Num momento em que o jornalismo atravessa várias dificuldades, foi convocada a primeira greve geral dos últimos 30 anos, ainda sem data definida. As moções que propunham esta paralisação foram reunidas numa única proposta, que foi aprovada por unanimidade no 5º Congresso dos Jornalistas.
Durante o evento, que aconteceu entre 18 e 21 de janeiro no Cinema São Jorge, em Lisboa, foram apresentadas 23 moções, sobre temas que preocupam a classe profissional. Diversidade e necessidade de fazer alterações no Código Deontológico foram alguns dos temas abordados.
Com a aprovação de greve, os jornalistas reivindicam «atualizações salariais consentâneas com a exigência e importância social da profissão». Manifestam também solidariedade com todos os trabalhadores da Global Media Group – que inclui, entre outros, o Jornal de Notícias, Diário de Notícias, O Jogo e a rádio TSF – protesta contra o anunciado despedimento de até 200 trabalhadores e a falta de pagamentos.

O caso do jornalista da Expresso que foi agredido enquanto estava em serviço também foi objeto de uma moção apresentada por Diana Andringa, Luís Filipe Simões, Pedro Coelho e Sofia Branco, aprovada pelo congresso. Nesta moção, os jornalistas reivindicam à PGR a criação de um inquérito que apure responsabilidades e conclusão célere na resposta à queixa efetuada.
A questão da diversidade foi também abordada numa moção aprovada pelo Congresso e surgiram as propostas de criação de um grupo de trabalho que verifique a existência de diversidade na constituição das redações, ou a falta dela. Para além disso, foi proposta a criação de um documento de consulta para as redações, em que estejam visíveis as lacunas consideradas relevantes por associações e ONG.
A saúde mental dos profissionais esteve também em debate, originando uma moção aprovada, onde se sugere a gratuitidade de consultas de psicologia para jornalistas, já que «48% tem níveis elevados de esgotamento e 18% está já em exaustão profissional.», referiu o documento.
Os jornalistas salientaram ainda que deve ser feita uma “Reformulação do artigo 2º do Código Deontológico dos Jornalistas, para que nele sejam incluídos os termos clickbait e “desinformação”. A moção propõe que, para além da ”censura e o sensacionalismo”, os profissionais devem combater estes dois fenómenos.
Imagem destaque: Eva Santos



