O atual vice-presidente da Câmara Municipal de Cascais (CMC) é o candidato da coligação PSD-CDS às próximas eleições autárquicas a decorrer entre o final de setembro e início de outubro.
Nuno Piteira Lopes exerceu funções de Vereador Executivo na CMC entre 2011 e 2024 onde geriu as pastas de Planeamento Urbano, Finanças, Ambiente e Atividades Económicas. Foi Presidente da DNA Cascais e membro do conselho de administração da Associação de Turismo de Lisboa.
A aposta para suceder a Carlos Carreiras, que termina o terceiro mandato à frente da Autarquia, é sustentada por uma continuidade com uma visão renovada e de futuro. Em entrevista à Líder, Nuno Piteira Lopes toca nos pontos que estão na base da sua candidatura, e reforça que quer manter o trabalho feito até agora, mas iniciar um novo ciclo, com destaque para uma ‘terra aberta para o mundo, sem deixar ninguém para trás’.
O que o motivou a candidatar-se à presidência da Câmara Municipal de Cascais?
A minha maior motivação é a Geração Cascais. Esta é a terra onde cresci, sempre vivi, e que conheço em profundidade e à qual sempre dediquei a minha vida. Onde acompanhei o projeto que transformou Cascais, e porque acredito, que apesar de todo o trabalho que tem vindo a ser desenvolvido, há sempre mais para fazer. Acredito que posso liderar este novo ciclo com confiança, visão estratégica e sentido de missão, garantindo que Cascais continua a ser uma referência nacional e internacional em qualidade de vida, sustentabilidade e inovação.
Em declarações à comunicação social, refere que apesar de a sua candidatura não romper com o passado, há «uma visão renovada». Quais são os pontos dessa visão?
A minha candidatura não rompe com o passado porque acredito profundamente no trabalho que foi feito até aqui, um trabalho que mudou Cascais para melhor e que deve ser valorizado. Mas é também uma candidatura com uma visão renovada, ajustada aos desafios do presente e às expectativas das novas gerações. A minha visão assenta numa primeira grande prioridade: a habitação. Quero garantir que os jovens e as famílias continuam a conseguir viver em Cascais, com acesso a soluções dignas e acessíveis. Outro pilar fundamental será a mobilidade.
Precisamos de continuar a investir em transportes públicos eficientes e sustentáveis, e em redes de circulação que sirvam melhor as pessoas. Na área da saúde, o meu compromisso é reforçar a rede de cuidados de proximidade, garantir mais respostas e mais qualidade. A educação continua a ser um pilar. Queremos escolas modernas, com recursos, ligadas à inovação e ao futuro para ter os jovens mais bem preparados para o mundo do trabalho.
A solidariedade social também está no centro desta visão. Não deixamos ninguém para trás e temos de continuar a apoiar quem mais precisa, com respostas ainda mais humanas, ainda mais próximas, ainda mais eficazes. E ainda a segurança, pois apesar de vivermos num concelho onde a segurança tem sido uma referência, fruto de um trabalho conjunto com as forças de segurança, investimento em tecnologia e presença no terreno, queremos ir ainda mais longe.
Por isso pretendo reforçar a segurança de todos instalando câmaras de videovigilância nos espaços públicos, melhorar a iluminação urbana, especialmente em zonas mais sensíveis, e continuar a investir no reforço da Polícia Municipal, garantindo mais meios, formação e proximidade com os cidadãos.
Tudo isto com uma gestão rigorosa, transparente e com grande proximidade às pessoas.
Enquanto vice-presidente da Câmara de Cascais detém os pelouros do ambiente, reabilitação urbana e polícia municipal, entre outras áreas. Para quem venha a assumir estas responsabilidades, onde identifica os maiores desafios?
A experiência que tive enquanto vice-presidente, e responsável por diversas áreas, deu-me uma visão clara dos desafios que são exigentes, mas também cheios de potencial. E talvez o maior desafio seja o de conciliar desenvolvimento com sustentabilidade. Na área do ambiente, temos de continuar o caminho da neutralidade carbónica, na proteção da orla costeira e na transição energética, tudo isso exige políticas firmes, mas também pedagógicas.
