Hoje é a última sexta-feira do verão. É verdade, o outono faz-se anunciar já neste domingo, dia 22, altura do seu equinócio, e em que algumas pessoas passam por uma sensação de ‘tristeza’ pelo fim do verão. O sentimento de ‘end of summer blues’ é referido por investigadores e reforçado nas redes sociais, um pouco por toda a parte.
Há razões biológicas, psicológicas e sociais para essa mudança de humor sazonal. A luz do dia começa a diminuir e a temperatura baixa, o corpo produz menos serotonina, um neurotransmissor associado ao controlo do humor e à sensação de bem-estar, e os níveis de melatonina, também associados ao humor, flutuam.
A Time explica que embora estas emoções sejam naturais, não estão fora do nosso controlo. Com o contributo da psicóloga e biológica Mary Poffenroth, autora de Brave New You: strategies, tools, and neurohacks to live more courageously every day, a revista partilha sete formas de ultrapassar este estado emocional sazonal.
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Entusiasme-se por começar um novo capítulo
A maneira mais eficaz de combater a depressão de fim de verão é encontrar um significado e entusiasmo para o que vai viver. É importante criar um sentido de propósito, identificar e viver de acordo com os seus valores, como a família, a criatividade e a aventura.
«Estes são elementos que guardamos perto do nosso coração e variam de pessoa para pessoa. Fazer coisas que são importantes para nós melhora o humor, a motivação e a persistência», refere Mary Poffenroth. Este mindset pode ser fomentado com o começo de um novo hobby ou ao dedicar tempo àquilo que descobriu que gostava durante o verão. Uma maneira fácil de implementar esta estratégia é começar a planear.
Procure a luz natural
A exposição à luz natural, especialmente de manhã, pode ajudar a reduzir a produção da hormona indutora do sono, a melatonina, e aumentar a produção de serotonina, que melhora o humor. Essa mudança no equilíbrio hormonal pode fazê-lo sentir-se melhor, mais alerta e melhorar a saúde geral. A luz solar é também a principal fonte de vitamina D do corpo, que está associada ao controlo do humor e à prevenção de sintomas depressivos.
Um pouco já faz diferença: basta caminhar alguns minutos de manhã. O horário ideal para estar à luz direta do sol é entre as 10h e as 13h, pois o corpo pode criar vitamina D suficiente durante essas horas com menos risco para a pele. Outra opção é reorganizar o espaço de trabalho, se o faz remotamente, para que a secretária fique perto de uma janela.
Gira a sua ansiedade
A ansiedade tende a surgir quando percebemos que há um “novo começo” no horizonte. É útil dividir as tarefas e criar um horário que seja gerível. Lembre-se que muitas decisões não são permanentes. Muitas vezes, o nosso cérebro diz-nos que uma situação é definitiva, mas quando somos capazes de nos afastar e olhar com distanciamento, percebemos que isso não é necessariamente verdade.
Abrace o poder da brincadeira
Ser um adulto ‘brincalhão’ não significa necessariamente fazer coisas como uma criança. A chave é encontrar maneiras de tornar as tarefas aborrecidas mais divertidas e interessantes, o que ativa o centro de recompensas do cérebro. A dopamina, o neurotransmissor do “bem-estar”, é muito importante para a motivação, o prazer e o reforço positivo. Participar em workshops criativos, como marcenaria ou cerâmica, para induzir um estado de fluxo, ou experimentar atividades ao ar livre, como passeio de bicicleta ou caminhadas.
Definir novos objetivos
Não há nada como a época do regresso às aulas para se concentrar num objetivo pessoal significativo. Segundo a psicóloga, definir novos objetivos desafiantes é uma excelente maneira de superar a depressão de fim de verão porque desvia a sua atenção e energia para coisas boas que vão acontecer no futuro. Os melhores objetivos devem tirá-lo um pouco da sua zona de conforto para fomentar o crescimento pessoal. Escolha algo que seja tanto difícil de alcançar quanto prático. Objetivos demasiado fáceis podem não ser suficientemente desafiantes, enquanto objetivos demasiado difíceis podem fazer com que desista.
Esqueça o “sunshine guilt”
A expressão sunshine guilt diz respeito aos remorsos ou sentimentos de censura por ficar em casa e não aproveitar ao máximo o clima ensolarado e agradável. À medida que o verão termina as pessoas tendem a estar mais cientes da passagem do tempo, dizem os cientistas sociais. Esta consciência é muitas vezes provocada por mudanças no ambiente, como dias mais curtos, folhas a mudar de cor e a cair, e mudanças de temperatura. Estes sinais externos ativam os sistemas de processamento temporal no nosso cérebro, o que nos torna mais conscientes de como o tempo passa rapidamente. «À medida que o verão termina, podemos sentir-nos pressionados para aproveitar o tempo restante, o que pode gerar ansiedade e culpa se acharmos que não tirámos o máximo proveito da estação», afirma Mary Poffenroth. Pensar ‘deveria viajar no verão’ ou ‘deveria dar um passeio neste dia bonito’ não levam necessariamente a fazer essas coisas e estão apenas relacionados com sentimentos de culpa. Este ‘guião negativo’ não faz nada para além de criar uma sensação mais profunda de tristeza e impotência. Em vez disso, pergunte se realmente queria fazer aquela coisa
Abra mão do controlo
Não pode controlar tudo o que acontece na sua vida e se vai tentar micromanipular todos os detalhes, vai “enlouquecer”. Em vez de lutar contra a realidade, reconheça que uma transição está a chegar e que as mudanças na sua vida e na rotina vão acontecer naturalmente. «Sente-se no banco de trás, observe as emoções e pensamentos que está a ter e trate essas experiências com compaixão e aceitação», adverte. Práticas de mindfulness, como exercícios de respiração, meditação e ioga, podem ajudar a promover uma sensação de paz. Ou então, conectar-se com um amigo (por telefone, e-mail ou presencialmente) ou fazer uma caminhada pode, de forma semelhante, ajudá-lo a reajustar a sua perspetiva.