Continuando a tradição, eis os livros de gestão que mais gostei de ler em 2023. Sem ordem específica ou talvez não começo com The Case for Good Jobs, de Zeynep Ton. Já tinha gostado muito do anterior sobre o mesmo tema, mas Ton volta a acertar em cheio, mostrando como é possível tornar o trabalho mais interessante, compensador e gerador de valor. Na fronteira entre a gestão de pessoas e a gestão de operações, este é um livro muito rico em teoria e aplicação.

Outro dos bons livros de 2023 é Right Kind of Wrong, de Amy Edmondson. Edmondson é desde há muito uma das minhas autoras favoritas. Tem estudado a aprendizagem nas equipas e nas organizações. Destaca a forma como os erros são trabalhados, um processo que faz toda a diferença. Este é mais um capítulo na obra de uma autora fundamental do pensamento de gestão contemporâneo. 
How Big Things Get Done é o novo de Bent Flyvbjerg outro dos favoritos cá de casa, neste caso com Dan Gardner. O primeiro autor é um dos especialistas na gestão de projetos. Neste livro procura entender as causas das derrapagens dos grandes projetos, um tema que os portugueses bem conhecem. Adianta também pistas sobre como fazer as coisas acontecerem a tempo e horas. Todos os decisores públicos deviam ler este livro.

Outro livro memorável é The secret of culture change, de Jay Barney, Manoel Amorim e Carlos Júlio. Os autores discutem a importância das histórias na construção e execução das estratégias. Com muitas e altamente persuasivas ilustrações, o trio mostra que a construção e a implementação da estratégia depende da qualidade das histórias contadas na organização. Sem boas histórias fica mais difícil ter boas estratégias.

Nas biografias o destaque irá para Musk, de Walter Isaacson. O autor é o mesmo da biografia de Steve Jobs. O resultado é, mais uma vez extraordinário. Musk é um personagem com todos os ingredientes para uma grande biografia: excessivo, insano mas uma daquelas raras pessoas com um lado genial. Este é um livro irresistível que fixa Isaacson como o melhor biógrafo de negócios da atualidade.

Frameworks of Power (Sage), de Stewart Clegg chega à segunda edição, depois do original de 1989. Este é o livro com que mais aprendi sobre o poder, esse ingrediente fundamental da vida organizacional. Declaro que o autor é amigo e coautor mas a recomendação tem a ver com a qualidade do trabalho, uma viagem teórica pelos meandros do poder, esse elemento central à vida das organizações. Para entender as organizações, é necessário compreender o poder. Este livro é uma boa porta de entrada no tema.

Em português por portugueses menciono Liderança transformadora no setor público, de Carlos Carapeto, e Negociação, de Eduardo Simões, ambos com selo das Edições Sílabo. Eduardo Simões, do ISCTE, tem-se dedicado ao estudo do tema que aqui bem apresenta. Carlos Carapeto tem a arte de colocar “liberdade, imaginação e criatividade”, as três palavras do subtítulo, num livro sobre a gestão pública. É obra. Aliás, dada a exiguidade do mercado, escrever e publicar em Portugal é um ato de coragem, pelo que aqui fica uma palavra de reconhecimento aos bravos escritores e editores que não se deixam desanimar.

Bom 2024. Continuem.