Na reabilitação urbana, a prioridade é garantir que a regeneração do território respeita a identidade dos nossos bairros e valoriza o espaço público. Já na Polícia Municipal, o grande desafio é a modernização tecnológica e a resposta de proximidade, de forma a garantir que Cascais continua seguro, mas também humanizado.
Tudo isto exige visão integrada, capacidade de execução e forte envolvimento da comunidade. Por isso diria que o verdadeiro desafio, transversal a todas estas áreas, vai ser a capacidade de antecipar o futuro. Para isso é preciso ouvir as pessoas e integrar soluções inovadoras, sem nunca perder o foco na coesão social e no bem-estar das comunidades. Quem assumir estes pelouros vai encontrar trabalho feito, mas também uma responsabilidade grande de continuar a fazer bem e melhor.
Cascais e a zona do Estoril sempre tiveram a tradição de acolher uma comunidade de estrangeiros que aqui escolhem viver. Mas hoje assistisse a um aumento evidente dessa população residente, o que se reverte, entre outros, numa pressão urbanística. Onde se encontra o ponto de equilíbrio?
É verdade que Cascais, e em particular a zona do Estoril, sempre teve uma forte vocação internacional. Temos orgulho em ser uma terra que acolhe, que atrai pessoas de todo o mundo pela sua qualidade de vida, segurança e beleza natural. Essa tradição é parte da nossa identidade e continua a ser uma mais-valia para o concelho. No entanto, reconheço que o aumento significativo da população residente, sendo que Cascais tem 80% das nacionalidades do mundo, tem trazido desafios, especialmente ao nível da pressão urbanística e do aumento do preço da habitação. O ponto de equilíbrio está em saber crescer com inteligência, responsabilidade e justiça social. É o que temos feito. Temos de continuar a atrair investimento, sim, mas com regras claras e uma visão estratégica que defenda o interesse dos residentes de quem cá vive há décadas e de quem cá quer construir a sua vida.
Isso significa apostar fortemente na habitação pública e acessível, sobretudo para os jovens e para as famílias de classe média. Controlar e qualificar o crescimento urbano, através de planos rigorosos, que valorizem a identidade dos bairros e respeitem a capacidade de carga do território. Impor critérios de sustentabilidade na construção, para que o crescimento não comprometa o ambiente nem a qualidade de vida. E, garantir que os benefícios da procura internacional revertem a favor da comunidade local, através de investimento em infraestruturas, serviços públicos e programas sociais.
O equilíbrio, no fundo, está em sabermos ser uma terra aberta ao mundo, sem deixar ninguém para trás. Cascais pode, e deve, continuar a ser um exemplo de convivência entre modernidade, diversidade e coesão social.
Esse é o compromisso que levo comigo.
Cascais precisa da nova geração que tem enfrentado dificuldades no acesso à habitação. Que propostas tem para colmatar este problema?
Sem dúvida! Este é um dos grandes desafios do nosso tempo e uma prioridade absoluta para mim e para o futuro de Cascais.
Estamos já a criar condições para que os nossos jovens possam viver no concelho onde nasceram, estudaram, trabalham ou querem formar família e ficar perto da sua família.
E para isso, temos de enfrentar o problema da habitação com medidas concretas, corajosas e eficazes.
O objetivo é avançar com mais projetos de construção e reabilitação de fogos municipais, destinados sobretudo a jovens, classe média e média baixa. Queremos também reforçar programas de apoio ao arrendamento e recuperar o edificado existente, bem como simplificar e agilizar os licenciamentos sem perder o rigor técnico. Este é um compromisso que levo muito a sério: ninguém pode ser forçado a sair de Cascais por não conseguir pagar uma casa. A nova geração é essencial para o futuro do concelho, e temos a obrigação de criar soluções para que aqui possa viver, daí estarmos a construir 3500 novas soluções de habitação pública municipal.
