E o pragmatismo não é insensibilidade. É responsabilidade. Um líder pragmático não age por impulso, age porque compreende o custo da inércia. As decisões rápidas permitem ajustar cedo e aprender depressa. O progresso raramente nasce de grandes saltos; nasce de decisões constantes e cumulativas que empurram o sistema para a frente.
Portugal enfrenta um défice estrutural de execução. O país produz diagnósticos com precisão e relatórios com detalhe, mas demora a transformar intenções em ação. A cultura institucional valoriza o planeamento e esquece a entrega. A economia moderna não recompensa quem planeia, recompensa quem entrega.
A liderança pragmática é a ponte entre análise e impacto. É o mecanismo que converte talento em resultado. O líder que domina este estilo não procura aplausos, procura progresso. O seu objetivo é simples: garantir que cada minuto gasto em planeamento se transforma em algo que muda a realidade.
O futuro das organizações e dos países será definido por quem decide. A execução é o novo poder. E o poder pertence a quem age.

