O caminho para a igualdade de género nas empresas está em marcha, mas a meta ainda está longe de ser alcançada. Em muitos setores, as mulheres continuam a bater à porta de um clube fechado, onde os cargos de topo permanecem dominados pelos homens. Embora 66% das empresas já tenham atingido ou estejam perto de atingir os seus objetivos de igualdade de género, apenas 42% concretizaram essas metas nas funções de liderança.
Os números refletem um progresso real, mas também expõem os desafios que persistem. De acordo com o estudo ‘Women in the Workplace 2024’, da McKinsey, as mulheres ocupam atualmente 29% dos cargos de direção executiva, um salto significativo face aos 17% registados em 2015. Nos próximos dois anos, prevê-se que 81% das organizações avancem na equidade, mas o verdadeiro teste será garantir que a mudança acontece onde realmente importa: no poder de decisão.
Progresso visível, mas desafios persistentes
Em Portugal, 27% das empresas afirmam ter já atingido os seus objetivos de igualdade de género, um crescimento face aos 23% registados em 2024. No entanto, a percentagem das que estão próximas de os atingir desceu de 44% para 39%. Ainda assim, projeta-se que, em 2027, 49% das empresas tenham cumprido totalmente as suas metas, enquanto 32% esperam estar muito próximas desse objetivo.
No entanto, nas posições de entrada e gestão intermédia, a evolução tem sido mais lenta, comprometendo a ascensão das mulheres a cargos de topo no futuro. Esta estagnação traduz-se na realidade do mercado português: quase 60% das empresas já concretizaram iniciativas de equidade salarial, mas quando se olha para os lugares de liderança, o número desce para 42%.
Equidade salarial avança, mas liderança continua um desafio
A equidade salarial tem avançado mais rapidamente do que a paridade no poder. Os setores das Finanças e Imobiliário e da Saúde e Ciências da Vida lideram na concretização da igualdade de género, com taxas de 76% e 71%, respetivamente. Seguem-se os Serviços de Comunicação (69%) e os Transportes, Logística e Automóvel (65%). Por outro lado, a Indústria Pesada e de Materiais continua a ficar para trás.
Se o caminho para a igualdade salarial avança, o mesmo não se pode dizer das posições de liderança. Apesar de progressos, a subida ao topo continua a ser um desafio, com mulheres a encontrarem barreiras invisíveis, mas estruturais.
Criar um ambiente de trabalho equitativo exige mais do que boas intenções
Criar um ambiente de trabalho equitativo exige mais do que boas intenções. Entre as estratégias que já mostram impacto, a criação de relações de confiança dentro das equipas é a mais citada pelos empregadores (41%).
Nos próximos 12 meses, os empregadores planeiam reforçar a auditoria das políticas de diversidade e acompanhar de perto as promoções realizadas, ambas mencionadas por 25% das empresas. Também a monitorização da flexibilidade no trabalho ganha relevância, com 22% das lideranças a considerarem esta métrica essencial para avançar na igualdade de género.
«Promover uma maior participação das mulheres não é apenas um imperativo moral», sublinha Pedro Amorim, Enterprise Sales Director do ManpowerGroup para Portugal, Mediterrâneo e Leste da Europa. «Equipas diversas desafiam pressupostos, criam melhores soluções e impulsionam o negócio. As empresas devem continuar a avançar com iniciativas de mentoring, sponsorship e políticas de flexibilidade para garantir que esses objetivos estão cimentados na cultura organizacional.»
O caminho para a igualdade de género: uma mudança estrutural necessária
O avanço das mulheres no mercado de trabalho não pode ser um fenómeno passageiro, dependente de modas ou pressões externas. Para quebrar de vez a estrutura do ‘clube fechado’, as empresas terão de ir além dos números e garantir que a igualdade de género não é apenas uma meta estatística, mas sim uma mudança real e estrutural. Até lá, a porta continua entreaberta, mas longe de estar escancarada.