Quanto ao investimento e dinamização da economia local pode partilhar algumas medidas de apoio ao comércio e pequenos empresários?
Claro. O comércio local e os pequenos empresários são a alma da economia de Cascais. Geram emprego, criam identidade nos bairros e são fundamentais para a coesão social e o dinamismo das nossas comunidades. Apoiar quem cria valor localmente é uma prioridade clara da minha candidatura. E o meu compromisso é estar ao lado de quem trabalha, investe e acredita em Cascais. Cascais está no top cinco nacional do número de empresas per capita, de acordo com o estudo da marktest, contamos com muitas pequenas empresas, algumas médias, mas também grandes empresas. Por isso o sucesso da nossa economia local depende de termos um tecido empresarial forte, valorizado e preparado para o futuro — e é nisso que vamos investir com determinação.
Algumas das medidas que pretendo implementar passam por: redução de burocracia e simplificação de processos; apoios financeiros e incentivos ao investimento; criação de zonas comerciais com identidade própria; promoção e valorização do produto local; apoio ao empreendedorismo jovem e parcerias entre comércio, cultura e turismo.
Que papel dá à cultura na política autárquica?
A cultura, para mim, não é um complemento é uma dimensão central da política autárquica. É através da cultura que promovemos identidade, coesão social, criatividade e até desenvolvimento económico. Uma comunidade com vida cultural ativa é uma comunidade mais viva, mais crítica, mais participativa e mais feliz. Em Cascais, temos tido um percurso sólido nessa área, com investimento em equipamentos culturais, festivais, programação regular e apoio aos agentes locais. Mas acredito que podemos e devemos ir mais longe, porque a cultura é parte essencial do que somos, e será sempre prioridade. É por isso que vamos construir um grande equipamento cultural municipal multiusos, em São Domingos de Rana, que também vai dar resposta a todos os desafios na área da cultura.
Da sua experiência na atividade autárquica e de conhecimento do território, o que, na sua perspetiva, ainda é preciso fazer em Cascais?
Tenho o privilégio de servir Cascais há muitos anos e, nesse percurso, aprendi que um território nunca está verdadeiramente ‘concluído’. Cascais é uma terra vibrante, com uma identidade muito própria, onde tradição e modernidade coexistem de forma única. Mas é precisamente por isso que não podemos parar. Há ainda muito por fazer. Precisamos continuar a investir na habitação pública acessível, sobretudo para os nossos jovens e famílias que querem viver e trabalhar em Cascais. A coesão social é um dos grandes desafios da próxima década, seja nos bairros de habitação publica municipal, nos centros históricos ou nas zonas mais periféricas — é um compromisso que assumo com firmeza. Ter um território uno e coeso.
Outro eixo fundamental é a mobilidade. Fizemos avanços importantes, mas temos de consolidar um sistema verdadeiramente integrado, sustentável e inclusivo, que responda aos desafios ambientais e à qualidade de vida de quem cá vive, trabalha e estuda. Temos também de reforçar a aposta na educação, na cultura e na inovação. Cascais tem de ser um território de oportunidades, onde as empresas encontram talento, onde os jovens encontram futuro e são respeitados e cuidados. A proximidade com as pessoas, ouvir as suas preocupações e responder com ação é, para mim, a base de uma governação responsável.
Que mensagem gostaria de deixar aos eleitores?
A minha mensagem é simples: estou convosco, conheço Cascais como poucos, e estou preparado para liderar este próximo ciclo com responsabilidade, dedicação e visão. Durante todos estes anos ao serviço da Câmara Municipal, estive sempre próximo das pessoas, das freguesias, das instituições e das empresas. Sei quais são os desafios que enfrentamos, mas também conheço bem o potencial que temos. Contem comigo. Tal como eu conto com cada um de vós para fazer de Cascais um concelho cada vez mais forte, solidário e preparado para o futuro. Porque queremos que Cascais seja para toda a vida.
Créditos de imagem: Herman da Cunha