O estudo Self-Disruptive Leader (Korn Ferry) revela que apenas 15% dos executivos possuem as competências necessárias para liderar num cenário de constante transformação e elevada competitividade. Hoje, mais do que nunca, visão com propósito, fluência tecnológica e capacidade de conexão com as novas gerações tornaram-se atributos indispensáveis para liderar e garantir o sucesso coletivo.
Proponho explorar três eixos de desenvolvimento da liderança moderna: o papel estratégico da tecnologia e da Inteligência Artificial (IA), a renovação dos modelos de gestão e a valorização do talento e da cultura, através do propósito.
Comecemos pela tecnologia. Apesar do entusiasmo que hoje se vive, é importante reconhecer que a IA resulta de evolução contínua, sobretudo desde a década de 1950. Estamos perante uma maturidade tecnológica com três quartos de século, impulsionada pela abundância de dados, sofisticação algorítmica e capacidade de processamento, que desafiam a centralização do conhecimento e reconfiguram o papel das competências técnicas tradicionais do líder.
Compreender o impacto da tecnologia e de quem a domina, e saber integrá-la estrategicamente no quotidiano organizacional, tornou-se essencial. As soft skills ganham protagonismo, afirmando-se como competências-chave complementares para uma liderança mais adaptável, empática e eficaz.
A liderança contemporânea, que continua a apoiar-se frequentemente em modelos clássicos de gestão, deve incorporar colaboração, ética, inclusão, propósito e impacto, oferecendo autonomia e descentralização, e promovendo ambientes mais ágeis e participativos. Já não há espaço para estilos baseados em command and control, em parte porque as novas gerações não se identificam com esta abordagem.
A Geração Z, nativa digital, que está a entrar no mercado, valoriza autenticidade, coerência e, acima de tudo, propósito. Cresceu num mundo hiperconectado, com acesso imediato e ilimitado à informação, elevada literacia tecnológica e uma relação mais informal com as instituições. Para estas pessoas, o respeito não advém do cargo, mas da capacidade de inspirar, representar e gerar valor real.
Espera-se que o novo líder seja alguém que constrói contextos, ativa capacidades e promove a co-criação. Liderar o futuro é menos sobre controlar e mais sobre orquestrar, com visão, tecnologia e humanidade. É saber ouvir, compreender e mobilizar com propósito, projeção e fluência digital. O líder e a tecnologia são aliados estratégicos, definindo o ritmo, a relevância e a capacidade de transformação das organizações. As empresas valem mais do que os seus resultados. Valem o que investidores e mercado acreditarem que será o seu futuro.
Certo, certo… é que a tecnologia fará parte dele.
Este artigo foi publicado na edição nº 31 da revista Líder, cujo tema é ‘Decidir’. Subscreva a Revista Líder aqui.
