À medida que os mercados se tornam mais dinâmicos e digitalmente exigentes, a busca por perfis adaptados aos trabalhos do futuro deixou de ser apenas uma tendência para se tornar uma prioridade estratégica. Já não basta recrutar com base em diplomas ou experiências passadas: é necessário identificar candidatos com capacidade de aprendizagem contínua, agilidade mental, sensibilidade tecnológica e competências sólidas.
Neste sentido, a LTPlabs, consultora portuguesa de gestão que usa Inteligência Artificial (IA), lançou a 1.ª edição do SHAPERS, um programa de recrutamento de talento variado. Esta iniciativa destina-se a pessoas com um percurso académico de excelência que pretendam não só dar os primeiros passos na aplicação de IA aos negócios, mas também construir uma carreira sólida e diferenciada.
As candidaturas às 30 vagas disponíveis são válidas para vários cargos: Business Analyst, Data Scientist, Data Engineer, Software Engineer, ML Engineer, entre outros. As áreas de estudo abrangem cursos de Engenharia, Ciência de dados, Gestão, Matemática ou relacionados. Em quatro meses, a empresa vai investir 500 mil euros no SHAPERS, sendo que a iniciativa irá contar com mais edições no próximo ano.
À Líder, Inês Vasconcelos, Diretora de Recursos Humanos na LTPlabs, explica a importância de perfis cada vez mais tecnológicos nos próximos anos nas empresas.
Por que razão os perfis com competências em Inteligência Artificial são hoje tão procurados pelas empresas?
Vivemos uma verdadeira revolução impulsionada pela Inteligência Artificial, e o mundo empresarial não é exceção. As empresas percebem que, para se manterem competitivas, precisam de saber tirar partido desta transformação, tal como aconteceu há alguns anos com a digitalização.
A contratação de profissionais especializados em IA, quando aliada a uma estratégia clara e consistente, pode ser um fator decisivo de sucesso e diferenciação. No caso da LTPlabs esta procura está associada à génese da empresa – o nosso propósito é apoiar decisões com IA, com excelência e inovação e, como tal, precisamos dos melhores na nossa equipa.
O que distingue um talento verdadeiramente preparado para trabalhar com IA? Que tipo de conhecimentos ou soft skills são mais valorizados?
Um talento preparado conjuga um conhecimento técnico sólido — que é a base — com competências humanas que fazem a diferença. Destaco um sentido apurado de negócio como um fator decisivo para uma verdadeira integração das soluções na realidade das empresas, a capacidade de pensar criticamente sobre o objetivo último da solução e para quem se destina, bem como a habilidade de comunicar e colaborar com diferentes stakeholders.
A combinação entre visão técnica e pensamento relacional é o que realmente distingue um profissional e é aquilo que nós procuramos nos atuais e futuros LTPeers.
Quais são os maiores erros que as empresas cometem ao recrutar ou integrar profissionais ligados à IA nos seus processos?
Um dos erros mais comuns é contratar de forma reativa, apenas pelo receio de’ficar para trás’, sem um planeamento estratégico claro para o papel da IA na organização. Outro equívoco frequente é desvalorizar perfis com formações académicas menos óbvias — como Física ou Bioengenharia — que muitas vezes trazem um pensamento analítico excecional e uma base ideal para crescer e gerar impacto nesta área e que são também promotores de diversidade de pensamento.
O que motivou a criação do programa SHAPERS e como se distingue de outras iniciativas de recrutamento de talento em Portugal?
O SHAPERS nasceu associado ao crescimento acelerado da LTPlabs. Prevemos duplicar a nossa equipa até 2026, recrutando mais 100 pessoas, e o modelo de recrutamento mais orgânico que seguíamos deixou de ser suficiente. O programa tem dois grandes objetivos: aumentar a nossa visibilidade e criar comunidade.
Por um lado, reforça o employer branding e a forma como comunicamos oportunidades; por outro, aposta num onboarding em grupo, que permite aos novos LTPeers partilhar experiências e criar laços desde o primeiro dia, fortalecendo o sentido de pertença.
O que considero verdadeiramente diferenciador é a possibilidade de os participantes aprenderem através de experiências práticas e, ao mesmo tempo, estarem rodeados por uma equipa de especialistas que os ajuda a aplicar as competências do futuro. Acresce ainda a cultura única da LTPlabs, marcada por colaboração, excelência, confiança e disrupção, que cria um ambiente simultaneamente desafiante e seguro — propício a uma aprendizagem contínua e a um crescimento acelerado.
De que forma é importante aliar conhecimentos e especialização com a vertente de negócio numa empresa?
Essa ligação é, para nós, um dos segredos do sucesso. Só através da combinação entre visão técnica e pensamento de negócio conseguimos detetar oportunidades, explorar soluções viáveis e transformá-las em realidade. É este movimento entre a conceção e a execução, entre o imaginário e o concreto, que permite criar impacto sustentável nos nossos clientes.
Como podem as empresas — especialmente as PME — integrar perfis de IA de forma eficaz e estratégica, mesmo com recursos limitados?
A IA deve ser entendida como uma camada adicional sobre uma base de dados bem estruturada. Sem essa fundação, é como tentar construir uma casa pelo telhado. Para integrar perfis de IA de forma eficaz, as empresas precisam de alinhar prioridades com a sua estratégia, definir um plano claro e investir na preparação da infraestrutura de dados. Só assim o talento especializado em IA pode trazer verdadeiro valor, mesmo em contextos com recursos limitados.