Embora o meu percurso profissional ainda esteja numa fase embrionária, tive a sorte, após concluir a minha formação em Informática e Gestão de Empresas, de identificar o percurso que desejava seguir. Decidi, então, que iria dedicar parte do meu tempo a uma causa que considero essencial: contribuir para o desenvolvimento sustentável da economia.
Para melhor enquadramento, esta minha vontade de trabalhar o tema do desenvolvimento sustentável surgiu (ou coincidiu) com a pandemia COVID-19, em 2020. Para mim, a pandemia foi um “abrir de olhos” para a nossa vulnerabilidade enquanto seres humanos, que tendemos a mascarar com a arrogância de que podemos ter as soluções para todos os desafios do mundo. Embora hoje possamos ter encontrado uma solução que tem contribuído para a redução do impacto desta doença, convém relembrar que, durante um período de tempo, foram perdidas milhões de vidas e outras tantas que tiveram de se reinventar, como consequência dos danos económicos causados.
Embora a comunidade científica tenha feito alertas sobre eventuais epidemias que pudessem vir a ocorrer, ainda existe por vezes uma narrativa infundada de descrédito àquilo que é dito pela ciência. Neste sentido, fui-me apercebendo do erro que poderia ser, caso nós (seres humanos), continuássemos a ignorar continuamente as diversas chamadas de atenção da comunidade científica sobre os potenciais impactes negativos das alterações climáticas (p.ex., aumento de doenças provocadas por vetores, a disrupção da biodiversidade, o aumento de eventos climáticos extremos, a desertificação, etc.).
Durante a minha formação em Gestão de Empresas, comecei a compreender que uma parte do problema da insustentabilidade é consequência das atividades das organizações e respetivas cadeias de valor. Estes agentes económicos (organizações), têm em alguns casos ignorado deliberadamente as externalidades negativas que as suas operações e/ou produtos têm para o ambiente (p.ex., destruição de biodiversidade) e sociedade (p.ex., comercialização de produtos que afetam a saúde humana). A minha convicção para que tal aconteça é a ambição desmedida, a contínua procura pelo crescimento económico ilimitado e a perpetuação de uma visão de curto prazo – mesmo que possamos ter muito a perder a longo prazo – através de retorno financeiros imediatos.
Neste sentido, quando tive de responder (a mim próprio) sobre qual a área em que gostaria de me especializar, percebi que podia compatibilizar o meu trabalho com a minha causa. Assim sendo, nos últimos anos tenho trabalhado em conjunto com organizações, de diferentes setores, de modo a que estas integrem na sua estratégia e modelo de negócio práticas que se tendem a alinhar com as premissas do Desenvolvimento Sustentável.
Por fim, a minha recomendação, aos nossos leitores, sobretudo os mais jovens, é que possam parar um pouco e ter tempo de refletir sobre qual a causa para a qual gostariam de contribuir, e, se possível, dedicar ativamente parte da sua vida em torno dessa mesma causa.
BIO
João Montenegro é Licenciado em Informática e Gestão de Empresas pelo ISCTE-IUL e Pós Graduado em Gestão da Sustentabilidade pelo ISEG-UL.
O João é especialista em sustentabilidade e alterações climáticas a nível organizacional. Tem apoiado organizações, do setor público e privado, em diferentes projetos relacionados com a mitigação e adaptação às alterações climáticas e com a transição energética.
É também Global Shaper no World Economic Forum, uma iniciativa global com o objetivo de aproximar os jovens sub-30, na criação de soluções para os problemas globais atuais e futuros e na elaboração de políticas que promovam impacto na comunidade local.
Este artigo faz parte do Repto ‘Quais são as tuas causas?’, lançado aos jovens da Comunidade Global Shapers.