Ser um líder já não se define apenas por competências técnicas, mas sobretudo pela capacidade de mobilizar pessoas, criar culturas inclusivas e alinhar talento com propósito. Para encontrar estes perfis, é essencial incorporar um ‘olho clínico’ desde o momento do recrutamento. A área de Executive Search surge neste contexto, marcado por transformações organizacionais que permitem redefinir o processo de recrutamento para cargos de topo. Ao escolher melhor os líderes, teremos as melhores lideranças nas organizações.
É esta a premissa que defende Pedro Duarte Santos, Principal Search & Talent Advisory da Neves de Almeida – Search & Talent Advisory, na certeza de que um recrutamento personalizado e adaptado a perfis de excelência é, mais do que uma escolha, a chave para a liderança do futuro.
Como tem evoluído a exigência sobre os líderes e que perfis de liderança são hoje mais procurados?
A exigência sobre os líderes tem vindo a aumentar significativamente, não apenas em termos de competências técnicas, mas sobretudo na vertente comportamental e de impacto organizacional. Hoje, procuram-se líderes com forte inteligência emocional, agilidade adaptativa, visão estratégica e capacidade para liderar em ambientes de constante mudança.
Perfis com experiência multicultural, sensibilidade para temas ESG e uma abordagem centrada em pessoas são altamente valorizados. A liderança inclusiva, colaborativa e orientada para o propósito tornou-se um fator decisivo. As multinacionais já têm estas exigências bem definidas e sinto que as empresas portuguesas estão cada vez mais a adotar esta visão.
Talento e propósito devem estar alinhados em cargos de topo. De que forma avaliam o perfil dos candidatos para garantir estes atributos?
Recorremos a metodologias de avaliação integradas que cruzam entrevistas estruturadas, avaliação de competências e análise de motivadores individuais. Investigamos o percurso e decisões-chave dos candidatos para perceber o seu sentido de propósito, valores e estilo de liderança. Procuramos compreender o ‘porquê’ de cada candidato, e não apenas o ‘quê’ e ‘como’. Esta abordagem garante maior compatibilidade entre o propósito individual e o da empresa.
Quais são as principais dificuldades que as empresas enfrentam ao conciliar liderança e alta performance?
Diria que as dificuldades residem em equilibrar a pressão por resultados imediatos com a necessidade de criar ambientes saudáveis e sustentáveis. Muitas vezes, há líderes tecnicamente competentes, mas com dificuldade em gerir equipas de forma inspiradora – não estivéssemos nós a viver a era dos influencers!
A falta de tempo para refletir estrategicamente, os silos organizacionais e a resistência à mudança são também desafios frequentes. Um bom Executive Search ajuda a mitigar estes riscos, encontrando líderes com visão sistémica e capacidade de execução.
Na sua visão, qual é a importância e benefícios de uma abordagem consultiva e personalizada no Executive Search?
Uma abordagem consultiva e personalizada permite alinhar profundamente as necessidades estratégicas do cliente com o perfil do líder ideal. Mais do que preencher uma função, procuramos compreender o contexto da organização, a sua cultura, o momento de transformação e os desafios de médio/longo prazo. Isto permite-nos propor candidatos não apenas com um bom fit técnico, mas com verdadeira capacidade de gerar impacto e de evoluir com a organização. Até porque os potenciais candidatos também estão mais exigentes, num primeiro contacto, sobre todas estas matérias.
Em que medida é que esta abordagem é diferenciadora no processo de recrutamento de líderes?
Num mercado em que existem várias empresas de Executive Search, a diferenciação está na capacidade de gerar valor acrescentado desde o primeiro contacto. O nosso modelo baseia-se em escuta ativa, diagnóstico aprofundado e acompanhamento contínuo. Esta abordagem permite antever riscos de integração, acelerar o tempo até à performance e garantir a sustentabilidade da liderança colocada. É uma metodologia que combina ciência, experiência e proximidade.
Como é que a cultura organizacional influencia a eficácia das lideranças? Como devem os líderes fortalecer essa cultura?
A cultura organizacional é o tecido invisível que sustenta a ação dos líderes. Quando existe alinhamento entre os valores pessoais do líder e os da organização, há maior autenticidade e coerência, o que potencia o engagement das equipas.
Os líderes devem ser o exemplo da cultura, agindo com consistência, reforçando comportamentos desejáveis e sendo exemplos vivos dos princípios da empresa. A cultura não se decreta — constrói-se todos os dias.
De que forma se tem adaptado a Neves de Almeida às oportunidades e desafios do setor de Executive Search?
Temos apostado em ferramentas de análise comportamental e em metodologias ágeis de entrega, desenvolvidas juntamente com a nossa equipa de Assessment. Simultaneamente, reforçámos cada vez mais a personalização do nosso serviço, com maior foco na consultoria estratégica e no acompanhamento pós-colocação. A nossa equipa multidisciplinar, quer da gestão do cliente, quer do candidato, permite conhecer bem o tecido empresarial português e permite-nos antecipar tendências e atuar como parceiros de confiança para os nossos clientes.
Este artigo foi publicado na edição nº 31 da revista Líder, cujo tema é ‘Decidir’. Subscreva a Revista Líder aqui.