Perante uma sala cheia de líderes e decisores, o tema não foi tecnologia, nem geopolítica, nem sequer inteligência artificial. Foi algo mais íntimo e mais profundo: a família. No começo da sua intervenção na Leadership Summit Portugal, Pedro Moura, CEO da Merck, trouxe à sala uma pergunta óbvia e, ao mesmo tempo, inquietante: que futuro teremos se a sociedade deixar de gerar futuro — isto é, crianças?
Desde o início, confrontou a audiência com factos: nos anos 60 nasciam mais de 200 mil bebés por ano em Portugal; hoje são cerca de 84 mil. A taxa de fertilidade portuguesa situa-se em 1,4 filhos por mulher, bem abaixo dos 2,1 necessários à reposição. Projeções como as do Eurostat apontam para uma população de 8,8 milhões em 2080 — um país menor, mais envelhecido, com menos jovens para alimentar o mercado de trabalho, a inovação e as receitas que sustentam pensões e serviços públicos.
«Penso que todos concordamos, estamos perante uma emergência silenciosa», disse Pedro Moura, fazendo a transição da análise para o compromisso: isto não é apenas um problema demográfico; é um problema económico, social e de soberania. «Menos gente significa menos consumo, menos dinamismo económico e maior pressão sobre a segurança social». E, como lembrou, a demografia já não é um fenómeno apenas nacional: enquanto metade do mundo cresce em demografia e peso económico, a Europa arrisca-se a perder influência se não inverter a tendência.
Um Movimento para fazer frente ao envelhecimento da população
Não se tratou apenas de diagnóstico. O CEO da Merck lançou uma resposta prática: o Movimento Mais Fertilidade — uma iniciativa empresarial que junta saúde, empresas e políticas concretas com duas linhas de trabalho centrais: aumentar a literacia sobre fertilidade e tornar as empresas mais amigas da família. «Não compliquemos», pediu ele, resumindo o método: informação clara sobre fertilidade e medidas reais nas organizações.
No terreno, as apostas são concretas e pragmáticas — sessões educativas para colaboradores, creches ou apoio a creches, salas de amamentação, flexibilização de horários, opções de trabalho remoto e regimes de licenças parentais que ultrapassem o mínimo legal. Pedro Moura sublinhou uma vantagem que nem sempre é medida em números: «Empresas que têm ambientes mais favoráveis à família são empresas mais humanas e mais resilientes.» Ou seja, políticas familiares não são apenas custo social; são investimento em recrutamento, retenção e produtividade.
O apelo do discurso foi também mobilizador: já aderiram mais de vinte grandes empresas ao movimento e há um selo e benefícios para quem se juntar. «Somos hoje já mais de 20 grandes empresas que aderiram a este movimento», disse, convidando a plateia a entrar «no pelotão da frente». A mensagem foi direta, política e empresarial: não esperem que o Estado resolva tudo sozinho — o setor privado tem papel e responsabilidade.
Um objetivo que só pode ser alcançado juntos
O tom final foi de urgência e de esperança. Recordou um provérbio: «Se queres ir rápido, vai sozinho. Se queres ir longe, vai acompanhado.» Foi exatamente esse chamado à ação colectiva que Pedro Moura deixou no Estoril: não se trata de um gesto simbólico, mas de uma estratégia de país. «Juntem-se ao movimento Mais Fertilidade», concluiu, numa convocatória que é ao mesmo tempo convocatória cívica e apelo de liderança.
Num tempo em que os cenários se medem por algoritmos e índices, a intervenção de Pedro Moura foi um lembrete: há decisões cujo impacto atravessa gerações. Antecipar e agir hoje é a única forma de garantir que o futuro não nos venha a faltar.
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