As necessidades não satisfeitas no acesso a cuidados de saúde em Portugal são superiores às registadas a nível europeu. Em 2019 cerca de 40% dos portugueses com necessidades de saúde tiveram pelo menos uma situação em que não conseguiram aceder aos cuidados de saúde, valor superior à média europeia de 26%.
Os dados são partilhados pelas «Notas Informativas: Análises do Setor da Saúde» que ainda revelam que a falta de acesso aos cuidados de saúde em Portugal é maioritariamente associada a razões de ordem financeira (25,6%), sendo particularmente problemática no acesso aos cuidados de saúde oral (29%) e saúde mental (28%). Cerca de 30% das pessoas não acederam a cuidados de saúde devido ao tempo de espera (acima da média europeia de 19%).
A análise elaborada por Pedro Pita Barros, no âmbito da Iniciativa para a Equidade Social, da Fundação “la Caixa”, BPI e Nova SBE, revela que quando analisado o total da população portuguesa, cerca de 6% reportou necessidades não satisfeitas no acesso a cuidados médicos. No caso da saúde mental estima-se que 3,7% da população europeia tenha tido necessidades não satisfeitas enquanto Portugal regista um valor superior, de 27,8%.
Acesso a medicamentos, consultas e exames
Relativamente aos dados do acesso a medicamentos, verifica-se que 9% da população não comprou todos os medicamentos que devia tendo 29% optado por reduzir a sua fatura através da escolha de medicamentos genéricos. Os custos das consultas, dos transportes e o receio de perder um dia de salário foram destacados pelos inquiridos como barreiras no acesso a cuidados de saúde.
De entre as barreiras não financeiras no acesso a cuidados de saúde, destaque para 9% da população portuguesa com consultas ou exames cancelados e cerca de 6% optou por não ir a uma consulta ou a um exame por receio de contágio com a COVID-19.
Segundo a Nota Informativa, e em conclusão, a análise dos diferentes indicadores, baseados nas Estatísticas Europeias sobre Rendimentos e Condições de Vida (EU-SILC), Inquérito de Saúde Europeu (EHIS) e Inquérito da Nova SBE sobre o Acesso a Cuidados de Saúde (IACS), coloca Portugal numa situação desfavorável face aos restantes países europeus.