A semanas do final do ano, e em jeito de projeção de um futuro que se quer próspero, a Líder lançou um novo repto a um grupo de jovens líderes da Comunidade Global Shapers com a pergunta: «Quais são as tuas causas?»
André Scripilliti Ribeiro, David Cruz e Silva, Gil Coelho, Inês Ayer, Isabel Lopes Cardoso, João Montenegro, José Ganicho, Leonor Jacob, Raquel Bilro e Rita Damasceno responderam com a sua visão e testemunhos daquilo pelo que lutam. As suas causas provocam uma cidadania mais ativa, comunidades mais informadas e em última instância um Mundo melhor.
A intenção é reunir causas de todo o espetro, sem barreiras. Os jovens da comunidade Global Shapers são designados pelo Fórum Económico Mundial, que conta com mais de 11 mil representantes, espalhados por 155 países.
Hoje partilhamos o primeiro testemunho de André Scripilliti Ribeiro, os seguintes serão publicados até ao final de dezembro.
Um Caminho para a Dignidade
Os últimos séculos da história da humanidade foram marcados por um nítido desenvolvimento. Contudo, devemos reconhecer que ainda restam desafios conjunturais e estruturais a serem solucionados. Por isso, garantir que todos tenham acesso a uma vida com dignidade é a causa maior em que acredito.
Entre os elementos centrais que nos podem levar a esse fim, gostaria de destacar três.
O primeiro diz respeito à luta contra as alterações climáticas. O impacto humano na natureza é nítido, algo claro tendo em conta a perda de biodiversidade e a ocorrência mais frequente de eventos ambientais extremos. Simultaneamente, ao afetar a vida de milhares de pessoas, principalmente aquelas em situação de vulnerabilidade, o aquecimento do planeta também gera retrocessos ao bem-estar da população.
Por isso, se desejamos manter a natureza e a humanidade em equilíbrio, a sustentabilidade é uma peça chave. Esse modelo deve abranger tanto a área pública quanto a privada, para que os sistemas produtivos estejam alinhados com a conservação dos recursos planetários. Além disso, também é crucial o envolvimento da população nesse processo, o que depende em parte do segundo tópico: a educação.
Assegurar um ensino de qualidade é um preceito básico em diversas nações, apesar de ainda existirem disparidades evidentes. Para formar cidadãos ativos e aperfeiçoar o capital humano, a educação precisa de extrapolar a sua base comum e envolver mais atividades que possibilitem o desenvolvimento crítico e social dos estudantes, fundamentais para as demandas da nossa sociedade.
Nesse sentido, acredito que devemos aprimorar algumas áreas da literacia, nomeadamente a financeira, a relativa à sustentabilidade e a política.
A primeira aperfeiçoa a forma como lidamos com o dinheiro, um meio universal e essencial para garantir a segurança de nosso presente e futuro. A segunda ensina-nos como utilizar e conservar os recursos de forma mais consciente, evitando o consumo excessivo e desperdícios. E a terceira é imprescindível para o bom funcionamento das democracias, pois possibilita um voto mais consciente, que reflete as necessidades dos cidadãos, enquanto os salvaguarda contra possíveis abusos de poder.
Além disso, vivemos num período de extremismos, em que se agravaram os episódios de intolerância. Consequentemente, desenvolver a nossa capacidade de inclusão passou a ser uma exigência dentro deste contexto. Isso inclui praticarmos constantemente a empatia, a escuta ativa e o acolhimento, além de agirmos diante de quaisquer casos de preconceito, de forma a criarmos condições para que todos estejam integrados. Afinal, enquanto não houver uma coerência e harmonia social, estaremos sujeitos à manutenção ou até à expansão das desigualdades já existentes.
Perante isto, é minha causa contribuir para a fomentação de esforços conjuntos em sustentabilidade, educação e inclusão, uma vez que representam um justo caminho para consolidar a dignidade, ampliando o equilíbrio e a resiliência das nossas comunidades.
Bio
André Scripilliti Ribeiro nasceu em São Paulo, Brasil. Atualmente, é estudante de Ciências Econômicas na Nova School of Business and Economics e extremamente interessado por Desenvolvimento Sustentável e Económico, Economia do Meio Ambiente, Economia Pública e Mudanças Climáticas. Em Lisboa, é Global Shaper desde 2023, a desenvolver um projeto de educação em sustentabilidade para jovens universitários.